QUEM SÃO OS NEO-CALVINISTAS?
https://genizah-virtual.blogspot.com/2010/05/quem-sao-os-neo-calvinistas.html
Antonio C. Costa
Alguém me perguntou recentemente: qual a sua opinião sobre o neo-calvinismo? Sei que esse tipo de pergunta, pode partir de alguém que quer tão somente saber qual o meu ponto de vista sobre algumas expressões de calvinismo do século XX (Plantinga, Dooyweerd, Gordon Clark, Francis Schaeffer etc.). Mas, fico sempre a pensar naqueles que vivem a medir igrejas e pessoas pelo padrão da sua fita métrica teológica. Há teólogo que ama rótulos. Fala de uma tal maneira sobre as demais expressões de espiritualidade, que somos levados a crer, que ele é o único que enxerga o cristianismo de um ponto de vista privilegiado. Ele seria o verdadeiro, paulino-agostiniano-calvinista. Puríssimo.
Se o neo-calvinismo é um calvinismo que avançou na compreensão doutrinária, ele continua sendo calvinismo, pois a tradição calvinista crê no desenvolvimento intelectual da igreja. Se o neo-calvinismo é a tentativa de comunicar antigas verdades de uma maneira que o homem moderno possa compreendê-las, continua sendo calvinismo, pois o calvinismo é avesso ao apego irracional à tradição. Se o neo-calvinismo é o resgate de alguma virtude da tradição calvinista da qual a igreja se esqueceu, continua sendo calvinismo, pois o calvinismo ensina que uma igreja reformada deve procurar sempre a sua reforma.
Agora, se o neo-calvinismo é a quebra do princípio regulador do culto, o apego maior à denominação do que ao reino de Cristo, ruptura com o formalismo que descambou para familiaridade desrespeitosa, dizer-se calvinista sem nunca ter lido Calvino, alienação político-social, falta de investimento em educação, pastores iletrados, racionalismo estéril, ensino do liberalismo teológico em seminário, irrelevância história; nesse caso não estamos mais falando de neo-calvinismo, mas de anti-calvinismo.
Só não venha me dizer que ser calvinista é ter decorado a constituição de uma determinada denominação, pregar de toga, proibir o ministro de usar jeans no púlpito, eliminar o uso da bateria no louvor, usar liturgia impressa, manter-se fiel a costumes do século 19; porque aí vou ter que pedir para essa pessoa, mostrar-me em que página da história da igreja, posso encontrar esse tipo de calvinismo, pois o desconheço.
A exceção é a cultura religiosa de certas igrejas que se dizem calvinistas no Brasil. Compostas por pastores que pensam que suas igrejas não crescem, por causa do seu nível de fidelidade a Calvino, quando na verdade, jamais alcançariam resultados tão pífios, se fossem verdadeiramente, calvinistas.
Se o neo-calvinismo é um calvinismo que avançou na compreensão doutrinária, ele continua sendo calvinismo, pois a tradição calvinista crê no desenvolvimento intelectual da igreja. Se o neo-calvinismo é a tentativa de comunicar antigas verdades de uma maneira que o homem moderno possa compreendê-las, continua sendo calvinismo, pois o calvinismo é avesso ao apego irracional à tradição. Se o neo-calvinismo é o resgate de alguma virtude da tradição calvinista da qual a igreja se esqueceu, continua sendo calvinismo, pois o calvinismo ensina que uma igreja reformada deve procurar sempre a sua reforma.
Agora, se o neo-calvinismo é a quebra do princípio regulador do culto, o apego maior à denominação do que ao reino de Cristo, ruptura com o formalismo que descambou para familiaridade desrespeitosa, dizer-se calvinista sem nunca ter lido Calvino, alienação político-social, falta de investimento em educação, pastores iletrados, racionalismo estéril, ensino do liberalismo teológico em seminário, irrelevância história; nesse caso não estamos mais falando de neo-calvinismo, mas de anti-calvinismo.
