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Uma Mulher de 40 é igual a duas de 20

Carlos Moreira

Como pastor tenho aconselhado muitos casais em crises conjugais e, não raro, em processos de separação, alguns dos quais litigiosos, outros, mais raramente, amigáveis.

É triste ver uma família se desfazer, implodir, ruir perante os olhos perplexos, sobretudo, dos filhos, que quanto mais novos mais sofrerão as conseqüências do litígio. Como bem disse o Caio Fábio – e ele têm autoridade no tema, não só pelo que viu, mas também pelo que sofreu – separação é uma amputação, algo que se faz quando a conjugalidade atingiu um grau onde a convivência se tornou insalubre, ou seja, viver junto produz morte e não vida. Aí, ou corta a parte “gangrenada”, ou o corpo todo morrerá por septicemia.    

Existem muitas relações que já estão em estado de putrefação. Elas “fedem” em meio a mentiras, disfarces, subterfúgios, e toda sorte de arranjo existencial quando se tenta, sabe-se lá porque, salvar o que é irremediavelmente irrecuperável. Às vezes é por causa do patrimônio, outras por conta dos filhos, outras por que ambos já possuem vidas duplas, há também os casos em que a coisa é pura safadeza mesmo. E por aí vai... Como disse um colega, “desgraça pouca é bobagem”.  

Não sou fundamentalista. Aprendi que a misericórdia de Deus vai além de meus juízos humanos e minhas exegeses de 3ª categoria de textos bíblicos complexos. Já deixei a muito tempo de “esfregar” na cara das pessoas coisas do tipo “o que Deus uniu não o separe o homem”. Minha hipocrisia já não dá para tanto... E isto por um motivo muito simples: tem coisas que Deus não uniu! E mais... Creio firmemente que alguém que vem a Cristo tem a chance de reescrever a própria história. Se for um escravo, poderá ser liberto; se sua liberdade representa dessignificação existencial, poderá tornar-se escravo da lei do amor e da graça. Em síntese, quem conhece a “Verdade” é liberto de todas as suas mazelas e inquietudes. O mais, é doutrina barata de “igreja”...

Mas, voltando ao gabinete pastoral, tenho observado um fenômeno social curioso, e isto não apenas no meio “evangélico”. Homens de meia idade separando-se de suas esposas, quase sempre de idade próxima, e assumindo relações com mulheres bem mais novas. Sei que o oposto também acontece com frequência, mas esse não é o tema deste artigo. Recentemente, conversando com um colega, ele me disse: “pastor, troquei minha mulher de 40 por uma de 20. Aí eu perguntei: “e como está agora? ”. Ele me respondeu com uma melodia conhecida dos Beatles: “Love, Love, Love... All you need is Love”.   

Nas minhas pesquisas mais aprofundadas, quando converso com a “macharada” mais a sério, o que ouço é que mulheres de 20 anos são extraordinárias. Em primeiro lugar, elas são facilmente manipuladas por homens mais maduros, sobretudo se houver um cartão de crédito e um carro bacana. Em segundo lugar porque fazem sexo como ninguém, estão ávidas por noites ardentes, e são capazes até de “ressuscitar mortos”, segundo um me comentou. Além do mais, elas não exigem grandes demandas relacionais, não querem fazer “DR” todo dia, e não tem muito assunto para conversar, quando muito, papo de faculdade. Assim, o tempo é gasto mesmo com festa, sexo, sexo, festa, festa, sexo e, para variar um pouco, sexo e festa.

Como todos sabem, sou avesso a generalizações. O que trago aqui é apenas a observação de conversas pastorais e a percepção sobre o que vem acontecendo na sociedade como um todo. Nem estou dizendo que todo homem de meia idade quer ninfetas para se relacionar, nem tão pouco que mulheres de 20 ou 25 anos são fúteis, frívolas, ou esvaziados de conteúdos. Sei que existe muita gente boa por aí, gente que gostaria muito de encontrar o seu “sapato velho”, que aquece o frio e, para tal, basta você o calçar...

Fato é que a banalização das relações afetivas chegou ao seu limite. Homens e mulheres relacionam-se hoje sem que haja, por vezes, qualquer tipo de sentimento envolvido. É apenas sexo pelo sexo. Como diria o poetinha, numa das poucas frases dele que não concordo: “é melhor está mal acompanhado do que só”. É o que eu chamo de “tirania do viver a dois”, ou seja, tantos são os preconceitos e as questões que envolvem estar sozinha(o) que a “moçada” acaba “pegando” qualquer coisa apenas para não aparecer só num barzinho, num casamento, num clube, num aniversário de criança, e por aí vai. É o típico caso de dois que jamais poderão ser um...

