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ONDE TEMOS ERRADO?

Julio Zampareti Fernandes

Quando tratamos de escatologia (estudo das últimas coisas) sempre somos remetidos, ao menos tentados, a pensar em coisas que estão por vir e que estão fora de nossa realidade. A expressão “últimos dias” tem levado muitos a excluir do conceito escatológico os dias atuais, bem como os dias passados.

Nesse ínterim, muitas profecias referentes à primeira vinda de Cristo são conotadas, erroneamente, à sua segunda vinda, contando-se que toda transformação a ser executada nessa terra se dará por conta pessoal de Cristo, que virá, supõe-se, trazendo transformação instantânea de todo mal em benesse. O problema disso é que, com esse pensamento, a igreja se exime da responsabilidade de promover a salvação deste mundo, função que lhe é claramente atribuída pelas Escrituras Sagradas e especialmente por ninguém menos que o próprio Senhor Jesus. Muito se fala em salvação individual e o que as igrejas, em sua maioria, tem feito é “guiar” os fiéis aos crivos que lhe garantam um pedaço do céu e, claro, regalias na terra.

Com isso, a religiosidade mesquinha de nossos dias tem conduzido as pessoas a cada vez mais se preocuparem unicamente com seus próprios problemas, esquecendo-se dos problemas sociais, ambientais e culturais, isolando-se de tudo que de fato iluminaria a terra. Quando as igrejas manifestam alguma preocupação do tipo, o fazem pensando em impor sua cultura. Trata-se, na verdade, de um ato muito mais proselitista do que caridoso, pois o que fazem, fazem sem acreditar que o mundo possa ser transformado, senão por uma intervenção extraordinária, milagrosa e pessoal de Cristo, em razão de sua volta.

O que, de forma geral, tem se esquecido, ou não se quer crer, é que as transformações propostas nas páginas sagradas não dizem respeito a um futuro distante, mas sim a um passado presente; que os últimos dias descritos na Bíblia reportam-se à última aliança de Deus com os homens; e que tal aliança já se deu há dois mil anos, por meio de Cristo. Esta aliança é última porque é eterna e é a partir dela que todas as coisas são transformadas.

Deus não realizará a obra que destinou os homens a fazê-la. O tempo profetizado por Isaías, de dias sem choro, sem dor, em que cegos veriam, mudos falariam e coxos saltariam não diz respeito a uma nova aliança por vir, mas a nova aliança que veio. Quando Jesus mandou dizer a João Batista que os cegos enxergavam, os mudos falavam e até os mortos ressuscitavam, Jesus trouxe ao seu tempo presente a promessa que Isaías fizera ao futuro. Portanto, Cristo fez o futuro presente.

Para nós, não nos cabe crer que o futuro nos reserva o melhor, mas que o melhor está oculto no presente a espreita de que o revelemos. Se ainda choramos e sofremos em meio a maldade humana, possivelmente ainda não descobrimos o poder da mensagem de Cristo. Talvez tenhamos andado em direção errada, tão preocupados com os dogmas, as exegeses e as regras de hermenêutica; brigando, discutindo e criando cismas em função das concepções escatológicas, eclesiológicas e cristológicas, enquanto tudo o que Jesus ensinou foi amar. Que fruto haverá das orações por paz no mundo se nem entre os que oram existe paz? Atrevo a dizer que se soubéssemos amar não precisaríamos da Bíblia. Em contraponto, a mesma Bíblia que compila a maior história de amor que a humanidade pode ter conhecimento, é motivo de discórdia e desamor entre os que a divulgam. Alguma coisa está muito errada!

Segundo Isaías, no “caminho de santidade”, ímpios não entrariam, mas até tolos trilhariam por ele sem errar. Como então tantos teólogos, mestres, lideres religiosos e nós que somos tão sabidos temos errado tanto?

Se eu lhe parecer tolo, já nem me importo. Mas pela primeira vez em minha vida reescreverei a frase de Martinho Lutero que até aqui tanto defendi e a utilizei em palestras, estudos e homilias.

Frase original: "Fiz uma aliança com Deus: que Ele não me mande visões, nem sonhos nem mesmo anjos. Estou satisfeito com o dom das Escrituras Sagradas, que me dão instrução abundante e tudo o que preciso conhecer tanto para esta vida, como para o que há de vir."

Frase reescrita: Fiz uma aliança com Deus: que Ele não me mande visões, nem sonhos nem mesmo anjos. Estou satisfeito com o dom do amor, que me da instrução abundante e tudo o que preciso conhecer tanto para esta vida, como para o que há de vir. Pois sem amor, que serventia tem as Escrituras Sagradas e todo conhecimento que ao homem possa ser dado? Tanto um quanto outro, certamente, servirão ao mal!

Se eu estiver pecando nesse meu critério, que assim seja, pois prefiro pecar por amor, a “acertar” sem amar. “Porque o amor cobre multidão de pecados” (I Pedro 4.8b).


Julio Zampareti Fernandes é pastor episcopal em Santa Catarina e é amigo do Genizah
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  1. "Para nós, não nos cabe crer que o futuro nos reserva o melhor, mas que o melhor está oculto no presente a espreita de que o revelemos. Se ainda choramos e sofremos em meio a maldade humana, possivelmente ainda não descobrimos o poder da mensagem de Cristo."

    Entendo que a intenção foi boa, mas discordo. São os cristãos bem-aventurados: "...os que choram, porque serão consolados". Esse choro é relativo ao pecado da humanidade. O poder da mensagem de Cristo é nos tornar novas criaturas e nos prover Esperança à espera da vinda do Reino, na Eternidade com Deus. Este Reino já tem início ao nascermos de novo, aqui em vida, porém “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam.”

