A Epopeia do embate de Danilo e Marco Feliciano na Expocristã 2010, o princípio das dores.

Danilo Fernandes

Eu tenho cá em meu PC um arquivo com pastas que é o alfinete da minha vaidade.

A vaidade faz festa na minha personalidade. Modéstia é motivo de oração constrita diária, mas nesta pastinha não ouso tocar. Tremor e temor de Deus me mantêm à distância segura. Passo pelo arquivo amuado, só olho de soslaio. Nem me deixo tentar. Se algo novo me chega e tenho que nela guardar, leio ligeiro, suspiro, agradeço por ser usado e arquivo. Se a mensagem trata de outro companheiro, mando logo a ele, nada comento. Quando faço, sempre me arrependo, passei da medida, me gloriei... Tome joelho no chão.

Sabe aquela pergunta clássica que os defensores dos “falsos profetas” nos fazem quando apontamos suas heresias: Críticos! Quantas almas vocês ganharam?

Como esta pergunta me perturba! É tão absurda diante do que meus discipuladores me ensinaram! Fico pensando: Quem pergunta, parece querer dar a homens uma Glória que só pode ser de Deus... Quem responde, faz pior e usurpa do Espirito Santo de Deus a sua obra exclusiva.

Nem ligo de ser chamado de subversivo e destrutivo. Sei bem o que passo e faço aqui. Tenho tanta gente boa a me aconselhar. Um dia ouvia duma amiga distante o chamado de Jeremias 1: Cuidado para que não apenas destruas. Construas também.

Fica o chamado da amiga, que foi ela mesma profeta de Deus, dos manos daqui, dos amigos e do Amor do Eterno que sempre nos faz botar mais um e-mail, um comentário, uma nota, na tal pastinha do arquivo do meu temor.

Rubinho disse que agora que Genizah vai virar livro, valia, ao menos, pescar alguns relatos. Hermes, também acha assim. Eu que não sou pastor e não sei da força do testemunho, desconverso.

Um dia publiquei um. O do Pastor Alan Capriles contando como o Genizah o influenciou a mudar tantas coisas em sua igreja. Mas depois, não mais ousei publicar nada da tal pasta. Leio uma carta ou outra aqui para meus companheiros de subversão e só.

Confesso – e sei que muitos manos blogueiros apologéticos pensam igual - sinto até um certo prazer de apanhar calado, ser insultado sem revidar e não mostrar absolutamente nada, nem mesmo ponderar a crítica. Apanho feito o Stallone como Rock no início do filme.

Levo bordoada sem dó, ainda mais por fazer apologética com humor, sarcasmo e cores fortes. Contudo, apanho quieto. Silêncio total, como a concordar com os nossos críticos que o nosso ministério, de blogueiros apologéticos, não juntasse e só atrapalhasse. Esforço inócuo na vida dos escravos do engano e ainda incapaz sequer de ser notado pelos falsos profetas denunciados.

Infelizmente, contudo, nem mesmo temos o direito a tal falsa modéstia e ao padecer dos injustiçados, risos. Os usurpadores vociferam pragas sobre nossas vidas em TV de cadeia nacional, dão “bandeira” do golpe sentido e, para a Glória de Deus nossa audiência ainda sobe e os blogs se multiplicam. Somos um pão bem sovado, este povo crente doido da WEB.

Que o Senhor me perdoe se usando do humor aqui, por vezes quase resvalo na imprudência. Sei que me equilibro em uma fina travessa, fico oscilando entre entristecer o Espirito Santo e ser benção na vida de outros.

Seja como for, não vejo entre nós, blogueiros apologéticos, quem se vanglorie de conquistas espirituais... Portanto, é mais um sinal claro para que a tudo fique como sempre foi. Arquivo morto. Pastinhas com testemunhos escondidas. Que fiquem lá na "genizah virtual" as histórias dos libertos: das prisões eclesiásticas, dos grilhões legalistas, da religiosidade, das tramoias dos aproveitadores, do jogo dos usurpadores. Que esta acolha, em silêncio, os relatos dos que se encontravam afastados do Amor de Cristo, ou que sem saber, viviam um falso Evangelho. Uma pasta, muitos arquivos; ou fosse um testemunho apenas. Que ninguém se glorie.

Nunca foi nosso objetivo atacar, ou avacalhar quem quer que fosse, sem motivo, que não na esperança de acordar gente “fascinada” por enganadores. Fazemos assim, porque sabemos que entre tantos outros recursos, o humor tem se mostrado o mais eficaz na luta contra grandes ditaduras. Sim. Regimes fascistas, baseados no medo, na mentira e no engano, que foram impostos por líderes inescrupulosos, que seduziram e enganaram a muitos, como nosso Senhor disse que iria acontecer nestes dias.

