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O risco de se pregar o amor


Hermes C. Fernandes


Lembro de quantas vezes ouvi meu pai falar de amor. Essa era, sem dúvida, uma das tônicas de seu ministério, o que lhe rendeu o apelido carinhoso de “apóstolo do amor”. Não foi ele quem se intitulou assim. Aliás, ele nunca ligou muito pra título. Por isso, só pouco antes de morrer, na semana em que partiu, aceitou ser sagrado bispo.

Mas ele sabia dos riscos que havia de se pregar o amor. Algumas pessoas mal intencionadas se aproveitavam para extrair dele algum benefício, e quando ele não podia atender à um pedido, logo o chamavam de incoerente, de não viver o que pregava, etc. A bem da verdade, algumas vezes ele caiu em verdadeiras armadilhas. Ele preferia acreditar nas pessoas, até que se provasse o contrário.

Muitos dos seus gestos de amor eram feitos à surdina. Eu mesmo já testemunhei ocasiões em que ele ajudou alguém, e pediu que não divulgasse. Ele buscava seguir à risca à orientação dada por Jesus: o que fizer a mão direita, não o saiba a esquerda.

Quando decidi fazer da mensagem do amor uma das principais ênfases do meu ministério, eu estava plenamente ciente do que isso me acarretaria. Eu seria julgado com mais severidade. Seria acusado de incoerência, quando tivesse que disciplinar alguém na igreja. Teria minha vida constantemente perscrutada por aqueles que me almejassem “desmascarar”. Mas resolvi correr o risco.

Confesso que às vezes o preço parece mais caro do que eu supunha ser. Mas, por outro lado, é gratificante. O resultado positivo não pode ser ofuscado por nenhuma contestação ou acusação.
Que me acusem do que quiserem. Não me importo. Mas jamais se atrevam a atacar a mensagem, pois ela não é minha, é de Deus.

Não vou deixar de pregar o amor, ainda que, quanto mais amar, eu seja menos amado. Não busco ser correspondido. O amor de Deus por mim supre minha carência por completo. O fato de Ele me amar é suficiente para que eu ame tanto a meus amigos, quanto a meus desafetos.

Continuarei pedindo discrição daqueles a quem eu tiver oportunidade de ajudar. Minha recompensa vem do Senhor.

Não vou perder tempo emprestando meus lábios às acusações, sejam elas infundadas ou não. Como também não quero perder tempo me explicando, me justificando, pois tenho quem me defenda e me justifique. Com a palavra... meu advogado... Jesus!

Trata-se de um caminho sem volta. Seja qual for o preço a ser pago, não se pode retroceder.
Que o mesmo Espírito que derramou profusamente o amor de Deus em nossos corações, nos dê condição de arcar com os eventuais custos disso.

Pregar o amor é colocar-se no banco de réus. Viver o amor é dar às pessoas amadas o poder de nos decepcionar. Mas é o mesmo amor que nos agracia com o dom de perdoar.

Hermes Fernandes é um dos mentores da Santa Subversão Reinista no Genizah

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  1. É muito bom viver esse tipo de amor verdadeiro. Sobretudo quando ele não aparece ostensivamente, e ainda que o alvo dele nos decepcione. Quem não age assim não ama, pois amar é atitude e não sentimento. E quem não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor.

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  2. De todas as pessoas das quais passei a ler algum artigo aqui, você é das que consigo ver mais revelado o caráter de Cristo. Você sabe buscar o que é proveitoso, construtivo, de boa fé em tudo que pondera, sem perder a noção daquilo que é nocivo à fé cristã. A impressão que tenho é de que muitas das matérias veiculadas aqui não levam em conta as milhares de vidas que estão arroladas no contexto criticado. São pessoas e famílias que viviam, muitas delas, na iminência de um suicídio (considerar o sentido mais amplo possível), de uma falência (mais amplo possível), mas foram alcançadas de alguma forma por um evangelho, vamos dizer, capenga (aos olhos de alguns). Não podemos esquecer o belo exemplo Cornélio, que apesar de buscar agradar a Deus de sua melhor forma, ainda que não fosse a forma plena (humanamente falando) que Deus queria. O próprio Deus lhe direcionou o caminho para uma espiritualidade mais elevada. Ele tem o controle de tudo, e os que precisam crescer, ele se encarrega de enviar os mensageiros. Por isso entendo que você seja um destes, que foi escolhido para fazer crescer o reino sem dividi-lo mais ainda, pelo contrário fazendo-o somar.

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  3. Meu irmao, esse texto é uma boa palavra ao meu coraçao, mas creio que nao só para o meu, mas para muitos. Eu precisava de ter lido isso no dia de hoje. Que Deus o abençoe!

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  4. Paz de Cristo.
    Estava out mas tô na ativa.
    Me identifiquei a vera com esse texto, pois tambem amo ás pessoas e já fui vítima de algumas pessoas espertas, mas Deus me deu refrigério e sua Paz, para que eu não parasse.
    Realmente o texto reflete muito sobre o que sofre quem ama sem esperar em troca, pois foi assim o amor de Cristo por nós.
    Abração e Paz.
    Deus abençoe.

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  5. É isso...

    O maior desafio de pregar o amor, é fazer de nossas vidas o primeiro e grande exemplo à quem nos ouve. O segundo, é de fato influenciar as pessoas mais à prática que à teoria..

    Abraço fraterno.

    No mais... Paz!

    Pr. Jesiel Freitas

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  6. Que texto maravilhoso!
    Quando o senhor o postou aqui, foi exatamente no dia em que Deus precisava ministrá-lo ao meu coração, mas só consegui postar um comentário agora. É sempre bom ouvir de Deus: "Amar ainda vale apena, mesmo que isto signifique sofrer." Louvado seja Deus por sua vida e por esse texto que nos faz ver que ainda há pessoas que, como nós, estão remando contra a maré do desamor.
    Deus o abençoe muitíssimo! no

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  7. Apesar de minha juventude, certamente viver esse Amor é meu projeto de vida.

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  8. Como sempre uma palavra do Limpa do Espírito aos nossos corações ...


    PS: Vou publicar no meu espaço , coisa boa agente passa adiante.

    Deus abençoe o irmão.
    Paz.

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