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Princípio Zancul: devemos dar esmolas?



Marcos Roberto Inhauser


José Zancul foi presbítero na igreja de São Carlos quando lá pastoreei. Aposentado do Banco do Brasil, era e é uma homem singular, de uma simplicidade ímpar e de uma obediência invejável à Palavra. A sua generosidade não vi ainda em outra pessoa.

Certa feita estava conversando com ele na garagem da sua casa no cair da tarde, já anoitecendo. Um conhecido pedinte alcoólatra do bairro se aproximou de nós e nos saudou pelo nome, pois nos conhecia e nós a ele. Eu sabia que vinha, uma vez mais, pedir dinheiro e eu já havia decidido que não daria dinheiro a ele para que não gastasse em bebida, pois assim, entendia eu, estaria contribuindo ara o seu vício.

Dito e feito. Ele se virou para o seu Zancul e pediu um dinheiro para comer um sanduíche. Eu estava certo de que o pedinte teria a mesma resposta que eu lhe daria se a mim pedisse. Para surpresa minha, o seu Zancul colocou a mão no bolso e tirou o dinheiro e perguntou se aquilo era suficiente para comprar um sanduíche. O bêbado disse que sim e se foi, agradecendo e pedindo a benção de Deus sobre o doador.

Fiquei surpreso e, ao mesmo tempo, irritado. Do alto de minha convicção e como pastor dele, coloquei minha posição e minha recusa em dar dinheiro àquele homem. Mais surpreso fiquei ao ver a resposta do seu Zancul: "Ele me pediu dinheiro para comer e eu dei dinheiro para comer. Não me cabe julgar se ele vai comer ou não, cabe dar a quem está com fome e a mim assim declara. Se eu não der, estou julgando. Se eu julgar, fico com o juízo. Se eu dou, fico com a benção. Se ele comer o sanduíche, a minha benção se estenderá a ele. Se ele gastar em bebida, ele fica com o juízo de Deus por ter mentido, mas ainda assim a benção é minha. Não esqueça, pastor, que Jesus ensinou que Ele esteve com fome e não lhe demos de comer, teve sede e não lhe demos de beber, esteve preso e não o visitamos, nu e não o vestimos. Não sei como e nem por que, mas cada vez que vejo uma pessoa assim na minha frente, vem a mim a pergunta: será que é Jesus Cristo me pedindo?"

Saí dali de cabeça baixa, entendendo haver muita sabedoria naquela simplicidade generosa. Aprendi ainda que nem sempre a coloquei em prática, para demérito meu. Nas vezes em que o "princípio Zancul" foi aplicado por mim, meus filhos e minha esposa, tivemos a certeza de que ele tinha razão: a benção foi nossa em ajudar.




Fonte: Correio Popular (Campinas) vi no ótimo blog do meu chapinha Ralffer Segundo a Palavra




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  1. Maravilhoso!! Essa mensagem tocou fundo ao meu coração. Realmente não nos cabe julgar. Amar ao próximo é isso. Muito bom, abraços!! De uma passadinha no meu blog.

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  2. A igreja tem sido extremamente falha nos dois sentidos apontados no texto:
    1° - no julgamento precipitado;
    2º - ao cometer o pecado da omissão, apontado por Jesus em Mt 25.
    Que o Senhor tenha misericórdia de nós.
    Alessandro Cristian

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  3. Recebi seu comentário para que visitasse seu blog. E não apenas visitei, mas fiz um incursão por aqui.

    Quero saber se aceita parceria com troca de banners.

    Jesus continue abençoando sua vida!

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  4. Ah!
    Acabei de colocar seu banner nos nossos parceiros.

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  5. Ainda assim eu prefiro ir junto e pessoalmente comprar o sanduíche para entregar nas mãos do pedinte. Já fiz e sou capaz de fazer sempre que tiver dinheiro para isso.

    Certa feita, quando morava em Manaus, comia sanduíches com amigos no "Kikão Centro" (que ficava na praça em frente ao Teatro Amazonas) e um menino surgiu pedindo dinheiro. Perguntamos se era para o lanche, e era. Não demos o dinheiro, mas mandamos vir um lanche igual aos nossos para ele.

    O primeiro problema foi a má vontade dos atendentes em serví-lo. Ora, se fomos nós que pagamos... porque o lanche dele seria feito ou servido de forma diferente?

    Acreditem: tenho tudo isso registrado em vídeo e posso mostrar a qualquer um que queira conferir (manaus era Zona Franca e andávamos com uma câmera naquela ocasião!)