Só não venha me dizer que ser calvinista é ter decorado a constituição de uma determinada denominação, pregar de toga, proibir o ministro de usar jeans no púlpito, eliminar o uso da bateria no louvor, usar liturgia impressa, manter-se fiel a costumes do século 19; porque aí vou ter que pedir para essa pessoa, mostrar-me em que página da história da igreja, posso encontrar esse tipo de calvinismo, pois o desconheço.
A exceção é a cultura religiosa de certas igrejas que se dizem calvinistas no Brasil. Compostas por pastores que pensam que suas igrejas não crescem, por causa do seu nível de fidelidade a Calvino, quando na verdade, jamais alcançariam resultados tão pífios, se fossem verdadeiramente, calvinistas.
Antonio C. Costa para o Genizah
Eu não sou calvinista, nem neo-calvinista, mas ouvi este homem pregando outro dia (Conferência Atos29) e me deu vontade de virar calvinista, ou quem sabe um neo neo-calvinista?
ResponderExcluirBrincadeira a paste, Antonio Carlos Costa é uma luz de sobriedade, uma lufada de ar fresco, em meio ao ranço pulpitocêntrico brasileiro.
Parabéns pelo texto.
Graça e paz, sempre.
Marcus Vinicius
Ótimo texto e boa resposta a quem gosta de categorizar o pensamento teológico.
ResponderExcluirFique na paz
Carlos Rizzon
www.igrejaurbana.org
Esse prefixo "neo" é realmente bem problemático. Não bastasse os que se auto-denomina "neo-calvinistas", há aqueles que, mesmo não se auto-denominando "neo-puritanos" o são. Quem são eles? São pessoas que vivem causando problemas nas igrejas calvinistas; são aqueles que se apegam em um pontinho que "alguns" puritanos acreditavam e fazem disso um "cavalo de batalha". Matam e morrem (mas matam que morrem..rs). São aqueles que não permitem "bateria no culto" mas não vêem muitos problemas em faltar o dia do senhor na igreja. Esses sãoos neos....
ResponderExcluirSou presbiteriano desde criança, mas meu compromisso não é com Calvino nem com sua linha de raciocínio, meu compromisso é com Cristo.
ResponderExcluirAdmiro e concordo com muita coisa que Calvino disse, mas me fez muito mal a predestinação Calvinista, nunca consegui ver um Deus de amor através desta posição fundamentalista individualista de predestinação. Por ela é óbvio que Deus predestinou quase todos ao inferno por sua vontade e escolheu alguns "gatos pingados" para a salvação (a porta é estreita, serão poucos os salvos), sabemos muito bem disto. Cadê a tão aclamada misericórdia divina se não temos escolha própria de trilhar os Seus caminhos ou os da perdição? Por esta teoria fundamentalista somos meras marionetes de Deus, e o triste é que da mesma forma que somos culpados por nossos pecados somos inculpáveis por não termos escolha, que culpa temos de termos sidos criados e termos esta natureza pecaminosa? Melhor seria não nascermos! E em nenhum lugar que eu me lembre fala de predestinação pessoal, é sempre no coletivo...
Várias vezes no passado, quando afastado da igreja, eu me achei um não-predestinado. Então que motivo tinha eu pra amar a Deus? Ele não iria ter misericórdia de mim mesmo, iria me castigar eternamente mesmo. Enfim, qdo a gente se coloca do outro lado a rejeição dói, e dói muito. E toda aquela história de que Ele não faz acepção? Pra mim era balela! A bíblia afirma que Deus quer que TODOS cheguem ao pleno conhecimeto da verdade e se salve, e também que Ele NÃO tem prazer na morte do ímpio, mas por esta teoria fundamentalista calvinista eu achava que Ele é um mentiroso e sem lógica e que aquele papo de amor ao homem, ao pecador, era papo furado. Afinal Cristo amou só um grupinho pequeno então, o resto pra ele nem fede nem cheira.
Creio na predestinação sim, mas de uma forma diferente, Deus predestinou um povo e nos deu a chance de sermos resgatados através de seu filho pra fazer parte deste povo já idealizado por Ele. Nunca alcançaremos a salvação por nós mesmos, mas única e exclusivamente por Cristo e por sua Vontade e isto não faz ruir a predestinação bíblica. Somos eleitos em Cristo, ele planejou isto antes de nascermos, mas quis um povo e capacitou o homem a responder seu chamado ou não, ainda que muitas vezes Ele seja irresistível mesmo.