Aqui somos blindados. Estamos muito certos da nossa missão. Mostramos a meleca toda mesmo, com todas as cores e cheiros. Queremos despertar quem dorme seduzido. O alívio das cenas é tão somente o bom humor, que a esta altura nem sei a quem ajuda mais, a nós que estamos rindo para não chorar ou a quem nos visita para desopilar a alma triste com tanta besteirada gospel.

Mostramos o feio e apontamos para o bom, este site é milimetricamente dividido nos temas que aborda. Setenta e cinco por cento trata da Beleza do Evangelho da Graça, 10% de temas de comportamento e 15% de pancadaria santa bem-humorada. Mas tem sempre alguém querendo dar um palpite, não nos comentários, que são bem-vindos, mas no seu próprio blog, dado conselhos públicos com faca nas costas e intenção da rasteira... Os invejosos.

Aqui não tem vacilão. Gente que uma hora segue um caminho, depois experimenta outro, mas por vontade de ter um espaço de destaque para chamar de seu do que por convicção ou ministério. Genizah é o que é. Só ganha novas mídias, mas não muda o foco, até que o Senhor nos diga que mude. Ai mudamos.

Genizah não é feito por desigrejados, desviados ou reinventores de Igreja. Não. Somos corpo, somos comunitários, pastores, líderes e eu, em especial, tenho por única ambição ser crente de flanela de banco. Púlpito me causa arrepios, tive pastores excepcionais, respeito aquele lugar demais para ocupá-lo com a displicência de quem fala para quem não conhece, sem a direção de Deus, sem madrugada de oração e estudo. Nada ambiciono na esfera eclesiástica, afora o que faço por aqui na web.

Volta e meia eu aceito um convite, de tantos feitos. Vou, mas para bater papo, desmitificar o personagem cybernético, trocar e rir, muito. Gosto de falar de alguns temas mal compreendidos nas Sagradas Escrituras, assim deste meu jeito. Mas o melhor mesmo é desfrutar da alegria entre irmãos. A galera não se desaponta, gosta ri muito, mas se surpreende com o crentão que eu sou... Imaginavam um subversivo revoltado e conhecem um apaixonado por igreja, gente de igreja...

Alguns pensam que eu sou um machucado religioso. Nossa! Tive os melhores pastores que alguém poderia querer ter. Sentei no banco do Antônio Carlos Costa, em curto período no do Ariovaldo Ramos e depois no do Pastor Pedrão da CBrio. Eu louvo a Deus por esta oportunidade que tive e, se resolvi seguir esta trilha, creiam, não foi por querer aparecer e nem tão pouco por ser eu próprio vítima de um nazista religioso. Jesus me reservou o melhor em cada fase do meu crescimento espiritual. Até mesmo RC Sproul, tive a oportunidade de ouvir uma dúzia de vezes ao vivo e a cores. Ainda hoje o Senhor me cerca de gente maravilhosa, de todas as denominações. Ultimamente, estou de amores com a Bléia. Desde que conheci o nobre Pr. Carlos Roberto da AD Cubatão, o L. Rogério e o Alan Brizotti, o Marcelo Oliveira, sempre encontro mais um assembleiano para chamar de amigo.

Portanto, dou notícia à paróquia: Há uma galera peso pesado, de muita estrada no Evangelho, me cercando. Gente de moral ilibada a quem respeito, peço conselhos. Tenho pastor, companheiros a quem presto contas, tomo bronca e tudo o mais. Dispenso os conselhos dos neófitos. Criticas com agendas ocultas não me incomodam. Que venham de um big shot dono de catedrais e muitas maracutaias, ou de um pastor bebê Johnson, mal agradecido, estou passando batido e sorrindo. Quem lê entenda.

Mas voltemos ao assunto que desperta o interesse da galera. Tanto “cerca Lourenço”, sobre missão, criticas e testemunhos tem um propósito, claro. Aqui vou abrir uma rara exceção em relação ao meu proceder com testemunhos. Desta vez sinto que os fatos narrados não estão destinados ao interesse individual dos envolvidos e a vaidade não há de se sobrepor a repercussão positiva que este testemunho terá na vida de muitos crentes. Estou ciente que paradigmas serão quebrados este mundão evangélico afora.

Sim. Estou falando de meu encontro com Marco Feliciano na Expocristã.

Esta novela da vida real que começou com uma escolha nossa, de “tocar nos ungidos” mais destacados na responsabilidade e exposição dos modismos e ventos de doutrina solapando nossas igrejas. Escolhemos ícones, não focamos as pessoas, per se, mas suas personalidades públicas e a doutrina que representam e defendem. Necessidade que dada a natureza idólatra do nosso povo, se funde em uma coisa só: o ungido, suas doutrinas e o entendimento do povo de que só este é capaz de saber da vontade do próprio Deus.

Feliciano e suas performances de púlpito, em especial naquelas vistas nos Gideões, eram nossos alvos. Não eram os únicos. Durante todo este último ano, fizemos dezenas de piadas, criamos e virulamos filmes de humor, apresentamos textos apologéticos sérios refutando algumas de suas doutrinas e, chegamos mesmo a passar das medidas nas brincadeiras e no humor depreciativo.

