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O Armagedom da moda

Por Avelar Jr.

Definitivamente a gente escuta muita coisa esquisita na vida. E isso falando em qualquer assunto. Uma tarde, na época em que eu fazia faculdade, conversávamos sobre várias coisas, e eu não lembro o que houve que uma colega me perguntou:

- Ah, e você é crente, Avelar?!
- Sou, sim. Você não sabia? - e perguntei rindo - Será que eu me comporto tão mal assim que você ainda não tinha percebido?
- Não. É que você não parece com crente, Avelar. Eu até cogitei a hipótese, mas sei lá... Você sempre sorri, ri, conta piada e conversa com todo mundo...
- E por acaso crente não faz isso, não?
- Bom, eu não conheço crentes assim. Geralmente é um pessoal sério que só anda de roupa social e com a Bíblia debaixo o braço... E você não é assim. Então eu achei que você não era crente.

E por aí você vê como o povo conhece um crente: uma figura tipicamente antipática e sisuda. Mas é que as pessoas no geral julgam pela aparência e pela primeira vista, o que as pode levar a equívocos gigantescos. Sem contar as generalizações e os estereótipos baseados até mesmo em casos isolados.

Narrando esse episódio para um amigo meu, ele me disse que isso já tinha acontecido com ele, alguém não achar que ele fosse crente por causa de uma informalidade banal:

- "Ela me disse que até pensava que eu era crente. Mas quando viu que eu mascava chiclete e andava de chinelo descartou a idéia na hora!"

Quer dizer, agora crente não pode mais mascar chiclete e andar de chinelo?! Isso, sim, é que é um preconceito inusitado!

Essa típica mania de julgar pelas aparências e de medir pessoas com os olhos, além de pecado é muito feia. Permanece na cabeça das pessoas que o crente:

a) Se é homem, é o sujeito de semblante sério, bem-vestido ou vestido formalmente e de Bíblia na mão ou debaixo do braço;

b) Se é mulher, é aquela de saia nos tornozelos, cabelo grande, sem maquiagem, sem cabelos tingidos e que anda com a Bíblia na mão ou na bolsa.

Ainda tem os estereótipos "plus", que permitem adivinhar com certa margem de acerto de que igreja a pessoa é:

a) Se veste camisa branca, gravata e calças escuras, mochila e um crachá no bolso é mórmon;

b) Se usa roupa social, cabelo repartido e penteado para um lado e uma pasta de couro ou uma pasta transparente cheia de papeis, é testemunha-de-jeová;

c) Se definitivamente não usa qualquer tipo de maquiagem, não passa uma tesourinha sequer no cabelo nem cobre os fios brancos da cabeça com tinta, é da Congregação Cristã no Brasil ou de uma igreja pentecostal...

Mas um dia apareceu uma cena alucinante, da qual eu jamais, em toda a minha existência, efêmera por aqui porém eterna no reino dos céus, me olvidarei - never, ever and ever: uma senhora testemunha-de-jeová que usava um terninho feminino com saia, que seria muito elegante não fosse numa padronagem de oncinha do topo ao rodapé. Foi inédito. Foi uma Sessão da Tarde. Foi... 101 Dálmatas! Tão, tão impagável que eu me segurava para não rir! De onde a mulher tinha saído, de algum programa de música brega? Fiquei com tanta pena dela que quase ofereci minha própria toalha para ela não sair com aquilo pela rua. Espero que o IBAMA não a tenha devolvido à mata pensando que ela tivesse escapulido de lá. Seria até legal se ela andasse com uma placa "Proteja a onça-pintada", conscientizando as pessoas da importância da preservação do meio-ambiente... Ela foi atingida pelo Armagedom da moda e não sabia.

Enfim, não se conhece uma pessoa pela aparência sempre. Mas algumas coisas que nunca mudam terminam por criar uma espécie de jurisprudência do julgamento à primeira vista que nos permite passar muita vergonha de nós mesmos e ser pegos de surpresa de vez em quando: seja o juiz de cabelo cumprido, o crente com tatuagem, o policial à paisana... o visual de uma pessoa pode dizer algo, mas não diz tudo. As atitudes é que gritam. E por mais que devamos nos vestir com decoro e bom-senso, não é apenas por isso que devemos ser conhecidos como discípulos de Cristo, e sim pelo amor e pela identidade de vida com ele.

Pra terminar isso, eu vou citar um causo que aconteceu comigo e que me deu muita raiva: Moro a cinco minutos da igreja que frequento. E meu estilo é calça jeans ou cargo, camiseta e tênis. Também corto meu cabelo curto e raramente o penteio - é prático. Todos os domingos passava por um senhor que era pastor na igreja aqui da esquina. Nós sempre nos cruzávamos e ele sempre me via passar com uma Bíblia de zíper debaixo do braço quando cada um de nós ia ao templo.