Garotas de 20, 25 anos são fantásticas para viver com homens da mesma idade, envoltos nos mesmos dilemas, partícipes dos mesmos dramas, contradições e desafios. Há exceções, é óbvio, mas devemos tratá-las como tal... "Meninas de 20" possuem linguagem comum com a "thurma" da mesma idade, gostos semelhantes, programas, desafios, prioridades, coisas que os quarentões já viveram e não querem ter de encarar novamente. Também quero deixar claro que não estou afirmando que não existam mulheres novas com cabeças maduras, mas essa exceção, estatisticamente e, covenhamos, é muito baixa.

Por outro lado, mulheres de 40 anos ou mais são fascinantes! Eu tiro pela minha, que quanto mais velha fica, vai se tornando melhor. Acho que ela aos 80 estará no auge da forma, e eu serei um velho cheio de rabugices... Mulheres na faixa dos 40 ou mais são mais sofridas, são mais vividas, são mais “espertas”. Elas já andaram bastante e sabem o que querem. Dificilmente você as verá colocando “remendo novo em vestido velho”, ou seja, estou cansado de ouvir: “pastor, o “mercado” está muito ruim, prefiro ficar só”. E eu retruco: “melhor só que pessimamente acompanhada”.

Mulheres de 40 são fascinantes porque tem conteúdo, porque dá para tomar um vinho e conversar sobre dimensões da vida que as de 20 ainda não viveram. Elas transitam bem em todos os temas, desde política, passando por cultura geral, religião, filosofia, cinema, etc. Já notei que mulheres de 40 gostam muito de ler, gostam de ver filmes, gostam de teatro, gostam de museus. Elas já estão em outra fase da vida, onde a plasticidade neurótica das academias de ginástica foi substituída por um bom programa com uma pessoa que valha a pena sentar na mesa e conversar, ou por uma tarde no parque, ou por um cineminha básico.

O sábio do Eclesiastes me ensinou que tudo na vida tem o seu tempo. Acho o texto perfeito. Se pudesse fazer um pequeno retoque, incluiria apenas: “tempo de namorar mulheres de 20 e tempo de namorar mulheres de 40. É que tudo na vida tem um tempo determinado, até o amor precisa ter suas estações próprias...

Eu não gostaria que as mulheres de 20 ficassem com raiva de mim por causa deste texto. Vocês são maravilhosas, fantásticas, mas para homens de idade mais próxima da de vocês. Para nós, quarentões vivendo crise de meia idade, é necessário mulheres que entendam a vida do ponto de vista de nossas inconcretudes, inseguranças, de nossos medos bobos, de nossas contradições, máscaras, vivências existenciais que não se aprendem vendo filmes, mas apenas experimentando e degustando os sabores e aromas da vida, as sombras e silêncios, as cinzas e o pó do caminhar pela terra.

Sei que na sociedade da imagem, onde parecer é melhor do que ser, na sociedade das aparências, o botox, a lipoaspiração, as plásticas corretivas para tirar, aumentar, modelar, os cosméticos, e todo o exército que está à disposição das mulheres, acaba enfeitiçando os homens que ficam, diante de tanto esplendor, totalmente “vendidos”. É o outro lado da moeda... Mulheres maduras querendo parecer garotas. Se cudiar é algo maravilhoso, mas envelhecer é a ordem natural da vida. Há coisas que, feitas em certa idade, tornam-se ridículas, e nós devemos pensar nisto... 

Para finalizar, deixo-lhes dois conselhos: o primeiro é que o invólucro nunca é mais importante que o conteúdo, e isso independente da idade. Contudo, por vezes, essa descoberta só vem com muito sofrimento. O segundo, citando Stendhal é que “as mulheres muitíssimo belas surpreendem menos no dia seguinte. E eu ainda vou mais além: esta surpresa, via de regra, é proporcional ao teor alcoólico ingerido na noite anterior. Mas isso não é regra! No mais, é com você...     

Carlos Moreira é culpado pelo que escreve. Já foi julgado e é réu do Genizah. Outros textos seus podem ser lidos em A Nova Cristandade.
Vida prática 6504274641346316889

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  1. Gostei do blog!
    Deus o abençoe!
    Aproveita e me segue lá!!
    A paz!

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  2. Daqui a alguns anos, faça a mesma pergunta para o que trocou a mulher de 40 por uma de 20 e ele responderá: chifre, chifre, chifre... tudo o que preciso é de chifre.
    Nunca vi um para escapar.