    O segundo problema só ocorreu depois que saímos e deixamos o menino lá comendo seu lanche: quando estávamos a uns 300 metros, meu amigo músico notou que havia esquecido uma pasta por lá e tivemos de retornar.
    Nos deparamos com uma situação belicosa: alguns jovens galalaus haviam tomado o lanche do menino e o faziam de "cachorrinho" no meio de uma roda!
    Nossa chegada foi meio dramática e eu não era bem Teóphilo na época... mas não houve conflito físico. O arrogante mais "parrudo" que segurava o sanduíche, ante a possibilidade de "levar um sacode" de três adultos, amarelou e começou a dizer que era filho de juíz, que ia mandar chamar a polícia...

    Resumindo: aprendi que não basta dar o dinheiro e não basta quem recebe querer comer, temos que garantir o acesso verdadeiro da pessoa a comida. Isso acaba colaborando para confirmar a aplicação do dinheiro no final das contas.

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  6. Graça e Paz!

    O Theófilo raspou a minha fala.

    O caso não se trata de julgar mas termos discernimento ao doar.

    Tens fome? Te compro comida.

    Tens sede? Te compro bebida.

    Simples, assim.

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  7. Glória a Deus por ainda existirem pessoas como esse José Zancul!
    Sempre dou esmolas a mendingos, moradores de rua que perambulam pela 7 de setembro da grande Campinas.
    Muitas vezes estão caindo de bêbados e pedem dinheiro para comer, mas a mim não importa, o que me importa é fazer a minha parte.
    Como disse o autor desse texto:
    Não sei como e nem por que, mas cada vez que vejo uma pessoa assim na minha frente, vem a mim a pergunta: será que é Jesus Cristo me pedindo?"
    Alem do mais, se ele beber cachaça com o dinheiro, amém, uai!
    Afinal, a própria Bíblia não diz que a bebida é para os fracos???

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  8. Danilo...
    Texto lindo e inspirador deste Marcos Roberto

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  9. Uma vez uma mulher pediu leite para o filho dela, que estava junto. Ela parecia para eu e meu pastor que iria beber cachaça. O que ele fez? Para evitar que ela vendesse o leite em pó que ele havia comprado gastando o preço com cachaça, chamou-a até a mercearia, comprou o pacote de leite e abriu-o levemente, entregando-o a ela. Ela ficou com raiva e não agradeceu, provavelmente iria mesmo beber.

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  10. Olha, gostei muito desse texto quando o li pela primeira vez, pois sempre questionei isso no nosso meio evangélico e também em minha vida em particular.
    É uma dificuldade muito grande estabelecer um padrão de comportamento entre os crentes da nossa comunidade quando o assunto é dar esmolas ou ajudar ao próximo de outra forma.
    Realmente, cada um tem um modo de pensar e agir nessas ocasiões, criando, quase sempre, meios de garantir que não haverá outra destinação para o bem realizado para com o necessitado. O problema é justamente esse: Tentar fazer, do nosso jeito, com que a benção tenha o seu fim desejado (por nós), sem sombra de falhas.
    É nisso que muitos de nós se engana e acaba deixando de cumprir mais uma recomendação de Jesus Cristo: DAR!
    Pude aprender com o texto que, independente do que façamos, devemos ajudar quem quer que seja. O cerne da questão no texto foi justamente a inércia do mencionado pastor e seu respectivo julgamento. Ele simplesmente criticou, decidiu não ajudar mais, e ficou por isso mesmo. Grave erro! Ele escondeu o amor em algum lugar e esqueceu onde colocou. O viciado em questão continuava necessitado!
    Muitas vezes, vejo como desculpa para não ajudar, o fato de muitos necessitados usarem o dinheiro que damos para coisas ruins. E isso é ruim! Irmãos, o problema não é nosso! A nossa obrigação é ajudar! O que ele vai fazer com a ajuda é entre ele e Deus.
    Inclusive, Deus estará vendo tudo o que ele fizer com o dinheiro, mas também verá o que nós, como seus filhos, faremos com a oportunidade de abençoar uma vida.

    Será que era Jesus bem ali à nossa frente?

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  11. O princípio Zancul na verdade é o princípio do Evangelho. Reverberado.

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  12. AKLGUÉM SABE SE O SENHOR ZANCUL ESTA VIVO E AINDA MORA EM SÃO CARLOS ?

    SE SOUBEREM ME MANDEM UM EMAIL URGENTE !

    PROESPORTERP@GMAIL.COM OU tiagolima16@hotmail.com

    MUITO OBRIGADO A TODOS !

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