Pois bem, eu sempre o cumprimentava e ele nunca respondia, até que chegou o dia que passei a ignorá-lo, apesar de suas cãs.

Um belo dia, antes de ir à igreja, eu decido que vou de terno e gravata. Saí todo arrumadinho e com a mesma Bíblia debaixo do braço. Nesse belo dia, o mesmo pastor que nunca falava comigo, apesar de me ver todos os domingos com a biblinha debaixo do braço indo para a igreja diz: "Boa noite, irmão!"

Nem lembro se respondi e o que teria dito. Mas eu me lembro do que pensei: veio na minha cabeça: por que não pará-lo tirar o terno e, erguendo-o bem alto diante dele, falar para o blazer e a gravata: "Vamos, pessoal, respondam ao senhor! Ele está cumprimentando vocês!"... Parece que minha amiga que falava de crentes antipáticos não estava totalmente sem fundamento.


***
Fonte: Não, Obrigado!. Postado por Leonardo Gonçalves, no Genizah e no Púlpito Cristão.
Comportamento 8771410495519174770

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  1. Eu tbm passei por isso. Foi uam vez durante uma trilha de moto. Chegamos no topo de um morro onde faziamos os "pega" em uma pista de cross. Eu falei para um outro irmão que estava comigo: "Lá está nossa igreja! - Apontando para o Sul", ai um camarada atras de nós falou: "Não a igreja está ali! - Apontando para o leste na Igreja Católica".

    Então falei que era evangélico e minha igreja era a que ficava ao sul. Ele ficou espantado e perguntou: "Mas vc é crente!? E faz trilha!? crente pode fazer trilha!?"

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  2. Aí, concordo com o Avelar, mas o que este texto tem de apologética ?
    Não quero ser chato não, mas acho importante ser coerente com a linha editorial do blog.
    Se formos discutir usos e costumes isso aqui vai virar uma briga fraticida sem fim. Melhor concentrarmos nossa munição nas idéias hereges do Estevan, Edir Macedo, et alli.

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  3. Uma vez eu falei pra minha vizinha que era evangélico, ela ficou de queixo caído, mas como, você não parece crente.
    Fiquei muito mal, não demonstrar que sou servo de Deus, quer dizer que sou do mundo. Então comecei a buscar meus erros, meus problemas, e acabei descobrindo que ela não conhecia crente amigável.

    Uma outra vez, no postinho, uma mulher pra mim, sabe que nunca conversei com crente, pois sempre tive em mente que vocês eram chatos, dai falei o que veio em mente... Somos todos iguais, não podemos forçar as pessoas a ouvir a palavra de Deus, falamos se ela pede. Somos legais, simpáticos, educados e temos em nosso curriculum as mesmas escolas que seus filhos, ou mesmo, você, como estudaríamos juntos sem ter uma convivência próxima!!!

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  4. Pura verdade, mas fala sério Avelar... não é mesmo legal quando alguém acha incrível sermos "crente" depois de descobrir que a gente ri, usa chinelo e tudo o mais?!
    Eu tive uma experiência com um professor de cursinho que se tornou um amigo apesar de não suportar crente, acontece que durante uma de suas aulas descobriu que eu era crente, ele me achou bem diferente, aliás tão "normal" que disse que olharia para os cristãos de maneira menos preconceituosa a partir do comportamento que demonstrei.
    Eu bradei de alegria para honra e glória de Jesus, lógico! rs...
    O que atrapalha e reafirmar ainda mais esse estereótipo de crentão são essas séries de denominações que doutrinam fora da PALAVRA e ditam as regras de um povo metido a santarrão.
    Talvez, muito em breve, as pessoas passem a estudar os anjos e vestir tbm suas roupas em busca de imagem mais beatificada...
    Eu não duvido, não!

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  5. Caro Avelar Jr.

    A paz do Senhor! Graça e Paz! Boa Tarde! Bom Dia! Boa Noite! Tudo Bem?

    Várias maneiras de se cumprimentar e várias maneiras de esconder que se é CRENTE. Muitos preferem ser apenas crentes.

    Penso que esta matéria é infantil e desprovida da realidade bíblica, por ser apenas um manâncial de ordem social e não de orientação bíblica.

    Os fatos relacionados com o ser crente ou não, segundo as orientações de cada líder "evangélico" ou não, não deve ser motivo de valorizar o seu escolhido aspecto de se vestir ou não.

    Penso que cada um se veste como desejar, claro que, com a sensibilidade l[ogica para não abocanhar os modismos escolhidos pelos desenhistas de moda e suas definições de moderno.

    Vejo pobreza nesta insinuação sobre pessoas.

    Pessoas e suas escolhas não são fundamento para o evangelho. E sim as considerações provenientes da Palavra de Deus.

    Bem sabemos que um verdadeiro homem ou mulher de Deus com o compromisso com Deus. E o desejo de servir a Deus. Não deixará de prover para si as condições necessárias para não ser comparado a qualquer vulgar desta terra em seu modo de vestir.