Sim, meu irmão. O desfecho de meu encontro com Marco Feliciano foi bem mais interessante do que uma larga pancadaria.

 Quarta-feira.

Inicio de noite. Dia de lotação máxima da Expocristã até então. No quartel da PM de Cristo, ninguém imaginava o rolo que se formava seis quadras de stands adiante. De lampejo, como numa pororoca, os corredores da Feira, pareciam todos um único rio caudaloso: Toda gente ia na direção do ungido de Orlândia.

O stand do Marco Feliciano era o epicentro da feira. O pipocar de flashes e as luzes das câmeras de TV indicavam o local onde se desenrolava uma cena que pouquíssimos, de fato, podiam ver.

No stand da Renascer em Cristo, uma quadra adiante, a Perua Gospel ficou falando sozinha, todos corriam para ver a muvuca do ano.

Depois do primeiro encontro, o que havia sido dito se confirmava. Marco Feliciano, ao me ver, se aproxima de braços armados, eu penso: Vou tomar um Hadoken, contudo, ele se abaixa diante de mim, em reverência cômica, claro, e me deixa atônito com homenagem. Diz alto: Este é o cara que me atormenta, tem que respeitar. Eu me abaixo também, na mesma "reverência"  e me acabo de rir com ele. As câmeras se voltam para nós, mas quem não estava no primeiro circulo não via nada e só se ouviam os gritos: Se pegaram! Danou-se!

Alheios ao que acontecia ao redor, dissemos um ao outro o que era para ser dito, sérios. Quando nos levantamos, fomos cada qual para seu lado. O circulo se abriu um pouco. Ele passou a pousar para fotos com fãs, eu fazia as vontades de uma admiradora mirim do blog que me chamou de Tio Genizah, risos.

Recordando o penúltimo capítulo:

Feliciano me vê tirando uma foto com uma menina, fã do Genizah, e quando a guria sai de cena, ele me chama de encapetado escarnecedor.

Surpreso com a agressão, eu meto o dedo no peito dele e digo:

- Olha que eu não só toco em ungido como meto é tapa nas ventas... Vou zoar a sua chapinha!

Ele gritou:

- Sai da frente satanás!

Foi um "deus nos acuda".

 Terça-feira

Logo após o almoço. Eu aguardava a cantora Cassiane e o maestro Jairinho para uma tarde de autógrafos do lançamento de seu livro biográfico. Com o voo dos clientes atrasado, eu saio para procurar um amigo para papear. O stand do Pastor Sonic, Marcos Pereira, me chama a atenção, risos. Umas TVs ligadas,  o desencapetamento correndo solto. No balcão duas meninas vestidas naquelas roupas horríveis que o profeta da Baixada espremeu num furúnculo profético. Uma das meninas eu reconheci, parecia ser a filha dele. A outra, até que era bem aprumada. De fato, aprumadíssima não fosse aquela fatiota.

Cheguei perto e logo vi que o negócio de não usar perfume era conversa mole. A moça estava cheirosa, quase me esquecendo que sou crente, mas imbuído no santo dever da pesquisa de campo, perguntei a moça:

- Não fica muito difícil arrumar namorado assim com esta roupa não?

- Não sei. Só estou trabalhando aqui, disse rindo. Aquela ali é da igreja, eu sou só contratada...

Já estava eu na rotina conversa mole, vamos ali tomar uma coca-cola encapetada, coisa e tal, quando um psiu me chama a atenção. Pensei:  É o Sonic. Danei-me. Mas para meu breve alívio, não era nem o Sonic e nem o “Anjo Gabriel”, seu companheiro inseparável, mas dois homens me chamando e já perguntando:

- Você trabalha com imprensa, não é mesmo?  

Assenti, imaginando que tivessem me visto tratando dos preparativos da editora que me contratara para fazer RS e Imprensa do livro da Cassiane... 

Você trabalha com internet, não é?

- Sim. Marketing digital, respondi.

- Mas você não tem um site? 

- Tenho sim, o Genizah.

O homem que perguntava olhou para o outro ao seu lado e disse: 

- É ele mesmo!

- Eu mesmo o que?

- Você é o Danilo do Genizah!

- E você seria... Inqueri já ressabiado.

- Sou diretor da Grata Music. Que tal fazer o marketing da gente?

- Depende, respondi. - Quem são seus artistas?

- Seria para o Artista principal...

- Quem?

- Marco Feliciano.

- Rindo alto: Você está me zoando! Logo olhei para o lado para ver quem era o “santo” responsável pela pegadinha... Mas o cartão de visitas do homem e a semelhança do seu acompanhante com a Marcola, não deixaram duvidas: Lasquei-me. Antes fosse o Sonic.

Por hoje é só folks! Segunda-feira tem mais. Não percam os próximos capítulos.

Genizah