Caro Candidato às Eleições de 2010
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Hermes C. Fernandes
Sinto muito em lhe dizer que não poderei hipotecar o apoio do nosso rebanho à sua candidatura. Por uma questão de princípios, deliberamos deixar que nossos irmãos exerçam sua cidadania sem qualquer interferência, optando pelos candidatos que melhor lhes parecer.
Por favor, não insista. Não adianta oferecer ofertas, novos instrumentos ou aparelhagem para a igreja, material de construção, ou coisa parecida. Os votos do nosso povo são inegociáveis. Não me vejo em condição de subestimar a inteligência do meu povo.
Se quiser o voto de alguém, conquiste-o, fazendo por merecer. Não venha propor representar nosso seguimento e defender os interesses de nossa igreja. Este argumento não funciona conosco. Defenda os interesses populares, a justiça, o direito, e valores que representem o interesse de toda a sociedade, e não apenas de uma seguimento religioso.
Também não venha apelar para o medo, dizendo que os valores da família precisam ser defendidos, e que, por isso, sua eleição é tão importante. Não cremos que qualquer lei, por mais imoral que seja, ponha em risco nossa liberdade religiosa, ou o bem-estar familiar. Terror não nos convence.
Infelizmente, há muitos líderes cristãos dispostos a negociar e a ceder ao assédio dos candidatos. Mas antes de procurá-los, pense bem se é certo aproveitar-se da ingenuidade do povo, e da falta de princípios dos seus líderes.
Voto não se compra, se conquista.
E mais: se além de candidato, você também for “pastor”, não use seu título para fazer propaganda política. Isso é um desserviço ao Evangelho.
Espero ter deixado bem claro a nossa posição. Não se ofenda. Não se trata de intransigência, mas de princípios. Talvez você não esperasse esbarrar com alguém que ainda defendesse tais princípios. Mas saiba que não somos os únicos. Como nos dias de Elias, Deus tem preservado um remanescente de pessoas fiéis e comprometidas com a verdade e a justiça.
Em tempo: nossa igreja não está comprometida com nenhuma candidatura. Nosso púlpito não é palanque político. Se quiser visitar nossa igreja, fique à vontade. Mas não espere ser apresentado como candidato. Panfletar... nem pensar! Só se for do lado de fora, sem qualquer endosso de nosso ministério.
Que Deus levante homens em nossos dias, que a despeito do credo que professem, sejam éticos, sérios, e comprometidos com esta e com as próximas gerações.
Hermes Fernandes é um dos mentores da Santa Subversão Reinista no Genizah
Ai coitado! Com certeza ele se surpreendeu com essa resposta. Tadinho... estava acostumado com líderes ambiciosos, que angariam e forçam seu "rebanho" a votar neste tipo de candidato, e sofreu um baque desses.
ResponderExcluirParabéns! Vocês fazem parte de um número expressivo de igrejas que não se contaminam com politicagem-chantagista-santarrona-mentirosa. Somos no total, agora, no Brasil, de 0,1%.
Se 30% dos pastores de igreja ho Brasil não estivesse preocupados em agradar seu pastor presidente, sua convenção ou seu Lider de setor, esse lance de Irmão vota em irmão esta equivocado. Irmão vota em quem tem projeto social, interesse genuino em executá-lo, compromisso social, e acima de tudo, seja justo (não trabalha em favor de um nicho ou um guetto).
ResponderExcluirPastor troca os votos da igreja por ladrilho, cimento, e favores pessoais, é picareta e sem compromisso com o santo ministerio.
Irmão vota em irmão que tem projeto e compromisso social tb. do contrario perderemos um politico e um irmão.
Sugiro aos fracos de argumentos que decorem isso a matéria, fechem os olhos e recite isso ai pra o candidato antiético que fizer essa proposta indecente de troca de votos da igreja.
Parabéns pelo post.
Quem dera se cada igreja tivesse nos umbrais de suas entradas, entalhado como na pedra de Rosseta, estes escritos.
ResponderExcluirInfelizmente, certas "comunidades" são criadas para abastecimento desta corja que está prestes a se avolumar com discursos cheios de neuro-linguistica, e vazios de verdade.
Texto muito bom
Primeiro; Encontrá-lo em meu blog em meio aos que me seguem, foi entre tudo uma grande surpresa e uma grande honra.
ResponderExcluirSegundo; Esse texto deveria estar na porta de entrada de todas as igrejas do nosso Brasil varonil...
Abraços.
http://pastorabimaelalves.blogspot.com/
Que pena que essa igreja é minoria.
ResponderExcluirEm certo ano eleitoral, ouvi um pastor proferir o seguinte sofisma:
ResponderExcluir"O candidato apoiado pelo ministério é Fulano. Se você não votar nele, é porque não está em comunhão com o ministério. E se você não está em comunhão com o ministério, como vai participar da Santa Ceia?"
É de doer...
É muito bom ver como há muitos que não abriram mão dos princípios em troca do poder.
ResponderExcluirMas, uma vez Hermes você presenteou aos que acompanham o Genizah com um excelente post.
Lembro quando preparei um manifesto há duas eleições presidenciais e distribuímos aos pastores discordando da maneira como nossa igreja estava fazendo política.
Sempre defendi que a igreja é genuinamente política. E esta sua característica independe da presença de evangélicos em cargos executivos ou parlamentares. Ela é política, ainda que marginal, ou talvez até mesmo por esta condição ela é a proposta da política em seu sentido mais original. Basta ler a história de nosso Senhor Jesus e o impacto na sociedade de então e nas eras posteriores.