As tentações ontem e hoje
https://genizah-virtual.blogspot.com/2009/10/as-tentacoes-ontem-e-hoje.html
Humberto Ramos
Uma leitura atenciosa às tentações sofridas por Jesus no deserto nos habilita a compreender aquelas que hoje nos sobrevêm. Conquanto a roupagem seja contemporânea, a essência é a mesma. Afinal, a essência humana também não mudou.
Conversemos então sobre cada uma separadamente.
O poder mágico-religioso
Passados quarenta dias em jejum, o Messias teve fome. O tentador então lhe sugere transformar pedras em pães – matéria inorgânica em alimento. O argumento é forte, “se tu és o Filho de Deus...” (Mateus 4.3).
A proposta em questão é um sutil apelo para que o Senhor, encarnando em tudo a forma humana, valesse-se do poder de Deus como poder-mágico. Um conselho malévolo a fim de que o Jesus homem lançasse mão de um atalho, um caminho mais fácil.
Jesus negou. Sabemos bem que Ele não se deixou seduzir pela palavra de Satanás, nem mesmo se deixou enganar pelo coração humano quando o povo, interessado no milagre que realizaria mais tarde, multiplicando pães e peixes, passou a segui-lo para se beneficiar de uma eventual repetição do feito. Ele rejeitou a sede por bênçãos materiais manifestada pelas multidões.
Se o Senhor da Igreja rechaçou tal proposta, infelizmente não temos, como Igreja sua, tido tanto êxito em imitá-lo. O poder de Deus tem sido anunciado como resultante de ritos, fórmulas e toda sorte de práticas mágicas, um poder mágico disponível a qualquer que necessite de uma mãozinha diante dos dilemas da vida.
Dilemas que na maioria das vezes seriam resolvidos com inteligência, cuidado, esforço e prudência.
Desemprego, doença, pobreza, infelicidade amorosa, tomada de decisões, tudo é motivo para que se busque manipular o favor divino com o mesmo argumento: “se somos filhos de Deus...”
Religião como Show e Poder
Conduzindo Jesus ao pináculo do Templo da Cidade Santa, pressionou-o dizendo: “Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está escrito: que aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra.” (Mateus 4.6).
Seria verdadeiramente um Show, Jesus se lançando de cima do Templo e todos os religiosos assistindo de camarote a demonstração inequívoca de que Jesus era na verdade o Filho de Deus.
De novo, o caminho mais fácil, menos doloroso e ameno; a religião estaria aos pés de Jesus. Bastava ele demonstrar a todos o amor que o Pai lhe depositava, salvando-o do mal. Mas como homem, natural, limitado pela sua condição, não lhe era o caminho a ser seguido.
O sofrimento da cruz, as surras, o desprezo, o sangue derramado – esta era sua trilha. Seu martírio era necessário a fim de que, pelo perfeito sacrifício, a humanidade se encontrasse justificada. A oferta de conforto e tranqüilidade era, na verdade, um desvirtuamento do plano de Deus, era uma tentativa de distrair o Senhor de seu consciente dever.
Ora, Jesus não nos prometeu algo distinto, falou-nos de cruz, perseguições e sofrimento pela nossa associação ao seu nome. Incrivelmente, no decorrer da história – e muito claramente em nossos dias – vemos os líderes dentre o povo de Deus se entrelaçando ao poder religioso.
Homens aos pés da religião. E a religião aos seus pés. Pequenos reinos da religião são constituídos, edifícios de culto à tradição humana são erigidos como demonstração do poder adquirido, inquisições e toda sorte de perseguições determinadas a fim de garantir a manutenção do poder religioso.
O Senhor disse não, e nós, muitas vezes, temos dito sim!
O poder do Mundo (político)
Por último, o diabo levou Jesus até um alto monte, de onde se podia observar os reinos do mundo e sua grandeza.
Lá, ele revela seu maior desejo: adoração! Domínio, poder, controle, esse era seu maior desejo. “Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares.” (Mateus 4.9).
Como em todas as outras tentações, esta também foi rechaçada com uma citação das Sagradas Escrituras.
Jesus rejeitou a oferta, de forma veemente. Sem hesitar ele não considerou o que lhe fora prometido, pois sabia que todas as ofertas seriam alcançadas; só que por outra via. A via do Calvário!
Essa foi a rejeição do poder político. Uma aliança suja e tudo estaria diante de seus pés, sendo requerido o esforço mínimo de ajoelhar-se e adorar ao inimigo de nossas almas.
Infelizmente, muitas alianças sórdidas têm se consolidado atualmente. Homens outrora fiéis a Deus têm se deixado levar pelas sutis propostas do diabo. Propostas que não são apresentadas por um tipo horrendo vestido de vermelho e portando chifres enormes. Cantadas de todos os tipos prometendo poder, e com isso a “benção” de propagar o Evangelho com melhores ferramentas e toda sorte de recursos.
Um mundo inteiro oferecido àqueles que se dobrarem. Poder sem limites para quem se capitular e entregar, como moeda de troca: votos, apoio de imagem, silêncio conivente e complacente; reinados em face de favores diversos. O mundo em nossas mãos...
Quem tem sabedoria e discernimento que levante seus olhos e observe. O troca-troca inescrupuloso, a quebra de valores em prol de acordos, a capitulação ao sistema capitalista esmagador dos mais pobres, a rendição contente diante da promessa de um poder político que, em tese, livrar-nos-á de nossa síndrome de minoria de uma vez por todas.
