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O crente e a zona

Por Zé Luís

- E vocês? Quem pensam que Eu sou? - perguntou o Mestre a seus íntimos.

A sociedade a sua volta se dividia em suas opiniões, falavam em antigas profecias, talvez profeta, talvez a ressurreição de um homem santo qualquer. Mas para o Mestre, o que interessava era a opinião de seus íntimos, daqueles que viviam com Ele.

Ontem, ouvi uma história interessante:

Um crente, daqueles de terno e gravata, em dia quente, bíblia surrada debaixo do braço, sujeito sincero em sua fé, temente a Deus, buscando cumprir a risca sua cartilha. Sempre na busca de não dar um mau testemunho, de não fazer tropeçar os que, por exemplo, tem sua vida reta como referencial de cristão.

O percurso de sua casa até a igreja passava por um prostíbulo, também conhecida como zona.

Se tem uma coisa que este crente não pode ser acusado era ser fraco nesta área. Jamais cedeu ao apelo sexual das meninas que expunham seus corpos para a prostituição de sua forma mais tradicional.

Tão firme era ele que, um dia, duas prostitutas o cercaram. Queriam a todo custo se aproximar do crente. Elas, não tão novas, estavam cobertas de maquiagem e um forte perfume. No interesse de detê-lo em seu caminho, tentaram até pegá-lo pelo braço, mas ele se esquivou. Faltou pouco para que ele voltasse de sua fuga, e com o dedo em riste, repreender aquela tentativa – desagradável, inapropriada, não condizente, inoportuna.

Mas ainda era sábado: Havia um domingo pela frente. O culto daquele sábado trouxe um crente orgulhoso em sua postura correta. O de domingo traria outra história.

Na ida do culto, o velho meretrício já estava em pleno funcionamento. O crente, como sempre, fez seu trajeto obrigatório, mas agora só uma das prostitutas do dia anterior estava ali. Vestida com o mesmo shorts curtíssimo, chorava sentada a calçada, o que chamou a atenção daquele cidadão tão devoto:

- O que acontece? Por que chora tanto?
- Minha amiga... - falou a quenga, só então olhando no rosto de quem a questionava.

Os olhos inchados e vermelhos não iam ajudar a ter muitos clientes naquela noite. Após uma breve pausa, questionou:

- Não foi você que passou por aqui ontem?
- Sim... - recuou ele.
- Minha amiga estava desesperada, ela queria sair desta vida. Nessa vida de prostituta, só crente não põe o pé. Ela acreditava que os crentes poderiam ter a resposta...

O homem ouvia aquilo e um sentimento de vergonha e orgulho se confundiam.

- Onde está ela? - perguntou ele, se preparando para dar as respostas necessárias.
- Ela se matou...

Infelizmente, esta é uma história verídica.

A preocupação de ter um bom conceito entre os irmãos de nossa respeitável comunidade fez com que eles esquecessem o porque de toda esta santidade: viver em prol destas prostitutas, drogados, gente má sem Jesus. Aos que estão com o Mestre, cabe a consciência que também é o mesmo tipo de gente ruim, mas que deixou que cometer certos pecados mais óbvios.

O Cristo se contenta com a opinião de quem realmente lhe conhece: “Eis meu Filho amado, em quem me comprazo”. O desafio satânico no deserto não mexeu com os brios do Filho.

Para Pedro, saber que era a pedra que fazia parte de uma edificação eterna foi suficiente. Para Tomé, um Mestre que reconhece suas limitações céticas e não o rejeita, é o que interessa.

O sincero crente fez o que lhe mandaram, mas note o quanto sua cartilha está distante do discipulado do Mestre.

Enquanto o Filho ensinava a abraçar a ralé, o discípulo os abomina, como se o Mestre pudesse ser ignorado nos pontos mais difíceis de seu ensinamento.

Aceitar a Jesus como seu Salvador é fácil. Duro é aceitá-lo como seu Senhor, seu dono. A partir daí, o que interessa é a opinião Dele. O que os irmãos vão pensar? O que pode acontecer se você for mau interpretado? Afinal: a opinião de Jesus é a que vale ou não?


Postou o Confuso Zé, no Genizah, sem saber para que serve um testemunho se ele me desabilita a ajudar as almas que interessam a meu Mestre
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  1. Profundo! Meditando um pouco no texto, eu acho que agiria igual ao crente da história, pra vergonha minha.As vezes manter um bom testemunho, é mais importante que fazer o que tem que ser feito.
    Parabéns pela postagem.

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  2. Cara... que história heim !

    Quantos crentes vestidos de branco nós temos por aí, "cretes" com uma mascara linda, crentes que adoram estar em um pedestal, que falam do amor mas amam apenas a sua vidinha dentro da igreja, longe dos problemas !

    Vcs me permitem publicar esse texto em meu blog?

    www.cabecajovem.com

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  3. Parabens ao autor desse belo artigo, a igreja ainda precisa aprender de maneira plena seu papel de sal da terra e luz do mundo.

    Sobretudo eu preciso aprender meu papel de sal e luz.

    Wendler Xavier

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  4. A realidade das oportunidades perdidas me incomoda! Não sei a vocês!! Perdemos muitas chances de falar de Jesus. Estamos sempre querendo o momento certo para abordar, porém quando somos abordados, ficamos mudos!! Me identifico com o estereótipo engravatado, apesar de não andar de paletó e gravata, apesar de não ser abordado por uma prostituta, fui abordado por situações com amigos e parentes e não aproveitei, no entanto quantas vezes entrei em bocas de crack, praças e até mesmo no carnaval para evangelizar. A questão são as oportunidades que perdemos não as que criamos! Jesus não perdia oportunidades! Quem não tiver esse pecado que atire a primeira pedra no nosso irmão engravatado... Eu confesso! Não posso criticá-lo!! Apenas... lamento

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  5. Se for possível divulgue meu blog
    www.serhomembasta.blogspot.com

    Grato!!

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  6. Olá a todos, quero parabenizar o trabalho do pessoal do Genizah.

    Referente a essa história, em uma breve análise, observo que esse crente não agiu de forma errada, vejamos:

    No texto diz que duas prostitutas queriam para-lo, ora, a bíblia diz que devemos resistir a tentação e fugir do mal. Acredito que essa pessoa não imaginava que essas mulheres queriam uma luz! Porvavelmente ele achou que queriam o seu dinheiro em troca o SEXO.

    Não vejo motivo nenhuma para julgar as atitudes das pessoas baseadas nessa história, salvo se as prostitutas dissseram esclarecidamente que queriam UMA PALAVRA DE DEUS E SAIR DESSA VIDA. Se elas disseram isso e o irmão fugiu, com certeza essa atitude é reprovável.

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