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O significado do Natal para Cristo e os inimigos da manjedoura


Hermes Fernandes


Natal é a história de um Deus que Se esvazia, abre mão de Sua glória, para sair ao encontro de Sua criatura extraviada.

Nesta época do ano, muitos textos são usados como base para os sermões natalinos. Amo todos eles. Gosto dos detalhes oferecidos por Lucas. Aprecio a ponte que Mateus faz entre os acontecimentos e as profecias. Inspiro-me na ousadia de João ao expor a origem divina e atemporal do Messias. Mas para mim, o texto que melhor revela o propósito do Natal foi escrito por Paulo e está registrado em Filipenses, capítulo 2.

Paulo não se atém ao significado da encarnação de Cristo para os homens, mas aborda o seu significado para o próprio Cristo.

De acordo com o apóstolo, devemos ter “o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus” (v.5). A partir desta admoestação, Paulo nos abre um leque e nos descortina o que representou tal experiência para Jesus.

1 – “Sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus...” – Para nos redimir, Cristo teve que tomar a contramão. O pecado inaugural foi ceder ao apelo da serpente, que dizia: “Sereis como Deus...” (Gn.3:5b). Para reverter isso, Jesus teve que recapitular a mesma história, embora em cenários diferentes. Diferente do primeiro homem, Ele não usurpou ser igual a Deus, ainda que fosse “em forma de Deus”. Em vez de agir com autonomia, Ele preferiu colocar-Se numa posição de total dependência do Pai, obedecendo-O em tudo (Jo.8:28-29; 12:49).

2 – “...mas a si mesmo se esvaziou...” – Lá estava Ele, deitado numa manjedoura, chorando como um bebê qualquer. Deus vazio! Deixou Seu trono de glória para hospedar-Se por nove meses no ventre de uma mulher. O Deus Onipresente confinado e protegido numa placenta, nadando no líquido amniótico. O Criador dos buracos negros, das passagens dimensionais existentes no Cosmos, teve que passar pela mesma fresta apertada por onde todo ser humano passa num parto natural. O ambiente em que nascera era fétido, sem as mínimas condições higiênicas que oferecesse conforto e segurança, tanto à parturiente, quanto ao recém-nascido. Em vez de cânticos angelicais, o que se ouviu foi o barulho característico dos animais que ali eram guardados. O Deus que fez os céus e a terra, e que mantém cada partícula do Universo pela Palavra do Seu poder, agora estava ali, frágil, vulnerável, inaugurando Seus pulmões com um choro estridente. Quem deve ter dado aquela palmada básica no bumbum do menino Deus? Não havia nenhum obstetra de plantão em Belém! Nem mesmo uma parteira experiente. É plausível acreditar que o próprio José tenha feito o trabalho, aparando o menino.

3 – “...tomando a forma de servo...” – Jesus Se identificou com as camadas mais pobres da sociedade. Embora pertencente a uma estirpe real (por isso era chamado “Filho de Davi”), teve que trabalhar desde cedo, aprendendo o ofício de Seu pai adotivo. Aquele que modelou as montanhas e os vales da Terra, agora tinha que aprender a arte da carpintaria.

4 – “...fazendo-se semelhante aos homens...”- Ele não era um embuste. Era 100% humano (embora em Sua essência fosse 100% Deus). Por isso, teve fome e sede, como demonstrado na tentação no deserto (Mt. 4). Se não fosse assim, Sua cruz seria uma encenação. A única coisa que O diferenciava dos demais humanos era o fato de jamais ter pecado (Hb.4:15).

5 – “E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo...” – Do Trono Celestial para o ventre de Maria. Do ventre para a manjedoura. Da manjedoura para a vida serviçal. De lá para o deserto. Do deserto para as ruas empoeiradas dos subúrbios da Galiléia. Sua próxima escala antes da Cruz seria a bacia. Numa atitude inusitada, Jesus toma uma bacia e uma toalha, despe-Se aos olhos dos Seus discípulos, e lava-lhes os pés. Aquela era uma tarefa para os escravos. Aquele que criara os oceanos, e projetara as mais lindas praias, agora usava uma bacia rasa para banhar os pés dos Seus discípulos. Antes que as autoridades judias e romanas O humilhassem publicamente, Ele humilhou-Se a Si mesmo.