    Abs
    Lene

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  3. Enquanto isso no mundo real; aonde a maior parte das mulheres de vinte trabalham e mal conseguem terminar o ensino médio para engressar em uma faculdade, se divertem em "bailinhos funk!
    Por quanto as de 40 sofrem de menopausa e problemas de pressão alta enão querem mais saber de homem nenhum, por sinal as duas em vez do bom vinho e teatro compram um dvd piratex mesmo e comem pizza com tubaina...essa é a vida real a de muitos...não essa outra que descreve!!!

    Paz!

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  4. Analisando os 4 primeiros parágrafos chegamos ao incontestável veredito que o senhor está certo e Jesus errado. Mais valem os seus argumentos humanistas do que a doutrina barata que diz "ao que Deus uniu não separe o homem". Mais vale se firmar nas emoções guiadas pelas circunstâncias que se veem do que pela inútil fé em em Cristo que diz que "para Deus tudo é possível".

    Dou graças a Deus porque num dos piores momentos da minha vida encontrei um pastorzinho daqueles bem furrecas, que professava essa doutrina barata (e bíblica) de que o senhor falou, que aconselhou a mim e a minha mulher a investir em nosso casamento falido, cheio de mágoas, absolutamente putrefato. Não tínhamos razões alguma para aceitar a sugestão do pastor, mas em meio à dor e negando a própria razão, aceitamos por causa de Cristo, resolvendo crer pra ver.

    Pela graça de Deus somente, deu certo. Hoje tenho um casamento melhor, o perdão de Cristo lavou nossas mágoas, buscamos o bem um do outro, levamos nossos problemas temporais ao trono espiritual de Cristo que, a julgar pelas respostas, gosta que façamos isso.

    Mas para o senhor devo ser um fanático fundamentalista que ainda crê em bobagens como justificação pela fé, salvação pela graça, perdão incondicional, amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a mim mesmo, etc.

    Fica com Deus pastor.

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  5. Seguinte:

    tenho 42 e casado com uma de 39 (casados há 20 anos!)

    Todos os elogios traçados ás mulheres de 40 são reais, e assim como você, não troco a minha de 40 por duas de 20, contudo:

    Se a relação acabou, não podemos ser preconceituosos com os homens que preferem as mais novas. Não é justo meter o pau em José, padrasto de Jesus, que no alto dos seus quarenta, casou-se com uma garotinha de 15 (Maria).

    E não foi só ele: isto era bem comum naquela época. Qual então é o verdadeiro padrão bíblico? Hein?

    Respondo: nenhum dos dois, pois casamento é padrão cultural (uso e costume)respeitado por Deus e cada qual tem liberdade no Espírito para escolher entre uma mente brilhante de 40 ou um corpo estonteante de 20.

    Sem preconceitos com as de 20 ou as de 40!

    Rev. Luciano Maia
    www.cafecomdeus.com

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  6. Jesus conserta um casamento falido quando os dois realmente querem que este seja salvo, mas o que mais vemos são irmãos querendo mesmo pular fora, porque acham que a mulher depois de um certo tempo perdeu os atrativos físicos. Isto é o que mais acontece, muitos estão até torcendo para que Jesus nem venha salvar o casamento. A maior parte só pensam na cama - é a dura realidade do povo dito de Deus.

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  7. Gostaria que o reverendo Luciano Maia mostrasse, na Bíblia, onde diz que José tinha quarenta anos e Maria quinze.

    Como também gostaria de saber com que "autoridade" ele compara o padrasto de Jesus, que, ao ver sua noiva virgem grávida, não a rejeitou e creu na palavra do Senhor que dizia que a gravidez era obra do Espírito Santo com um "tiozinho" qualquer que larga sua esposa para ficar com uma "ninfeta".

    Embora fosse comum homens abandonarem suas esposas mais velhas em favor de moças novas, não era esse o padrão bíblico.

    O fato de a Bíblia relatar alguma coisa não significa que ela esteja certa. Caso contrário Amnon estaria certo em estuprar Tamar, da mesma forma Davi ao mandar matar Urias para ficar com a mulher dele.

    O padrão bíblico está no que Jesus disse no evangelho segundo Mateus no capítulo 19, versículos 1 a 11.

    A paz do Senhor.

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  8. Prezado Rev. Luciano,
    apenas para esclarecer:
    1- não falei em padrão bíblico
    2- tratei do fato sócio-histórico-cultura
    3- disse que acontece o mesmo com mulheres
    4- cada um deve fazer o que a consciência mnada

    Conheço mulheres de 20 com cabeça de 40 e corpo de 50 e mulheres de 40 com cabeça de 15 e corpo de 20. Como disse no final, no mais é com vocês.

