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Vergonha

rev. Digão


Vergonha é um sentimento horrível. É aquela sensação de desconforto, de estar fora de ambiente, de estar completamente deslocado, em um lugar que não é seu. Aquela vontade de se estar em qualquer lugar, menos naquele que gerou a vergonha.

Já tive algumas vergonhas na vida. Vergonha das espinhas, vergonha das notas ruins na escola, vergonha de não ter grana. Mas todas são vergonhas passageiras.

Ultimamente tenho tido muita vergonha. Vergonha de me identificar como evangélico. Vergonha de me identificar como pastor. Entendo que “evangélico” é um lindo termo que transcende definições eclesiológicas. “Evangélico” é tudo aquilo que é nasce do Evangelho. “Evangélico” é o temor a Deus, a vontade de fazer diferença positiva na vida das pessoas, é ser sal e luz em um mundo podre e escuro. Entendo também que “pastor” é um dom espiritual, como nos mostra Ef 4, mas também com a capacidade da pessoa sendo burilada e trabalhada nos bancos de seminário e livros de teologia.

Tenho vergonha de me identificar como evangélico porque, no Brasil, evangélico é sinônimo de alienação, de roubalheira, de falta de vergonha na cara. O evangélico brasileiro conhece muito seus ídolos, que saem nas “contigos” gospel, sabe bem de suas carreiras, que insistem em chamar de ministérios, mas que são verdadeiras máquinas de gerar dinheiro. O evangélico brasileiro médio (com as honrosas exceções de praxe) desonra o Deus do Evangelho da Bíblia, pois é, via de regra, um imbecil acéfalo que não sabe discernir o bem do mal, mesmo passando tanto tempo nos templos hedonistas que um dia foram igrejas. Esse ser imbecilizado alimenta e é alimentado por uma máquina chamada “mídia evangélica”, que é até mais podre que a mídia secular, já que os escândalos da Madonna são escancarados à luz do dia, mas os escândalos das estrelinhas gospel são devidamente abafados para o bem comum do deus Baal e seu representante mamom, a quem servem com alegria de coração.

No Brasil, pastor de "sucesso" é pastor midiático, que tem seu programa na TV, na rádio e onde mais puder aparecer para arrancar dinheiro da manada. Desses, a exceção é Hernandes Dias Lopes, homem que zela pela integridade em suas pregações. Quanto ao restante, ao menos aqueles conhecidos em nível nacional, as antigas pegadinhas do Ivo Hollanda eram mais íntegras e honestas! Esses não são pastores, pois não cuidam de pessoas, e sim de empresas; sua fonte de contentamento não é o resultado da cruz na vida de pessoas, e sim o resultado dos balanços patrimonial e líquido crescentes; o Deus dos Exércitos, Pai de nosso Senhor Jesus, lhes é desconhecido, ao contrário de Baal, que lhes é íntimo.

Sim, sou pastor evangélico. Mas não quero mais ter vergonha. Não sou midiático, não engano as pessoas prometendo o céu a módicas prestações de mil reais nem encubro delas as dificuldades de se manter um compromisso de vida cristã. Quando viajo de avião, compro só a passagem, não o avião inteiro. Creio no Evangelho, no poder da cruz, na limitação do diabo, na salvação acompanhada de mudança de vida, de conduta e de padrão de pensamento. Creio que a igreja está terrivelmente enferma. Mas não irremediavelmente. Aqueles que são dEle, a verdadeira Igreja, o Corpo que permeia a instituição, resplandecerá, enquanto que o refugo que hoje brilha o fulgor de satanás será desmascarado em breve. Creio nisso. E é o que me mantém são. Mesmo em meio à vergonha.



rev. Digão não tem vergonha de colaborar com o Genizah

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  1. Prezamado rev. Digão,

    A paz do Senhor!

    Senti vergonha há mais tempo. Muita vergonha! Somente de uns tempos para cá, resolvi assumir de vez.

    Hoje, está muito mais fácil, sermos reconhecido ou criticado. Nunca o joio esteve tão diferente do trigo. Existe uma natural assimilação do real com a fantasia. Existe uma cegueira espeiritual e uns ou outros, com uma preocupação maior com a verdade.

    Digo, uns ou outros, porque a Porta Estreita, recebe cada vez mais, um número menor de associados com a verdadeira Palavra de Deus.

    Enquanto a porta larga, a larga porta, os que entram por ela, não se associam com a sua "sábia matéria sábia".

    O Senhor seja contigo!

    O menor de todos. Certamente!

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  2. Querido companheiro de lutas,

    É isto mesmo! Estamos cercados, há o joio que o Senhor separará e nele não tocamos, mas há as raposas e lobos invadindo o rebanho e estes vamos espantar, vamos de funda, vamos de grito, de blog e tudo o mais... A luta é desegual, seremos chamados de bandidos por uns e ridicularizados pelos de fora... Mas nada nos resta fazer. Ai de nós de não pregamos o Evangelho! Vamos pregar e mexer, para a cra ca não grudar, por que de agora para frente é cada vez mais orar e vigiar, pois a carroça tá na beira do pico do morro, a lombada adiante e não tem freio!