6 – “...sendo obediente até à morte, e morte de cruz.” – Sua próxima parada seria um jardim. Um cenário bem parecido com aquele em que o primeiro homem preferiu rebelar-se contra o seu Criador. Jesus, o segundo Adão, tinha a oportunidade de reverter a maldição, obedecendo a Deus até as últimas conseqüências, abrindo mão de Sua própria vida. A atenção do Universo se voltou para aquele lugar. Era o momento decisivo. Jesus sofreria Sua última tentação. Enquanto Seus discípulos dormiam, deu-se o embate mais importante da história do Cosmos. O destino de cada partícula subatômica dependia do resultado desse embate. Os pássaros silenciaram-se. O vento aquietou-se. Os anjos prenderam a respiração. Suspense! Jesus pondera e apela: “Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice!” Os anjos engoliram a seco. E agora? Deixem que o Filho de Deus complemente Seu pedido: “Todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres” (Mt. 26:39). Onde o homem falhou, o Novo Homem venceu. O caminho da redenção estava aberto. O cosmos respirou aliviado. O que já houvera sido decidido na Eternidade, agora encontrou eco dentro do tempo e do espaço. A obediência de um reverteu para sempre o efeito causado pela desobediência de outro (Rm.5:19).

7 – “Pelo que Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Cristo Jesus é o Senhor, para glória de Deus Pai”(vv.9-11). Percebe que Paulo omite a ressurreição e a ascensão de Cristo? Da Cruz, ele vai direto para a exaltação. Por que? Alguém poderá dizer que aqui estão subentendidos tanto a ressurreição, quanto a ascensão. Pode ser que sim. Mas prefiro acreditar que Paulo percebeu que a exaltação de Cristo Se deu na Cruz. Não estou diminuindo o peso da ressurreição. Apenas demonstrando que o que deveria ser considerado vergonhoso, Deus declarou como o mais glorioso evento da História. Foi lá no madeiro que Deus fez convergir em Cristo todas as coisas, tanto as que estão nos céus, quanto as que estão terra (Ef.1:10; Cl.1:20). Foi também lá que Ele triunfou e despojou os principados e potestades, expondo-os publicamente ao desprezo (Cl.2:15). Foi na Cruz que Deus O exaltou! Sua ressurreição e ascensão são conseqüência desta exaltação. Mesmo em Seu corpo glorioso, as cicatrizes dos cravos são mantidas. E não duvido que abaixo da coroa de glória, ainda se vêem as cicatrizes deixadas pela coroa de espinho. Essa é a Sua glória! Quando Jesus pediu ao Pai que lhe restituísse a glória que tinha antes da fundação do mundo, Ele estava falando da glória da Cruz, pois o Cordeiro foi morto antes dos tempos eternos. A Cruz não foi um acidente de percurso. A Cruz é eterna! Por isso, na visão de João em Apocalipse, o trono de Deus é ocupado por um Cordeiro “como tendo sido morto”.

É na Cruz que o tempo e a eternidade se cruzam. O Cronos e o Kairós contraem matrimônio. Do ponto de vista histórico, não se pode dissociar a cruz da manjedoura. Aqueles que afirmam que não devemos celebrar o Natal de Jesus, mas unicamente a Sua morte, estão cometendo um grande engano. Ser inimigo da manjedoura é também ser inimigo da Cruz (Fp.3:18).

***
Hermes Fernandes é um dos mentores da Santa Subversão Reinista no Genizah

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  1. Prezado Hermes Fernandes, não tenho palavras para enaltecer o texto ora lido, quão maravilhada a minha alma ficou. Sinceramente fiquei arrepiado quando li "que o Senhor humilhou-se a si próprio, não precisou ser humilhado pelos judeus e romanos".
    Deus continue te abençoando com mais destas excelências e preciosidades.
    Termino este comentário lembrando do que Paulo escreveu aos Romanos capitulo 11:33:"Oh profundidade das riquezas..."
    Paz de Cristo

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  2. Maravilhoso! Belíssimo o texto! Parabéns irmão!
    Um abraço,
    Eric

