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O Cristianismo melhorou ou piorou o Mundo?



Hermes C. Fernandes


Ao afirmar que a humanidade caminha em direção a um futuro promissor, surge a questão: O mundo estaria melhorando ou piorando?

Muitos cristãos sinceros acreditam que o mundo está cada vez pior, e que isso seria prenúncio do retorno iminente de Jesus.

Discordo veementemente desta visão pessimista da história.

Cristo está reinando e conduzindo a História a bom termo.

Certo pastor estava ensinando em sua igreja que as coisas tendem a piorar e que isso seria inevitável para que Cristo voltasse. No final do culto, o mesmo pastor pediu que os irmãos orassem pela diminuicão da violência em seu bairro. Uma senhora levantou-se e disse: - Pastor, não consigo entender. As coisas não devem piorar pra que Jesus volte? Então por que deveríamos orar para que elas melhorem?

De fato, muitos cristãos vivem uma contradição. Oram e trabalham para que as coisas melhorem, porém esperam que as coisas piorem.

Pastores que pregam com veemência sobre a proximidade da volta de Jesus, investem milhões na construção de suntuosas catedrais.

Será que o Mundo de hoje está pior do que o Mundo de cem anos atrás, por exemplo? Basta uma rápida retrospectiva histórica, pra nos dar conta do quanto as coisas melhoraram, desde que Jesus caminhou entre nós.

Há quem nutra uma visão romântica dos tempos bíblicos. Como se aqueles fossem os tempos áureos da sociedade humana. De lá pra cá, as coisas só pioraram. Nada mais inverídico do que isso.

Imagine viver durante um tempo em que a maioria absoluta da população era analfabeta! Um tempo em que as guerras eram constantes. As famílias sequer tinham banheiros em casa. A escravidão era normal. Populações inteiras eram dizimadas por pestes freqüentes, etc. Imagine ter uma dor de dente naquela época! As pessoas sequer praticavam higiene bucal.

O Cristianismo com sua mensagem libertadora, tem provocado, ao longo dos séculos, a maior onde civilizatória da história. Examinemos alguns dos efeitos positivos diretos e indiretos, da propagação do Evangelho:

Expectativa de vida

A começar pela expectativa de vida: Em 1910 a expectativa de vida do homem brasileiro era de 33 anos, em 2000 saltou para 65 anos. Praticamente o dobro!

No Império Romano, quando os exércitos viviam em constante guerra de conquista, a expectativa média de vida não passava de 23 anos para a maioria dos cidadãos. No Brasil escravocrata do século XIX, grandes levas de cidadãos morriam antes de chegar aos 40 anos. Foi assim que surgiu, no pós-guerra, a idéia de que trabalhadores com mais de 40 anos também "morriam" para o mercado de trabalho.

Recentes notícias dão conta de que nos Estados Unidos, na última década, a população centenária quase duplicou, passando de 37 mil para 70 mil pessoas.

Os cientistas dizem, entretanto, que o homem não sofreu qualquer mudança biológica importante que venha a justificar maior tempo de vida. Na raiz da longevidade registrada hoje estão as mudanças alimentares, as medidas sanitárias individuais e coletivas, além de cuidados médicos.

Escravidão

O Cristianismo foi o primeiro a proclamar a igualdade entre os homens. Nenhum homem, pela sua natureza, é escravo de ninguém. Vale lembrar que muitos dos grandes filósofos gregos cultuados pela nossa sociedade, entre os quais Platão e Aristóteles, defendiam que o escravo não passava de um objeto.

Entre finais do século III e princípios do IV, com a grande expansão do cristianismo (o seu número era calculado em cerca de 5 a 10% da população do Império) e dos seus valores, houve transformações fundamentais para a sociedade, tais como:

• A abolição da crucificação como pena de morte
• Repressão ao infanticídio, sacrifício de crianças aos deuses pagãos
• Proibição dos jogos de gladiadores
• Uma nova relação no tratamento dos escravos

Num fragmento de papiro da Apologia de Aristides recentemente encontrado afirma-se: “Os senhores cristãos persuadem os escravos a tornarem-se cristãos… e quando eles o fazem chamam-lhes irmãos, sem qualquer discriminação dado a sua unidade numa mesma comunidade”.

