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Tragédias? Desde que sejam bem longe de nós...


Hermes C. Fernandes


“Quem é o meu próximo?” Foi esta a pergunta que um certo doutor da Lei fez a Jesus. Em outras palavas, ele queria saber com quem ele deveria realmente se importar, ou quem ele deveria amar.

Há vários tipos de proximidade. Alguém pode estar próximo geograficamente, mas completamente distante em termos ideológicos, sociais, até mesmo religiosos. Teríamos a obrigação de nos importar com o que acontece a pessoas que vivem do outro lado do mundo? Poderíamos considerar as vítimas da enchentes em Santa Catarina como próximas? Afinal, são mais de mil e quinhentos quilômetros que nos separam. E quanto àquelas que trabalham conosco, compartilham do mesmo expediente, mas que pertencem a outra realidade social? Teria o chefe que amar os seus empregados, haja vista o abismo social que os separa? Teria a empregada doméstica que amar sua patroa?

Para responder à pergunta capiciosa daquele doutor da lei, Jesus contou uma parábola cuja trama envolvia cinco personagens distintos:

1º - A vítima Alguém que ia de viagem tranquilamente, sem saber o que lhe esperava.

2º - Os assaltantes Pessoas mal intencionadas, que se aproximam da vítima com a única intenção de tirar-lhe tudo o que tinha, inclusive a vida.

3º - O Sacerdote – Alguém de quem se esperava, no mínimo, compaixão, mas que passa pelo moribundo, fingindo que não o viu, pois de tão ocupado com questões espirituais, não teria tempo pra perder com alguém de carne e osso como ele. Ademais, caso aquele homem morresse enquanto era socorrido, o sacerdote seria considerado impuro para o exercício de seu sagrado ofício. Havendo tanto em jogo, era preferível ignorar o sofrimento de seu semelhante.

4º - O Levita – Alguém pertencente a uma tribo considerada especial dentre as demais que compunham o povo de Israel. De tão especial, não se dispôs a cuidar de alguém comum, pertencente a uma outra classe de pessoas. Por isso mesmo, passou de largo.

5º - O Samaritano – Apesar do susto que seus interlocutores levaram quando Jesus introduziu em sua estória esta figura non grata, todos ficaram surpreendidos ao imaginar a cena de um samaritano, movendo-se de compaixão, tratando as feridas, carregando o moribundo em sua cavalgadura, perdendo um dia inteiro de viagem para encontrar um lugar para hospedá-lo, e ainda por cima, pagando antecipadamente pelos cuidados a ele dispensados durante a sua ausência. Como alguém pertencente a uma sub-raça detestada pelos judeus, poderia ser capaz de um gesto altruísta como aquele?

Cada um desses personagens aponta para 5 classes diferentes de pessoas com quem freqüentemente esbarramos em nossa caminhada pela estrada da vida.

A vítima abarca a sociedade como um todo. Não há quem jamais tenha sido vítima de algum descaso, de uma tragédia, ou mesmo de um preconceito ou injustiça. O lema deste grupo é "por quê eu?"

Os assaltantes representam aqueles cujo lema é “o que é teu é meu”.

O sacerdote representa o grupo cujo lema é “o que é meu é meu”. Para preservar o que tenho, não posso me expor pra socorrer quem quer que seja.

O levita representa o grupo que diz “o que é teu é teu”. Em outras palavras, cada um que carregue a sua cruz. Não vou me envolver com problemas alheios, pois estou por demais ocupado com as coisas espirituais, pensa o levita, enquanto passa "levitando" por entre os demais mortais.

O Samaritano é aquelo cujo lema é “o que é meu é teu”. Por maior que seja o abismo que o separa dos demais, ele é capaz de transpô-lo, movendo-se por compaixão, e não por preconceito. Mesmo sendo vítima de discriminação, ele não se vê assim. Ele não apenas surpreende por se importar, como também supera todas as expectativas, fazendo muito além do que sua obrigação.
Em tempo de globalização, todos aqueles de quem temos notícia devem ser considerados nossos próximos.

As tragédias ocorridas ao nosso redor são permitidas por Deus para que redescubramos o caminho da compaixão e do amor.

Hermes Fernandes é um dos mentores da Santa Subversão Reinista no Genizah

Postar um comentário

  1. Pr. Flávio Alcântara19 de abril de 2010 às 22:53

    Belo texto!Vivemos um tempo ou todo tempo vivemos sendo educados, condicionados, ensinados, pressionados, "exemplados" a cuidar dos nossos próprios interesses. A visão de Jesus Cristo é completamente diferente. Ele nos ensinou a importância de um relacionamento com as pessoas, sendo instrumentos para minimizar suas lutas e dificuldades. Isto é que é Evangelho, e o resto é arma do inimigo para afastar os "crentes" desta realidade. Como disse o servo do Senhor, Pr. John Piper: "Eu odeio a Teologia da Prosperidade" e eu também odeio e sei que você que aprecia Genizah, também odeia. Deus abençoe a todos nós! Pr. Flávio

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  2. Pois é, mano Hermes, amigo velho de guerra!
    Justamente por isso penso que muita cura tem sido retardada por Deus no nosso meio para que exercitemos, para que ponhamos em prática o carregar os fardos uns dos outros. É mais fácil pedir que Deus nos livre de enfermidades, mas não por amor ao enfermo, mas para nos vermos livres de encheção, de trabalho... E isso nada tem a ver com o caminho da compaixão, muito menos do amor.
    Abração, cara!

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  3. Show o texto. Realmente temos que ser bons samaritanos sempre, mas algo que nos implica em fazer como o bom samaritano fez, é o entendimento do que o mundo acha sobre os que fazem isso, chamam de otários, idiotas, aí as pessoas se ligam nisso e não querem ajudar, mas nosso entendimento é além disso, pois não ficamos debaixo dessa lei, a do mundo, mas de Cristo.
    Já tomei várias voltas na vida, mas nem por isso deixo de ajudar, hoje mesmo pintou uma pessoa e me pediu lanche, fui lá com ele dei o lanche e falei de Jesus tambem, pessoa de rua. Assim vamos que vamos. Só compartilhei isso com vocês pois me sinto entre pessoas que tem a mesma atitude, mas tambem não fico falando o que faço pra ajudar tipo político não, faço que nem o irmão Hermes comentou num texto sobre seu pai, no sapatinho, em segredo, só eu e Deus e não é pra vanglória não, é para tentar exercitar e agir como Jesus pediu, sempre ajudar sem querer aparecer.
    Abração pra geral e Paz.

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