Deus pode, pra cumprir seus propositos, ter já predestinado alguns ao céu e ao inferno sim (Rm 9 deixa a entender isto, mas não é 100% claro que se trata de salvação o texto, ali não fala que Esaú foi pro inferno e há quem argumente que o texto se refere à nação de Israel), mas daí a definir que tudo, exatamente tudo de salvação, foi decidido por Ele sem dar chance ao homem é dizer na verdade ele detonou a humanidade toda sem dó. Pra mim Faraó já era ruim, Deus só o usou pra glorificar o Seu nome.
Não merecemos o céu, mas imagine se Deus escolhesse predestinar ao inferno seu filho sem dar nenhuma chance pra ele se arrepender? Que culpa teria o garoto de ter nascido? Como daria pra falar, "oh, como é bom o Senhor?". Que justiça e bondade há em condenar a uma eternidade de sofrimento a esmagadora maioria da humanidade que não tem capacidade própria de se arrepender e buscar salvação nEle. Estávamos mortos por nossos pecados sim, mas se não tivesse nenhuma resposta do homem à Deus pra quê que Jesus estaria à porta pra bater e "SE" abríssemos ele entraria? Pra quê que ele bate à porta de quem não vai abrir? Será que Adão caiu pq Deus já o programou pra cair? E a escolha? Foi tudo armação pra "enrolar" o coitado e a Eva? Acho que não, né?
A igreja calvinista precisa repensar isto. Este "deus" de Calvino não é muito bonzinho não, segundo nossa lógica racional humana e nos colocando no lugar de quem se perde sem ter tido chance real de redenção, não dá pra gostar deste Deus...
Não consigo engulir esta de jeito nenhum... A misericórdia é um atributo de Deus, bem como a bondade.
O velho problema do calvinismo continua sendo o antinômio...A maioria dos calvinistas de 5 pontos desconhece as tensões internas da doutrina calvinista.
ResponderExcluirA questão do contexto também eh importante. O teólogo e historiador Schaff disse que Agostinho pensava no contexto de uma igreja universal (católica).
Podemos imaginar Calvino na Europa monárquica com seus herdeiros de sangue azul e Wesley no contexto liberal republicano.
Sem dúvida no contexto em que vivemos o neo-calvinismo parece estranho.
Mas o calvinismo antiquado do jeito que é parece melhor que o "Dane-se, você tem livre arbítrio!" ou "Eu escolho me salvar a mim mesmo!" que a gente ouve por ai!
Sem dúvida Deus eh justo em todos os seus caminhos e Nele não há sombra de variação.
A salvação eh do Senhor e Deus eh soberano. Mas Ele deu seu próprio Filho para morrer por nós, para nos salvar.
Eh uma promessa para todos aqueles que crerem, não só para quem tem sangue azul.
Eu também sou presbiteriano e concordo plenamente com meu irmão anônimo, é exatamente isto que a bíblia ensina, eu li as institutas e sei que Calvino escreveu muita coisa boa, mas não é por isso que vamos engolir tudo que ele escreveu. A bíblia diz que devemos examinar tudo e reter o que é bom, somente o que é bom, mas infelizmente muitos consideram Calvino um ser infalível. Algumas denominações tem pessoas cujos ensinamentos tem mais valor do que a bíblia, por exemplo: Os católicos tem o papa, os adventistas tem Ellen White, os mormons tem Joseph Smith, nós presbiterianos temos João Calvino. (Eu sou de Paulo, eu sou de Apolo... eu sou de Calvino)
ResponderExcluirParabéns pelo texto,quase me deu vontade de me tornar Calvinista !
ResponderExcluirAntes de Newton, todos podiam pular de um prédio sem cair e se machucar, porque a Lei da Gravidade ainda não existia? Da mesma maneira, o mérito de Calvino foi que a doutrina que ele sistematizou faz sentido, e tem forte base bíblica. Calvino não é Deus, foi um grande teólogo.
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