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  3. Rev. Digão, mesmo com tantos "falsos profetas" e "vendilhões do templo" tenha certeza que ainda há muitos evangélicos que sabem discernir o joio do trigo e não são massa de manobra. Existem muitos pastores pelo Brasil afora, longe da mídia, até mesmo da web, realizando o seu trabalho de forma digna e honesta, dia a dia, sol a sol, passando necessidades, vivendo sem conforto, mas firmes na Fé. É claro que nos grandes centros, nas capitais mais populosas, nós sofremos demais com o preconceito. É difícil? Claro que é. Quantas vezes fui ridicularizada por ser evangélica no meio de colegas professores universitários que não entendiam como alguém que estudou tanto pode ser crente! Nessas horas, é preciso muita paciência e a orientação de Deus. Não pelo orgulho pessoal, mas pela tristeza de ver a nossa Fé desqualificada, por sermos tachados de ingênuos sem esclarecimento. Temos vergonha por esses que fazem da Fé um espetáculo de desrespeito à Palavra, levando a mídia a sempre dar notas irônicas quando algum "evangélico" é surpreendido em situações não condizentes com a dignidade. Mas siga em frente, seu trabalho é Missão nobre e perdoe aqueles que ainda não entenderam o quão importante e poderosa é a Graça de Deus! Ore por eles, pois Deus vê tudo!
    Um abraço.
    Dolores Fernández

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  4. O texto representa exatamente o que eu sinto. Infelizmente estamos vendo o Evangelho ser dilapidado e desconstruido para ser usado da forma mais conveniente por estes aos quais me recuso chamar de pastores (ou bispos, apóstolos, etc, etc....)

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  5. Sou um leitor médio, ouvinte idem. Minha fé deveria então, já que ela vem pelo ouvir, estar na média. Feita a apresentação. Vejo quando posso o Rev. Hernandes Dias Lopes (HDL - o bom colesterol, brinco)que disputa minha preferência (em TV aberta)com o "Está Escrito". A Apologética já tem catalogado o Adventismo. Tudo bem. Mas ouvindo Fernando Iglesias nas manhâs de domingo, tenho-o como exemplo da simplicidade. E as cosisas simples, são quase perfeitas. Noves fora. Tudo bem. Quanto à conduta ética, vide GENIZAH, também elogio Fernando Iglesias ou a quem ele representa. Há um tempo atrás, com a crise apavorando, colocou uma conta bancária à disposição. Retiraram. Em meio ao fogo cruzado, gostaria de fazer este registro. Um abraço, Silvio.

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  6. É... de fato pastor Digão também me envergonho do que fizeram com o termo "evangélico". Hoje, se apresentar como alguém dessa classe, não quer dizer muita coisa.

    Quando coordenava o depart de cobrança de determinada empresa, ouvi o dono dizendo: "O maior índice de inadimplência em minha empresa vêm dos que se entitulam evangélicos, isso não garante nada pra mim".

    Bom mesmo é ser cristão!

    Ah sim, o "Evangelho"? Não, deste jamais nos envergonharemos. Rm 1:16

    Para estes, há algo certo: Apocalipse 22:19

    Quanto ao Hernandez Dias Lopes, homem de Deus, meu conterrâneo, pastor da minha denominação, de fato, é um dos que ainda permanecem fiéis. Glória a Deus por isso.

    P.S: E ainda dizem que a "IPB" não cresce porque está morrendo, será? Há controvérsias! Mas esse é outro assunto...

    E se alguém aí gosta de ouvir verdades, dá uma escutada nisso aqui:
    http://www.youtube.com/watch?v=5oU_QVwTrk0&feature=player_embedded

    Graça e Paz!

    Luciana Reis

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  7. Rev. Digão: não sou pastora, não sou líder, aliás, atualmente nem frequento uma igreja, só um grupo, que tenta se edificar.
    Tento simplesmente ser cristã, na definição correta da palavra: aquele que segue a Cristo.
    Seu artigo define muito bem o que eu sinto, então agradeço por isso.
    Mas não quero perder de vez a esperança. Afinal, Deus sempre manteve um remanescente fiel...
    Graça e Paz

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  8. Caro Danilo:

    Por essa razão, publiquei em meu blog que me sinto extremamente honrado em partilhar o púlpito, como um dos preletores, com o Rev. Hernandes Dias Lopes, na Cúpula Pastoral que será realizada em Belo Horizonte em preparação para o Festival de Esperança. É preciso que outros desse naipe se levantem.

    Abraços!

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  9. Me perdoem..Mas vergonha de ser evangélico?? Eu não tenho não, primeiro porque meus principios evangélicos não se baseiam nesta "palhaçada"que está por ai e sim o evangelho de Cristo, ainda que eu seja falho prosigo para o alvo...
    Tenho vergonha sim de não me envolver mais para mostrar uma nova cara de evangélico para este país... Me envergonha de mim mesmo...

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  10. Rev. Digão, Não me envergonho de ser Evangélico, crente, protestante, ou qualquer outro título. Me sinto em grande desconforto quando algum colega me ridiculariza por isso. Fica até difícil falar de Jesus para eles. Tento através de meu exemplo passar o verdadeiro Evangelho de Cristo. Sei que é difícil, porque eles nunca ouviram falar de Jesus, só daquele Gizuz, tão comentado por aqui. Louvo a Deus, pela vida do Rev. Hernandes Dias Lopes, o qual tive a oportunidade de ver pregando em nossa igreja. São pessoas como ele, e o meu Pastor Jecer Goes, que me fazem andar em frente e não desviar do alvo. A luta é difícil, mas Jesus já alertou e disse uma vez: No mundo tereis aflições (não carro novo nem aviões), mas tende bom ânimo, pois eu venci.

    Maranata.

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