    A regra principal, será sempre aproveitada com a simples incubência em manter-se com a razão e a lógica, sobre o que procede ao comportamento devido pelo menos às normas sociais da igreja, e por seguinte em sua vida e responsabilidade para o evangelho.

    Sobre o julgar as pessoas pela maneira de se vestir, não é muito feio, é muito sério. Mas sim, podemos avaliar uma pessooa pela maneira de se vestir, creia, na maioria das vezes. Principalmente na hora de procurar um bom cargo em uma conceituada empresa.

    Experimente ir à qualquer maneira em busca de trabalho. Risos!

    O Senhor seja contigo!

    O menor de todos.

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  6. João Marcelo de Melo5 de maio de 2010 às 11:07

    em cidades do interior é típico identificar um "crente" apenas olhando para suas roupas, corte de cabelo e as feições da face que parecem serem todos de uma família só... sem contar as mulheres que usam vestido (acho sexy) tipo secretária, mas com as pernas sem depilar (alguém vai achar sexy, eu não, acho uma porcança)

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  7. E não é só no modo de vestir. Mas pelo jeito de falar. O tal do "evangeliquês".

    É claro que um cristão não vai ficar falando palavras torpes, mas um elemento veio me dar uma lição de moral porque eu disse: "Vou ali resolver um problema, falou!". Segundo ele crente tem que falar "Irmão, já estou saindo. A paz do Senhor!".

    Por isso, além da roupa, colocaria o que a pessoa fala. É mistério...

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  8. muito interessante e acho que muitos passam por o que eu passo tambem.
    - Caminhando pela rua de trajes comuns(bermuda, camisa , chinelo) passo por um crente qualquer que me conhece, sabe que tambem sou evangelico, quando ele me comprimenta, diz: opa! ou i ae? , como vai? etc...
    se numa situação em que vou pra igreja, de roupa social ou não (importa que estaja de calça comprida) passando pelo mesmo crente ai muda a saudação pra A PAZ DO SENHOR! CONTA AS BENÇÃOS IRMÃO , SÓ VITORIA? OH GLORIA!!!...
    entedi que pra deixar de ser Crente basta mudar de roupa(para eles é claro)

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  9. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK...Boa. Mas serve para nos lembrar que devemos nos esquadrinhar para não incorrer no mesmo erro.

    Abçs,

    Ismael

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  10. Há algunas anos, estava em uma oração que tinha um bom número de pessoa. O ministério era da Ass. de Deus, apesar de estarmos reunidos em uma grande varanda da casa de um dos irmãos, no decorrer do trabalho, um dos dirigentes, falou para as pessoas que alí só davam oportunidade para aqueles que o Espírito Santo indicava. Sendo pentecostal, e fazendo já parte dos móveis e untensílios da casa, eu sempre ouvi este blá blá blá antes. Lá no final da varanda, estava lá uma senhora, ainda jovem, com os cabelos compridos presos em coque. Daqui a pouco, um dos dirigentes dá a ela a oportunidade de falar na frente. Certamente, ele pensou que ela fôsse até uma missionária - quando ela se levantou e foi lá, vimos que ela estava com calça comprida(particulamente não a condenei), mas o que foi mais hilário, é que ela disse que nem cristã ainda era - que apenas foi convidada para assistir o trabalho. Ri muito, e lá no fundo falei: BEM FEITO!







    De

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  11. Eu rolo de rir com os comentários sobre este texto toda vez que alguém o republica. Acho que cada um de nós tem várias histórias a contar sobre o assunto, especialmente as engraçadas e irônicas.

    O texto foi para pensar e também descontrair. Acho que muitas vezes a imagem e ou o preconceito atrapalham muito nossa missão. Acho não, tenho certeza!

    Abraço a todos!

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  12. mas que todo evangélico(a) tem a mesma cara isso tem, até parecem ser da mesma família, em especial os congregados da Assembleia de Deus e Congregação Cristã do Brasil - aqui na minha cidade todos se parecem.

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  13. Engraçado, comigo já foi o contário. Por conversar bem, ter um bom comportamento, saber me vestir e me portar, já me perguntaram se era evangélica. Respondi que era católica (hj me considero apenas cristã-desigrejada)e vi umas caras de surpresa (até mesmo de deceção).
    Fui criada num lar católico, fui batizada bebê,fui ao catecismo, fiz primeira comunhão... não é porque sou ou não católica que isso faz de mim uma pessoa pior. A educação vem de berço. Conheço evangélicos que eu poderia identificar como da "pá virada", mas são evangélicos.
    O comportamento, caráter é de cada um.
    Tenho no meu convívio pessoas evangélicas, católicas, espíritas e atéias, muito dignas por sinal.
    Mas como diz o ditado: as aparências enganam. E muito.

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