    Com respeito, Carlos Moreira

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  9. A responsabilidade de alguém que escreve um post como esse é muito grande. As pessoas não fazem idéia da quantidade de gente que transita por aqui, e muitos, diga-se de passagem, com problemas no casamento. Existem aqueles que estão esperando somente uma palavrinha que lhes sirva de empurrão para chutarem o “pau da barraca”. Na realidade, o que me espanta, é ver pessoas que diminuem ou desqualifiquem a Palavra de Deus em nome de uma pretensa teologia liberal da misericórdia, fundamentada em experiências que violam as Escrituras, pois anulam o que Jesus disse: “O que Deus ajuntou, não o separe o homem” (MT 19.6), para justificar uma separação ou um casamento que transgrediu os princípios estabelecidos pelo Senhor. Quando o autor se firma na premissa de que “muitos, Deus não uniu”, como ficam os ensinos de Jesus e de Paulo ao afirmarem que quando um homem se une à sua mulher numa relação sexual eles se tornam “uma só carne diante de Deus”? Por essa união, a ótica teológica me mostra que estão unidos diante de Deus e Paulo chega a fazer dessa união uma alegoria do nosso vinculo com o Senhor (veja 1 Co 6.17: “aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele).
    Jesus nos dá uma base para separação em Mateus 5.32; 19.9 quando Ele aborda o adultério. Aqui Jesus trabalha com a hipótese de que, se não houver adultério e existir a separação, a mulher ou o marido poderiam vir a contrair um novo casamento e isso faria dela (ou dele) uma mulher adúltera. Outro ponto a destacar é que muitos casamentos estão falidos em todas as áreas porque quebram princípios estabelecidos por Deus. Para um pastor ou conselheiro, dá muito mais trabalho ajudar e firmar um relacionamento em frangalhos do que aconselhar de uma maneira simplista usando como método, a justificativa da misericórdia.
    O cristianismo tem como base o amor e com o casamento não é diferente. Entretanto, as bases desse amor não estão centralizadas nos sentimentos, mas, sobretudo na decisão em amar. Achei interessante um pastor dizer que casamento é um elemento cultural. Não concordo. Festa e celebração podem ser culturais, mas o casamento é bíblico e Deus fez homem e mulher para se complementarem em todas as áreas da vida. Quando Paulo trata do assunto casamento, ele o faz sempre tendo como modelo a relação de Cristo e a Igreja. Não quero discorrer muito, mas veja apenas dois aspectos dessa instrução: 1) Maridos, amai vossa mulher como Cristo amou a igreja e se entregou por ela (Ef 5. 25). Note que ele não pergunta se o marido está sentindo amor por ela, mas o imperativo de amá-la no mesmo padrão em que Cristo amou a igreja está presente no texto. Assim o amor tratado aqui, não é o amor “fileo” ou o amor “eros”, mas o amor ágape, que é capaz de doar-se a si mesmo em prol da esposa. 2) Com relação às mulheres, ele fala de submissão e respeito, coisa que muitas não querem enfrentar e quando esses princípios são quebrados, acontece o curto-circuito no casamento.
    Uma relação problemática tem cura e restauração. Há perdão para os cônjuges. Há provisão inesgotável vinda diretamente do Pai. Esse é o plano de Deus contido na Bíblia e não a saciedade de apetites da carne que transgridem valores e éticas cristãs que o Senhor tem estabelecido para os Seus filhos. A sociedade mundana tem entrado na igreja e corrompido muitos corações que aspiram padrões de beleza e estética, e sonham com relacionamentos fantasiosos, que não podem satisfazer um verdadeiro coração onde Cristo habita como Senhor e Salvador.
    Seria muito bom que tivéssemos pessoas que não criticassem simplesmente as teologias espúrias desse tempo, mas que se comprometessem por inteiro com a Palavra de Deus.

    Que Deus os abençoe.

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  10. Espero que o Pr. Carlos moreira não use o divórcio como primeira (nem segunda ou terceira) opção para casais em crise.

    Eu fiquei muito triste com esse texto, sinceramente. Realmente não achava que o povo tradicional estava pior que os pentecostais.

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  11. Carlos,

    Acedida que somente estou vendo a sua resposta hoje?
    Perdão!

    Seguinte, sem mais delongas,meu comentário foi mais nada a ver que o mais nada a ver dos comentários.

    Seu texto esta excelente!

    Reflexão de alto padrão. parabens e que um dia eu possa escrever como você.

    Abraçai e manda bala!

    Rev. Luciano Maia

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