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  3. Querido irmão Hermes, a paz do Senhor Jesus! De fato, esse texto de Paulo é o que explica, do modo mais claro possível, o verdadeiro significado da mensagem do Natal e da encarnação do verbo Divino. Este trecho é por demais especial para mim, pois foi o texto que usei no meu primeiro sermão de prova no Seminário, em 1969. E recebí a nota 8, além dos elogios dos meus professores de Hermenêutica e Homilética. De lá pra cá já se passaram diversos janeiros, mas sempre que prego utilizando este texto, ele se torna novo para mim. E o estilo expositivo da presente mensagem é agradável e bem exegética. Gostei da estrutura e do arranjo das divisões. Acho até que vou utilizar essa mesma estrutura na próxima oportunidade que eu for apresentar um estudo bíblico com esse tema. Logicamente com sua permissão que, pela fé, desde já agradeço! Um abraço!

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  4. Hermes, amado companheiro de luta!

    Mais uma vez, abençoou-me muito o seu texto. Desejava muito partir o pão com vc, mas vamos ter de adiar, não? De qualquer forma, desejo a você que toda a alegria que o universo todo sentiu ao receber a encarnação do Filho do Senhor encha a sua casa nesse Natal.
    Obrigado pelo serviço da sua vida, pelo carinho e pela companhia. Abrace os seus ai por mim e minha casa, ok?
    Em Cristo, do seu amigo de sempre.

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  5. MEU MANO...., BOAAAASSFESSTASSSSS..., POR GENTILEZA..., clik aqui e veja a mensagem natalina..., QUE acabei de postar....,tempodagraa.blogspot.com

    Saude e paz...,

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  6. Graça e paz da parte do nosso Senhor e Salvador JESUS CRISTO.

    Os apóstolos e muitos outros servos de DEUS morreram por romperem com a liturgia e com as praticas religiosas do povo hebreu, entendendo que a liberdade do nosso Senhor JESUS CRISTO vem tão simplesmente pela fé no seu nome.
    Porem assim como Acã pegou utensílios na cidade de Jericó que acreditava lhe fariam bem, mas, o fruto da atitude foi a maldição em sua vida e de seus familiares, muitos estão utilizando-se desse mundo muitas vezes inocentemente e sem perceber.
    O problema não é a prática do natal em si, mas, o fato das igrejas não se alertarem para o incentivo ao consumismo que envolve essa e outras datas.
    Esquemas montados para dominar as mentes das pessoas a fim de que comprem, comprem e comprem...
    O sistema informa à multidão, através da mídia, que ela somente será feliz se consumir bens materiais.
    Um filho não pode simplesmente ofertar seu afeto e carinho, estando presente ao dia-a-dia de sua mãe, pois, só será considerado o melhor filho aquele que der o presente mais caro.
    E embora essas datas comemorativas tenham uma roupagem tão linda e aparência de edificação, acabam sendo aproveitadas a fim de dar lugar as vendas, e o pior de tudo é que não nos damos conta disso e ainda achamos bonito.
    Nessa época do ano pessoas estão se endividando para poderem mostrar o quanto amam suas famílias através de presentes, e o pior ninguém está avisando-os disso.
    DEUS é claro quando fala sobre o papel dos atalaias.
    Penso num pai de família que não pode, sequer, comprar um simples brinquedo para seus filhos, como se sente numa situação dessas, desolado por ver o seu amor ser medido pela quantidade de dinheiro que tem.
    Martinho Lutero foi usado por DEUS para trazer uma reflexão séria a respeito da fé, mas não pretendia romper com o catolicismo, queria que a igreja católica revisse seus conceitos e dogmas, a sua intenção não era criar uma igreja evangélica.
    A reforma protestante manteve muito do que foi transmitido pelo catolicismo de Constantino, devemos rever à luz da palavra de DEUS o que é realmente adoração e o que é apenas projeção do vazio humano.
    Um forte abraço.

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  7. hum, hum,
    natale bolo,bebidas e homenagem ao pai natal e ao eterno deus bebe.
    perdemos o verdadeiro sentido de natal, k pena.

    Manuel Dilandamoko

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