681818171876702

Disciplina? Quem precisa dela?



Rubinho Pirola


Se há algo que eu queria, era solução de problemas, em drágeas ou gotas.

Tanto faz o jeito, o que mais queria era um jeito de resolver as minhas dores de cabeça existenciais. Na hora, sem dor e sem esforço.

Queria mesmo que funcionassem as orações "ungidas", os "passes" e os "toques" sobrenaturais que fizessem calar os meus medos, as minhas ansiedades...

Ou ainda que me enchessem a conta bancária, curassem tudo o que os analgésicos, valiuns e prozacs não dão conta.

Queria até, acreditem, que as minhas oferendas, ofertas, dízimos e outras obrigações religiosas comprassem o que a minha alma precisa para viver em paz consigo própria, com os outros e com Deus.

Puxa... até torcia para que funcionassem esses "produtos" todos que esses pilantras, picaretas e mercenários da TV, do rádio, vendem para a nossa felicidade.

Eles só fazem tanto sucesso porque já descobriram que promessa e "conversa-para-boi-dormir" valem até mais do que a entrega da, digamos mercadoria - tudo aquilo que faz com que a nossa existência seja menos penosa.

Que a prática daquilo que chamam "batalha espiritual", nos fizesse deixar de mentir, de trapacear, de defraudar, de passar acima dos outros... (já ouvi dizer que existem demônios responsáveis da mentira, da preguiça, do egoísmo - e têm, imagine, até nome conhecido! Ou seja, a culpa dos nossos erros é sempre deles!).

Quando acabou no meu país a ditadura, descobri que com ela, foi-se também um conceito que ficou colado à austeridade daquele momento de excessão - a disciplina.

Foi o que vi nas escolas (fui professor por bom tempo), nas casas, na educação familiar,... e até na vida dos crentes.

Eu queria que fosse do outro modo, mas a realidade é que não há ainda nada que nos ajude a vivermos o projeto de Deus, para além de, uma vêz acertada as contas com Ele e de recebermos o poder que nos livra de ficarmos à mercê do erro genético-espiritual, a parte que nos cabe, só vem com disciplina.

Se fomos feitos filhos sem a nossa participação, agora o viver como filhos, a manifestarmos o seu carácter e cumprirmos o seu propósito como cristãos, só com essa "tomada de cruz" diária mesmo. Com a morte da nossa vontade.

Chorar, suar o que for preciso, mas perdoar aos que nos ofendem, sentindo ou não; engolir o orgulho como beber serragem sem água, mas amar os que não merecem o nosso afeto; ofertar o que temos escondido lá no fundo do bolso, sacrificando a nós mesmos para socorrermos alguém em dificuldades, bem como abrirmos a nossa casa a um viajante ou ao desvalido... mordermos a língua mas não difamarmos, ofendermos a quem quer que seja. E também: ler a Palavra, engolindo-a como uma espada - das que cortam mesmo - se dedicando à oração, com ou sem vontade, crendo que precisamos delas, como o pão para a vida.

E é assim... Eu queria que fosse diferente, mas não é.

Quem é filho, se submete ao Pai e não procura atalhos. Ou não é filho.

"É para disciplina que sofreis; Deus vos trata como a filhos; pois qual é o filho a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos se têm tornado participantes, sois então bastardos, e não filhos." Hb 12:7-8

***
Rubinho é um elemento subversivo e perigoso aparelhado em Genizah

Postar um comentário

  1. Na vida espiritual o atalho sempre é o caminho para a tragédia - Os proponentes da "batalha espiritual" - jamais vão ajudar outros a deixar de trapacear, verem a si mesmo e não Deus como o centro de tudo. Porque eles mesmos são TRAPACEIROS por excelência. Vão continuar ensinando que Deus existe para a glória do homem e não o homem para a glória de Deus."Tomar a cruz e negar a si mesmo" é realmente o único caminho - é tomar a cruz em direção ao Calvário, a morte - a morte para nós mesmos. e então descobrimos o significado do "para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro" - Como Paulo, teremos que dizer: "Eu esmurro a mim mesmo..." - mas grande parte da multidão estão fazendo "PROPÓSITOS" - NÃO PARA A GLÓRIA DE DEUS, VER SUA BELEZA E SE DELEITAR NELE - PROPÓSITOS para obter casa, carro, dinheiro, marido, mulher... e por aí vai pelo caminho do cansaço...

    ResponderExcluir
  2. Graça e paz Rubinho,é isso aí,boa reflexão.Também na mesma linha de raciocínio,são de Dallas Willard as seguintes palavras:"Ninguém nasce de novo para continuar a ser o que era antes.A graça não se opõe ao esforço,ela se opõe ao merecimento,à vanglória,à justiça própria.A ilusão é que a passividadenos leva para o crescimento espiritual.Existem perigos e armadilhas:legalismo(se frequentar-mos os cultos isto mudará nossas vidas),culpa(por não conseguir atingir a meta),heroísmo(sem dor não há benefícios - este ditado não se aplica às disciplinas cristãs,podemos adquirir muitos benefícios sem dor e muita dor, sem benefícios).Não podemos cair nem no legalismo nem na mágica." Também Philip Yancey:"A bíblia tem muito mais a dizer sobre a vida durante a jornada do que sobre o destino final".
    Negar-mos a nós mesmos,tomár-mos nossa cruz e seguí-lo,é o que nos cabe!São os frutos pelos quais seremos conhecidos como cristãos!

    ResponderExcluir
  3. Boa mensagem, irmão.
    Gostaria de ainda complementar dizendo que a Bíblia fala que a 'tribulação traz paciência'.

    Se formos ver, a grande verdade é que o que esse povo da unção mais tem é impaciência. Geralmente querem tudo na hora, determinando a Deus, pra amanhã se possível.

    ResponderExcluir
  4. "Quem é filho, se submete ao Pai e não procura atalhos. Ou não é filho."

    É bom ser filho, é muito bom. É triste, dolorido e sofrido estar longe do Pai.

    Pai que amamos e que sabemos que somos amados por Ele.

    Não há vida longe do seu amor.

    ResponderExcluir

ATENÇÃO: Comente usando a sua conta Google ou use a outra aba e comente com o perfil do Facebook

emo-but-icon
:noprob:
:smile:
:shy:
:trope:
:sneered:
:happy:
:escort:
:rapt:
:love:
:heart:
:angry:
:hate:
:sad:
:sigh:
:disappointed:
:cry:
:fear:
:surprise:
:unbelieve:
:shit:
:like:
:dislike:
:clap:
:cuff:
:fist:
:ok:
:file:
:link:
:place:
:contact:

Página inicial item