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  2. sabias palavras, principalmente a parte do que diz respeito ao proselitismo da igreja atual, quando deveria ser amor a resolucao de tudo.

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  3. Onde temos errado ???
    NA avareza, na má-fé, no apego sórdido ao dinheiro, nas dinastias familiares eclesiásticas,no amor torpe ao dinheiro!!!!
    Pregando o dízimo do inferno ,não o de Deus,que era repartido entre levitas,orfãos ,viuvas e peregrinos,e também comido pelo próprio dizimista(tudo que sua alma desejasse).Eu passei 18 anos pensando que o gafanhoto era o Devorador,mas quando cresci descobri que as Igrejas Evangélicas é que são os verdadeiros devoradores de dízimos!!! Estes Demônios constroem verdadeiros castelos nababescos,com microfones japoneses de 1.500 dólares, granitos,gabinetes opulentos,e dão cestas básicas de 30,00 reais para as viuvas,corja de demônios,e ainda se acham
    ministros de Deus!???? verdadeiros avatares de Satanás, constroem congregações para expandir sua megalomania demoníaca, para sorver dinheiro;gostam de serem chamados de abnegados servos de Deus, mas são servos de Mamon,incapazes de pregar a verdade;pois seus castelos denominacionais,com catedrais,prédios,lotes,sítios,escolas teológicas,rádios,canais de tv,editoras,etc,etc, ruiria com a verdade do evangelho, então pregam a tradição humana,carnal e demoníaca!!!
    Estes ministros de Satanás, dizem que pregam a graça,mas vão lá na lei de Moises se apropiar do dízimo,e depois de adulterá-lo sordidamente,colocam o julgo da lei do Dízimo sobre as costas de suas ovelhas,pois são incapazes de viver a verdadeira graça que diz :cada um oferte conforme propôs em seu coração!!!
    Mas aí,vai diminuir a arrecadação,e o reino de Mamon,não pode ser prejudicado,antes precisa ser estabelecido!!!
    Márcio

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  4. UFAA!
    Até que enfim, alguém, além de Ricardo Gondim, Ed Rene e outras vozes dissonante mais conhecidas, aparece para dizer isto.
    Aleluia, ainda há esperança!

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  5. Querido irmão,

    Não entendi o ponto de vista fundamental deste texto, então já vivemos a plenitude do Reino de Deus? Jesus não voltará mais? Este é um ponto de vista bíblico?

    É impressão minha, ou o irmão que escreveu esse texto adota uma posição teológica bem clara quanto à escatologia (ou falta dela) e critica pessoas que possuem uma posição diferente, tudo isso dizendo que é um erro criticar.

    Ora, se é um erro criticar, e devemos apenas andar em amor, sem se preocupar com a teologia, acho difícil entender como o irmão chegou a este ponto de vista sem recorrer à teologia e a uma atitude reflexiva e crítica acerca do texto bíblico e da sociedade atual.

    Da mesma forma não consigo entender porque o irmão se dá ao trabalho de publicar um texto em um blog, estabelecendo sua reflexão como verdadeira e as demais como erradas, se devemos apenas andar em amor, deixando de lado esses dogmas, exegeses, regras de hermenêutica etc.

    Só eu acho estranho o irmão querer estabelecer um dogma de que devemos eliminar dogmas? Atacar a exegese e hermenêutica valendo-se de seus próprio meios de interpretação, inclusive validando-os acima de destes métodos citados? Criticar a discussão acerca de concepções escatológicas, eclesiológicas e cristológicas, divulgando um texto em um blog tentando estabelecer suas próprias concepções?

    Nesses momentos vale lembrar:

    "Como você pode dizer ao seu irmão: ‘Irmão, deixe-me tirar o cisco do seu olho’, se você mesmo não consegue ver a viga que está em seu próprio olho? Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão." Lucas 6.42

    Sobre o estabelecimento pleno do Reino eu prefiro ficar com o Senhor Jesus e o Apóstolo Paulo:

    "Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim. Na casa de meu Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar. E se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver." João 14.1-3

    "Se não há ressurreição dos mortos, então nem mesmo Cristo ressuscitou; e, se Cristo não ressuscitou, é inútil a nossa pregação, como também é inútil a fé que vocês têm. Mais que isso, seremos considerados falsas testemunhas de Deus, pois contra ele testemunhamos que ressuscitou a Cristo dentre os mortos. Mas se de fato os mortos não ressuscitam, ele também não ressuscitou a Cristo. Pois, se os mortos não ressuscitam, nem mesmo Cristo ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, inútil é a fé que vocês têm, e ainda estão em seus pecados. Neste caso, também os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se é somente para esta vida que temos esperança em Cristo, dentre todos os homens somos os mais dignos de compaixão. Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo as primícias dentre aqueles que dormiram. Visto que a morte veio por meio de um só homem, também a ressurreição dos mortos veio por meio de um só homem. Pois da mesma forma como em Adão todos morrem, em Cristo todos serão vivificados. Mas cada um por sua vez: Cristo, o primeiro; depois, quando ele vier, os que lhe pertencem. Então virá o fim, quando ele entregar o Reino a Deus, o Pai, depois de ter destruído todo domínio, autoridade e poder. Pois é necessário que ele reine até que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte." 1 Corintios 15.13-26

    Que bela e grandiosa esperança, é pela graça e pelo Espírito de Deus que devemos frutificar nessa terra, andar e perseverar em amor a Deus e ao próximo (amigos e inimigos). Maranata! Vem Senhor Jesus!

    A graça e a paz de nosso da parte de Deus e de nosso Senhor Jesus Cristo,
    Ronaldo

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