A história nos mostra as conseqüências desastrosas das vezes em que a Igreja cedeu a todas essas tentações. A perversão da alma, a destruição da imagem de Jesus em nós, o adultério moral e o afastamento total dos propósitos de Deus para este mundo.
Quem tem prudência, pense nisso!
Conversemos então sobre cada uma separadamente.
O poder mágico-religioso
Passados quarenta dias em jejum, o Messias teve fome. O tentador então lhe sugere transformar pedras em pães – matéria inorgânica em alimento. O argumento é forte, “se tu és o Filho de Deus...” (Mateus 4.3).
A proposta em questão é um sutil apelo para que o Senhor, encarnando em tudo a forma humana, valesse-se do poder de Deus como poder-mágico. Um conselho malévolo a fim de que o Jesus homem lançasse mão de um atalho, um caminho mais fácil.
Jesus negou. Sabemos bem que Ele não se deixou seduzir pela palavra de Satanás, nem mesmo se deixou enganar pelo coração humano quando o povo, interessado no milagre que realizaria mais tarde, multiplicando pães e peixes, passou a segui-lo para se beneficiar de uma eventual repetição do feito. Ele rejeitou a sede por bênçãos materiais manifestada pelas multidões.
Se o Senhor da Igreja rechaçou tal proposta, infelizmente não temos, como Igreja sua, tido tanto êxito em imitá-lo. O poder de Deus tem sido anunciado como resultante de ritos, fórmulas e toda sorte de práticas mágicas, um poder mágico disponível a qualquer que necessite de uma mãozinha diante dos dilemas da vida.
Dilemas que na maioria das vezes seriam resolvidos com inteligência, cuidado, esforço e prudência.
Desemprego, doença, pobreza, infelicidade amorosa, tomada de decisões, tudo é motivo para que se busque manipular o favor divino com o mesmo argumento: “se somos filhos de Deus...”
Religião como Show e Poder
Conduzindo Jesus ao pináculo do Templo da Cidade Santa, pressionou-o dizendo: “Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está escrito: que aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra.” (Mateus 4.6).
Seria verdadeiramente um Show, Jesus se lançando de cima do Templo e todos os religiosos assistindo de camarote a demonstração inequívoca de que Jesus era na verdade o Filho de Deus.
De novo, o caminho mais fácil, menos doloroso e ameno; a religião estaria aos pés de Jesus. Bastava ele demonstrar a todos o amor que o Pai lhe depositava, salvando-o do mal. Mas como homem, natural, limitado pela sua condição, não lhe era o caminho a ser seguido.
O sofrimento da cruz, as surras, o desprezo, o sangue derramado – esta era sua trilha. Seu martírio era necessário a fim de que, pelo perfeito sacrifício, a humanidade se encontrasse justificada. A oferta de conforto e tranqüilidade era, na verdade, um desvirtuamento do plano de Deus, era uma tentativa de distrair o Senhor de seu consciente dever.
Ora, Jesus não nos prometeu algo distinto, falou-nos de cruz, perseguições e sofrimento pela nossa associação ao seu nome. Incrivelmente, no decorrer da história – e muito claramente em nossos dias – vemos os líderes dentre o povo de Deus se entrelaçando ao poder religioso.
Homens aos pés da religião. E a religião aos seus pés. Pequenos reinos da religião são constituídos, edifícios de culto à tradição humana são erigidos como demonstração do poder adquirido, inquisições e toda sorte de perseguições determinadas a fim de garantir a manutenção do poder religioso.
O Senhor disse não, e nós, muitas vezes, temos dito sim!
O poder do Mundo (político)
Por último, o diabo levou Jesus até um alto monte, de onde se podia observar os reinos do mundo e sua grandeza.
Lá, ele revela seu maior desejo: adoração! Domínio, poder, controle, esse era seu maior desejo. “Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares.” (Mateus 4.9).
Como em todas as outras tentações, esta também foi rechaçada com uma citação das Sagradas Escrituras.
Jesus rejeitou a oferta, de forma veemente. Sem hesitar ele não considerou o que lhe fora prometido, pois sabia que todas as ofertas seriam alcançadas; só que por outra via. A via do Calvário!
Essa foi a rejeição do poder político. Uma aliança suja e tudo estaria diante de seus pés, sendo requerido o esforço mínimo de ajoelhar-se e adorar ao inimigo de nossas almas.
Infelizmente, muitas alianças sórdidas têm se consolidado atualmente. Homens outrora fiéis a Deus têm se deixado levar pelas sutis propostas do diabo. Propostas que não são apresentadas por um tipo horrendo vestido de vermelho e portando chifres enormes. Cantadas de todos os tipos prometendo poder, e com isso a “benção” de propagar o Evangelho com melhores ferramentas e toda sorte de recursos.
Um mundo inteiro oferecido àqueles que se dobrarem. Poder sem limites para quem se capitular e entregar, como moeda de troca: votos, apoio de imagem, silêncio conivente e complacente; reinados em face de favores diversos. O mundo em nossas mãos...
Quem tem sabedoria e discernimento que levante seus olhos e observe. O troca-troca inescrupuloso, a quebra de valores em prol de acordos, a capitulação ao sistema capitalista esmagador dos mais pobres, a rendição contente diante da promessa de um poder político que, em tese, livrar-nos-á de nossa síndrome de minoria de uma vez por todas.
A história nos mostra as conseqüências desastrosas das vezes em que a Igreja cedeu a todas essas tentações. A perversão da alma, a destruição da imagem de Jesus em nós, o adultério moral e o afastamento total dos propósitos de Deus para este mundo.
Quem tem prudência, pense nisso!
Blog do autor: Visão Integral