A Mulher na Corda-bamba da História
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Hermes C. Fernandes
Infelizmente não pude assistir ontem à cerimônia da entrega do Oscar. Chegamos tarde da igreja, e a cerimônia já está no final. Mas vibrei por saber que Sandra Bullock recebeu o prêmio de melhor atriz pelo filme "Um sonho possível. Curiosamente, a mesma atriz recebeu na noite anterior o prêmio "Framboesa de Ouro" de pior atriz pelo filme "Maluca Paixão". De um extremo ao outro em apenas 24 horas! Que bom que a bem humorada atriz não se deixou abalar com a brincadeira. Talvez isso sirva de analogia da atuação feminina ao longo da história. As mulheres sempre estiveram numa espécie de corda-bamba. Um dos maiores sucessos do grupo Roupa Nova expressa isso:
É a moça da cantiga
A mulher da Criação
Umas vezes nossa amiga
Outras nossa perdição
O poder que nos levanta
A força que nos faz cair
Qual de nós ainda não sabe
Que isso tudo te faz...
Dona...
A mulher convive com este estigma desde sempre. Ora heroína, ora vilã. Ora mãe e amante, ora responsável por todos os males. Ora "mãe de todos os viventes", ora aquela que nos induz ao erro. Quando somos bem-sucedidos, a classificamos como nossa coadjuvante, aquela "grande mulher que vive à sombra, atrás de todo grande homem". Mas quando fracassamos, damos sempre um jeito de acusá-la de ser a protagonista da conspiração que nos derrubou. É assim desde Adão. - Foi a mulher que Tu me deste, Senhor!
A dor do parto não foi a única que aumentou desde então. Aumentou também a dor da rejeição, da violência doméstica, do preconceito, da cobrança.
O fato inegável é que elas são as verdadeiras protagonistas de nossa história. É por elas que vivemos e morremos. Foi uma delas que convenceu o homem mais poderoso da galiléia a lavar as mãos, em vez de posicionar-se contra aquele santo homem que era julgado. Bastou um riso de uma delas para que o descendente do patriarca recebesse o nome de Isaque. Foi uma delas que tirou do sério o rei que era segundo o coração de Deus. Diante de uma delas o mais forte dentre os homens sucumbiu, acalentado por seus carinhos e apelos. Deus não precisou do sémen de um homem para trazer Seu Filho ao Mundo, mas fez questão do óvulo de uma mulher. Jesus foi chamado "Filho do Homem", mas muito antes foi chamado de "Descendente da Mulher". E ninguém a valorizou tanto quanto Ele. A maioria absoluta de seus milagres foi pra atender ao clamor delas. Foi graças ao clamor de uma, que Ele transformou água em vinho, Seu primeiro milagre. Graças ao clamor de duas delas que Ele ressuscitou a Lázaro, Seu último milagre antes de enfrentar a Cruz. Foi a choro de algumas delas que chamou Sua atenção a ponto de fazê-lO parar enquanto carregava a Cruz. Foi a uma delas que Ele primeiro apareceu após ressuscitar. Foi ela também a primeira a ser enviada para anunciar aos demais que Ele estava vivo. E foi o gênero feminino o escolhido para representar a comunidade de todos os remidos. Por isso, a igreja é a esposa de Cristo, a mulher que aparece no Apocalipse, vestida de sol, com uma coroa de estrelas e a lua aos seus pés. Nenhuma outra visão teria expressado tão bem o valor que Deus atribui à mulher.
Parafraseando Erasmo Carlos, "dizem que mulher é o sexo frágil... que mentira absurda!"Frágeis éramos todos nós quando fomos aconchegados no ventre-refúgio de uma mulher.
A todas as mulheres, meu sincero desejo de uma Feliz Dia Internacional da Mulher.
Hermes Fernandes é um dos mentores da Santa Subversão Reinista no Genizah
Show o texto.
ResponderExcluirParabéns á todas.
Paz aí.
Parabéns, ótimo texto.
ResponderExcluirGostei do final: "Frágeis éramos todos nós quando fomos aconchegados no ventre-refúgio de uma mulher."
Parabéns mulheres, vcs merecem isso e muito mais.
Hermes,
ResponderExcluir“corda bamba” em minha opinião a expressão é perfeita!
A música é linda!
Muito bom seu texto!