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Vaidade da igreja da história


Rubinho Pirola

"Chegando por fim o que recebera um talento, disse: Senhor, eu te conhecia, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste, e recolhes onde não espalhaste; e, atemorizado, fui esconder na terra o teu talento; eis aqui tens o que é teu. Ao que lhe respondeu o seu senhor: Servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não semeei, e recolho onde não espalhei?" Mt 25:24-26

Uma das músicas que mais gosto do meu velho amigo João Alexandre, chama-se Vaidade.

Nela, Joãozinho dispara: "Vaidade por ser a igreja da história, vaidade pentecostal". Nada mais correto. Nada mais certeiro: ninguém está a salvo. Pior, só constatou o poeta de uma condenação existencial: vivemos ou num ou noutro extremo. Sem que Cristo nos leve ao equilíbrio - uma das bênçãos afirmadas por Paulo ao fiel discípulo Timóteo ao afirmar-lhe que Deus não nos tem dado espírito de temor, amor, poder e 'moderação'- palavra essa que significa equilíbrio, equidade, estamos mesmo fadados a viver correndo rapidamente para os extremos.

E tudo é vaidade na vida se não tomarmos cuidado.

Esse blog tem dado porrada na maioria das vezes, nos neo-pentecostais, nos doidos de carteirinha: apóstolos e profetas picaretas, mas às vezes, podemos achar que tudo vai bem no lado oposto, nas barricadas dos "protetores da ortodoxia bíblica e da fé reformada".

Vivendo cá na Europa, dá para ver o que acontece com os que julgam que podem viver à salvo da vaidade, fugindo dos modismos e tentando-se manter intacta a tradição. Cada vez mais, as ditas igrejas com "teologia fiel e ortodoxa", estão a morrer. Vazias e cinicamente inoperantes.

Tentando proteger os "talentos", enterram ou retêm-nos para si mesmos. Como se pudessemos proteger o fogo congelando-o.

Esses dias ouvi que um famoso pastor, lá de Brasília, escritor, gente de boa palavra, tem soltado um deslize de maneira repetida a quem quiser ouvir. Diz ele: "O meu sonho é manter para sempre a nossa igreja com os nossos cem, cento e poucos membros."

Parece bonito. Parece uma declaração de amor ao rebanho, não estivéssemos cercados de gente a morrer, a naufragar sem esperança, sem Cristo.

E, se a simbologia é essa, imagino esse amado e a sua pequena congregação, como num bote, navegando em meio aos destroços do Titanic. Gente à volta a gritar, perecendo aos poucos e os amados ai, felizes, sãos (?) e salvos, a agradecer a Deus pela própria sorte.

Infelizmente, essa realidade é partilhada em muitas outras comunidades por líderes relapsos e, segundo Jesus, "maus e preguiçosos": "Preferimos a qualidade à quantidade". Eu, na minha ignorância, pergunto: "Que raio de qualidade é essa que não leva à quantidade?". Não me venham com essa treta!

Alô "comunidades saudáveis e firmadas em boa palavra"! Não há como não nos lembrarmos do texto bíblico acima. E das palavras do João Alexandre: "Vaidade (também) achando-se a Igreja da História".

Tudo é vaidade... afinal, num extremo e no outro.


***
Rubinho Pirola, bronqueado, do outro lado do Atlântico

Postar um comentário

  1. Danilo queria primeiro agradecer a você pela visita em nosso blog. Foi uma grande honra recebê-lo. Apareça sempre.
    Meu irmão de fato encontrar o equilibrio não é fácil. Admiro demais a prudência com as escrituras de nossos irmãos reformados, mas é inegável que lhes falta fervor, paixão, elementos esses vistos nos reformadores, Lutero, Calvino, entre outros...
    Admiro a ousadia, o fervor, dos irmãos pentecostais, mas como negar os seus inúmeros exageros que não produz nada, a falta de temor, entre outras coisas...
    Penso que tudo começa pela observação sincera das escrituras, mas essa observação quando se torna prática certamente geram atitudes mais fervorosas e capazes de mudar a história. Não foi isso que fizeram os reformadoes?
    Que Deus nos ajude.

    Marcos Paulo correia. www.ministeriogeracaodedavi.blogspot.com

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  2. Texto ótimo mano Rubinho. Este tarrr de orgulho denominacional..... Sou 100% da mesma opinião.
    Ademais, que servos somos nós se enterramos os talentos que o Pai nos deu para cuidar... Antonio Carlos Costa tem ai uma prelação linda tambem sobre o mesmo tempo, aqui programada para este blog... Vamos bater mais neste tecla...
    Este negócio de "nós os bons" escondidos também não serve de nada...

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  3. Mano Rubinho, mais uma vez você foi fundo. A juventude lá no Brasil lançou um novo jargão. Quando alguém não entende direito alguma coisa, a turma diz: Quer que eu desenhe?
    Pois Deus lhe deu a habilidade de desenhar com as palavras. Glórias a Deus por isso!
    Concordo com cada palavra que você pôs aqui. "Pau que dá em Chico, também dá em Francisco". Se a Palavra é espada de dois gumes, então, tem que cortar pra todo lado. Precisamos encontrar um equilíbrio. Aqui nos EUA as coisas estão caminhando para chegar à temperatura espiritual da Europa. Cá pra baixo, no chamado Bible Belt (Cinturão da Bíblia), ainda encontramos gente fervorosa, porém, por demais fundamentalista. Lá pro nordeste a turma é mais liberal, porém as igrejas estão vazias. Vai entender... Oremos por um genuíno avivamento, que contagie a Europa, a Ásia, e se alastre por todo o mundo. Porém, um avivamento que não nos reconduza ao obscurantismo, mas que nos impulsione na direção do Dia Perfeito. Forte abraço!

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  4. Obrigado, amadões!

    É isso mesmo. Como bem sintetizou o amigo Hermes (cara, estive há um pulinho de você, na Flórida!), "precisamos de equilíbrio". Gente, temos errado com poder sem as escrituras e as escrituras, sem poder... E de resultado, esfriamento, desvio e escândalo.
    Estou vendo como a America está parecidinha com a Europa (ela é a gente, amanhã, como diz a propaganda!) e o Brasil, caminhando a passos largos.
    Que Deus tenha misericórdia de nós. Amém.

    Beijão pra vcs!

    Hermes, fico lhe devendo os confetes, rsrsrsrsr... E a visita!

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  5. Romanos 8:20
    Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou,

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