Tertuliano na sua obra “Apologética”, diz-nos: “O tratamento de ‘irmão’ ou ‘irmã’ exprime as novas relações entre ricos e pobres, senhores e escravos que vão até ao pôr em comum os recursos e o sustento de todos aqueles que se encontram momentaneamente ou definitivamente associados”.

Roger Garaudy, intelectual francês e ex-membro do Partido Comunista Francês, no seu livro “Cristianismo e Marxismo no Mundo de Hoje”, reconhece com lealdade a contribuição decisiva que o Cristianismo prestou para a humanização do homem.

A Condição da Mulher

Muito antes do movimento feminista moderno, o Cristianismo inspirou a valorização da mulher, igualando-a em dignidade ao homem.

Numa sociedade profundamente paternalista, o Cristianismo esteve na vanguarda, conferindo às mulheres posição de liderança nas assembléias públicas.

Aborto e Deficientes

Simultaneamente à dignidade da mulher, a mensagem cristã exige respeito pela vida, numa época em que o aborto era moeda corrente em todas as classes sociais, quer no Egito ou em Roma.

O aborto estava também ligado a práticas de magia, a ritos religiosos e a superstições. Aristóteles defendia: “Deve haver um limite fixo para a procriação dos filhos; e se alguém tiver um filho em contravenção com estas normas deve praticar um aborto, antes que o embrião tenha a sensação de vida”. Esse limite da sensação de vida era fixado em 40 dias para os fetos masculinos e 80 dias para os femininos.

Desta forma, o aborto (que juntamente com o infanticídio de recém-nascidos deficientes e o abandono ou exposição de crianças não desejadas) era freqüente na Grécia, como podemos constatar no filme “300”.

Com o aparecimento do cristianismo, o aborto passou a ser contestado por razões de ordem moral e em oposição a fatores políticos. No final do século II, Tertuliano criticava todo o tipo de infanticídio que, como já vimos, era comum entre pagãos e lembrava que isso era proibido aos cristãos, assim como a destruição de um feto que é “um homem que está a caminho de sê-lo”.

Frederich Engels, no seu livro “Über Religion”, na página 265 diz: “O aparecimento do Cristianismo constitui uma fase inteiramente nova da evolução religiosa, a qual implica um dos elementos mais revolucionários da história do espírito humano.”

Podemos ainda citar o conceito de Guerra Justa, o Estatuto da Criança e do Adolescente, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Carta da Terra, e outros documentos e manifestos que atestam para um amadurecimento da humanidade.

É claro que nem tudo são flores. Ainda há muito que se fazer, e espero que os cristãos deixem a alienação social, e se engajem na transformação do mundo, em vez de cruzar os braços à espera do fim do mundo.

***
Hermes Fernandes é um dos mentores da Santa Subversão Reinista no Genizah

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  1. Belo texto, irmão Hermes!

    De fato o cristianismo mudou a história da humanidade,e para melhor.
    O que se deu, em parte, graças as ações missionárias que levavam a Palavra e pão (saúde e educação) para as pessoas sem Cristo, mundo afora.
    Como bem frisou, nos séculos passados o cristianismo, através da Igreja, esteve na vanguarda da história e foi precursora de grandes realizações, como escolas e hospitais, por exemplo. E isso se deu porque o "outro" e o bem estar coletivo era mais importante, assim o pensamento cristão influenciou épocas e sociedades, a tal ponto que colhemos os frutos disso até hoje.

    Já o cristianismo contemporâneo, penso que é diferente, não estamos na vanguarda de nada. Na verdade, nos vejo a reboque do pensamento pós-moderno e do hedonismo, onde o "eu" e as realizações pessoais são o mais importante, moldou-se ao padrão desse mundo (Rm 12:2).

    Talvez isso explique porque não estamos capitaneando as questões mais importantes do planeta, que são as sociais e as ambientais, que chegaram onde chegaram, penso eu, que em parte, pela nossa incompetência em denunciar o pecado do consumo exagerado e do egoísmo sem fim, ao contrário, a igreja de hoje é parte do estímulo ao capitalismo que proporciona esse circulo vicioso produção-compra-consumo do supérfluo.

