Sessão da tarde

Digão
É, eu sei. Sou um cara estranho. Não sou um sujeito perfeitinho, e nem faço questão de sê-lo, ao menos de acordo com os padrões religiosos de hoje em dia – o que me causa várias dores de cabeça… Entre minhas estranhezas está meu gosto por filmes esquisitos. Não me entenda mal: gosto muito de comédias, ficção científica e suspense. Gosto de filmes que façam refletir. Mas gosto muito também de tosqueira. Filmes trash me fazem a cabeça. Mas o trash, para ser bom, tem que ser despretensioso, senão fica muito pedante. Gostei demais de Toxic Avenger, O incrível homem que derreteu, as versões turcas deSuperman (com o herói mais subnutrido que já vi), Star Trek e Star Wars. Isso sem contar com o mestre no assunto, Ed Wood, que nos deixou a pérola Plano 9 do espaço sideral.
Mas não gosto de imposturas. Quentin Tarantino, por exemplo, é um trash involuntário porque é pedante mas faz coisa ruim. Avatar também é trash involuntário com aquela conversinha ambientalista de fim-de-semana, enquanto espera o McLanche Feliz no shopping.
Gosto dos filmes genuinamente trash porque não se levam a sério. Na sua tosquice, fazem mesmo é rir do orçamento diminuto, da falta de talento dos atores e do diretor, das situações improváveis e do fiapo de roteiro implausível. Mas os pseudo-trash, com sua tentativa de reinventarem a roda (ou, no caso, o projetor dos irmãos Lumière), caem no ridículo da pretensão humana e do ego mal trabalhado.
Fico pensando se a igreja evangélica de hoje não estaria caminhando para ser um filme trash involuntário. O orçamento é grande (“sementes” do Malafaia, campanhas missionárias meio nebulosas, o rendimento de CDs, DVDs e quinquilharias gospel), os estúdios, grandiosos (como a réplica do templo de Salomão da IURD), a trilha sonora, prontinha (com os gritos histéricos e gemidos inexprimíveis erótico-espirituais). Mas os atores querem aparecer mais que o Autor do roteiro. São estrelas demais, fazem exigências demais, marqueteiros demais, artistas de menos. Afinal, os crentes de hoje são muito religiosos, mas não se preocupam tanto em serem apenas irmãos, servos e discípulos. O roteiro, que é simples e está pronto há pelo menos 2000 anos, ficou irreconhecível depois de ser tão mexido por mãos incapazes e de motivações inconfessáveis. A direção, que deveria estar a cargo do Espírito, foi tomada por gente de dura cerviz e de coração incircunciso.
O resultado disso tudo é o fracasso de bilheteria que estamos vendo. A platéia está interessada na história original, e não nessa “versão” comercial – e bota comercial nisso. Enfim, os proponentes da Igreja Evangélica Brasileira – O Filme esperam ganhar um Oscar. Vão ganhar, no máximo, um Framboesa de Ouro.
Digão não perdeu um episódio sequer de Star Trek e não entendeu o final de Lost, os colegas do Genizah explicaram.
Meu irmão,
ResponderExcluirgosto de muitos trashes de terror, tipo Sexta-feira 13 e o sensacional e novíssimo Caçadores de Vampiras Lésbicas (tá, pode haver um pouco de violência com a questão homossexual, mas é bom incontida...rsrs)
Digo isso, pois vejo muitas semelhanças com o cenário dos palcos evangélicos de nosso Brasil. Vejo é um trash de terror passando diante dos nossos olhos, onde figuras horrorosas só querem seu prazer por morte e sangue satisfeitos.
Poderia citar diversos nomes dessas figuras e de suas vítimas, mas quero ver o lado bom dessa história. Eles estão tentando vitimar a Deus, mas eu creio que eles descobrirão que a glória de Deus ninguém rouba. Que seu protagonismo é intocável. Que seu poder e justiça são inevitáveis.
Enfim, estou doido para ver o final desse trash, que de trash não vai ter é nada.
Maranata!
Diego, acho que você está desatualizado. A platéia está, SIM, interessada na versão comercial, e não na história original. A platéia quer, SIM, completar a coleção de Avatar que vem no Mc Lanche Feliz. Não somente esta coleção, mas lenços, rosas, fronhas, águas, martelos, redes, sementinhas.
ResponderExcluirO filme comercial é exibido dioturnamente em várias salas de exibição país afora, com platéia cheia em todas as sessões e tudo em 3D, altamente virtual.
O filme original seria um fracasso comercial, visto que iria tratar do Personagem cujo Reino não é o material nem o virtual. Não haveria comercialização de CD, DVD, livros, bonés e camisetas, muito menos de bonequinhos colecionáveis do Mc Lanches Feliz com esse Personagem, pois a Verdade que Ele iria narrar muitas vezes é indigesta.
Filme trash é o que se tem hoje!
O filme original seria tão cult que atrairia poucos, muito poucos.
Pense nisso!
Pô, reverendo, aí já foi longe demais em falar que Tarantino é ruim... Hahaha, nem sei o que dizer! Não direi, te poupo de bloquear o comentário por palavras feias, hahaha.
ResponderExcluirQue ridículo!
digão: é a primeira vez que acesso o genizah, portanto a primeira vez que leio tua coluna (se é que pode ser chamada disso) gostei muito, vou virar frequentador desse site de malucos, esquisitos, fora do tom, subversivos do evangelho ... acho que no fundo sou assim também!
ResponderExcluirDEUS te abençoe garoto!
Digão, adorei o texto.
ResponderExcluirInfelizmente o roteiro foi a muito abandonado, mais o roteirista está muito vivo. Quando estes diretores quiserem receber seus cachês, Ele dirá: Afastem-se de mim eu nunca os vi.
ResponderExcluirNele:
Amarildo.
O amor de muitos já está se esfriando a muito tempo!
ResponderExcluirÉ por isso que o roteiro original está sendo ignorado.
O Filme já passou e está narrado na Bíblia, mas ninguém consegue reproduzí-lo perfeitamente como ele é.