    De fato o irmão tem razão. O mundo é melhor após o cristianismo, más graças ao legado dos cristãos dos séculos passados, que diga-se de passagem, não tinham os recursos humanos e tecnológicos que temos. Isso só faz pesar sobre os nossos ombros a responsabilidade de saber: Qual será o legado que apresentaremos para as gerações vindouras?

    Em Cristo

    Ielton Isorro

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  2. Esse é o típico texto que, se for lido por um cara não estudado, leva a uma ilusão muito injusta.

    A gente sabe que a opinião dos historiadores é bem o contrário: o Cristianismo medieval foi o responsável pela chamada Idade das Trevas, atrasando o desenvolvimento em 1000 anos.

    Tudo bem que o autor pensa diferente, e também eu penso que não foi bem assim, mas atribuir os avanços atuais ao cristianismo é injusto e petulante.

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  3. Excelente texto. Muito bem pontuado historicamente.

    Para quem tem mais interesse em saber sobre as contribuições positivas do cristianismo nestes dois mil anos de história, sugiro o livro "E se Jesus não tivesse nascido?" dos autores D. James Kennedy e Jerry Newcombe (Editora Vida).

    Abraços

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  4. Alguns dias atrás, eu e minha namorada noivamos. Para celebrar esse importante compromisso, a família da minha namorada resolveu dar uma festinha apenas para familiares mais próximos. Para ministrar esse noivado, foi convidado o Pastor presidente da AD que é tio da minha noiva, para fazer a celebração. Durante a celebração o Pr (e tio da minha namorada) dirigiu a palavra, onde ele disse: "Minha sobrinha eu conheço e CREIO que ela tenha feito uma boa escolha. Um casamento pode ser tanto uma benção como poderá ser também uma desgraça. Não pensem vocês que as coisas daqui a 10 anos estarão melhores que não estarão. O mundo está cada vez PIOR e espero não está aqui para presenciar". Sinceramente, achei muito DESANIMADOR as palavras dele, onde primeiramente ele diz conhecer apenas a sobrinha e meio que indiretamente ele tenta abrir os olhos dela para a escolha que ela fez, ou seja, ele diz que acha que ela fez uma boa escolha. Depois ele diz que o casamento poderá ser um fracasso e que os dias que virão serão cada vez pior.........O QUE VOCÊS ACHAM? ELE FOI DESANIMADOR OU NÃO COMIGO ?

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  5. Texto bão... interessante perspectiva.

    parabéns... manda mais!

    abraço e fica com Deus.

    paz

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  6. Quando comecei a ler, (pensando no mundo hoje)confesso que estava um pouco pessimista. Quando conclui, estava muito! Mas entendi o porque!
    Se olharmos para a história, melhorou! Você me fez lembrar de coisas boas!
    Mas quando penso no legado que nossa geração vai deixar...
    Não nos envolvemos em questões sociais, somos hedonistas e temos argumentos para tudo! E nossos argumentos são bons!
    No Brasil, se não fosse a igreja católica se posicionar... (falo isto porque quem se pronuncia são eles em questões sociais)
    Os evangélicos na mídia só se levanta os "fanfarrões" querendo explorar o povo!
    Muitas vezes estamos preocupados com outras coisas, mas não com o Reino de Deus na terra!

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  7. Hermes,

    Concordo discordando.

    O mundo está melhor tecnológica e socialmente? Não resta dúvida! Viver hoje em dia é muito melhor que antigamente, sob diversos aspectos.

    Mas e o homem? Está melhorando ou se afasta mais e mais de Deus, a despeito de todo avanço tecnológico e social?

    Segundo Paulo, nos últimos dias os homens iria:

    "Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus"

    O mundo pode estar melhor. Mas o homem continua o mesmo e piorando...

    Em Cristo,

    Clóvis

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  8. O mundo pode estar oferecendo uma boa qualidade de vida para as pessoas... em alguns países - não em todos.

    Porém, vivemos um momento da história no qual podemos sentir a instabilidade e fragilidade da paz. Na minha opinião, 11 de setembro foi só aperitivo do que está por vir.

    Também concordo com o que foi comentado aqui. O homem evoluiu tecnologicamente. Mas, espiritualmente, está se afastando cada vez mais de Deus e indiferente quanto à sua condição de pecador e da necessidade de salvação através de Jesus Cristo.

    Posso estar enganado, mas, vivemos sim os últimos dias.

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