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O maior espetáculo da Terra!


Hermes Fernandes


“Porém, se vós e vossos filhos de qualquer maneira vos apartardes de mim, e não guardardes os meus mandamentos, e os meus estatutos, que vos tenho proposto, mas fordes, e servirdes a outros deuses, e vos prostrardes perante eles, então destruirei a Israel da terra que lhes dei; e a esta casa, que santifiquei a meu nome, lançarei longe da minha presença; e Israel será por provérbio e motejo, entre todos os povos.” 1 Reis 9:6-7

“E entregá-los-ei para que sejam um prejuízo, uma ofensa para todos os reinos da terra, um opróbrio e um provérbio, e um escárnio, e uma maldição em todos os lugares para onde eu os arrojar.” Jeremias 24:9

Tal qual ocorreu com Israel, tem ocorrido com a igreja em nossos dias. Paulo já havia nos advertido de que tudo o que ocorrera a Israel serve de aviso para nós.

Tornamo-nos motivo de piada e chacota por parte daqueles que zombam de nossa fé. E por quê? Porque tornamo-nos uma caricatura muito mal feita daquilo que Deus desejou que fôssemos. Dobramo-nos ante os deuses deste século. Não os deuses de pau, de pedra, de metal, mas os ídolos ideológicos, o consumismo, o mercado, o fetichismo, etc. A teologia da prosperidade é um triste exemplo disso. Os crentes são levados a acreditar que a felicidade é encontrada na aquisição de bens materiais.

O mundo nos adestrou, nos domesticou, e agora, servimos de espetáculo, não como gladiadores ou mesmo como mártires, mas como bôbos da corte. É verdade que as Escrituras afirmam que seríamos um espetáculo aos homens, aos anjos e ao mundo, mas não um espetáculo circense, um show de horrores (1 Coríntios 4:9).

Não se trata de expor a verdade com bom humor, como tem feito os articulistas da Genizah. Aliás, uma boa pitada de humor ajuda muito quando caminhamos pelo terreno acidentado da apologética. O problema é quando deixamos de simplesmente contar uma piada, para sermos a piada.

À exemplo do que ocorreu a Sansão, nossos olhos foram vazados, fomos alijados da fonte de nossa força, e agora, o mundo se diverte às nossas custas. Tornamo-nos mais uma engrenagem do sistema corrompido que prevalece neste mundo. Como Sansão, deixamos de ser uma ameaça ao Status Quo para nos tornarmos trabalhadores braçais no moinho dos filisteus. Se antes inspirávamos admiração, agora provocamos gargalhadas. Como bem expressou o salmista: “Tu nos pões por opróbrio aos nossos vizinhos, por escárnio e zombaria daqueles que estão à roda de nós. Tu nos pões por provérbio entre os gentios, por movimento de cabeça entre os povos" (Sl.44:13-14).

Quem poderia levar a sério uma igreja patética como a dos nossos dias?

Basta olhar às manifestações bizarras atribuídas ao Espírito Santo para dar-se conta disso. Sem contar o escandaloso apelo financeiro que se faz nos programas evangélicos na TV. Talvez se Jesus estivesse entre nós em carne e osso, em vez de derrubar as mesas dos cambistas, derrubaria as câmeras e os estúdios usados para mercadejar em Seu nome.

Urge resgatarmos a dimensão profética de nosso sacerdócio.

Uma igreja profética tem que estar engajada na transformação da sociedade. E para isso, ela não tem o direito de alienar-se. O profeta é aquele que constata e contesta. Sem constatação não há contestação. Como ele pode denunciar o que não sabe?

Como constataremos se nossos olhos foram vazados?

Como contestaremos se estamos trabalhando no moinho de Dagon?

A igreja contemporânea deu as costas ao mundo. Seus olhos estão vazados, e por isso, está impossibilitada de enxergar à realidade com olhos críticos.

Além da dimensão profética, urge também resgatarmos a dimensão poética da mensagem cristã.

Se nos ativermos ao profetismo, poderemos nos tornar pessoas insuportáveis. Não basta denunciar o erro, temos que anunciar o que é certo. E de que maneira devemos fazê-lo?

Muitos pregadores acham que o caminho se resume à via apologética. Porém, poucos frutos advêm da apologética por si só. Um coração incrédulo não se dispõe a reconsiderar seus posicionamentos. Em bom português, ninguém dá o braço a torcer. Se não logramos êxito pelo caminho da razão, que tal buscarmos o caminho do coração? Em vez de apenas fazer apologética, que tal trilharmos também a via poética? Que tal fazermos apologética com bom humor e poesia?

A Bíblia é um livro poético por excelência. Seu primeiro capítulo é uma narrativa poética de como tudo começou, cujo objetivo é revelar ao coração humano o amor e o cuidado de Deus pela criação. É perda de tempo buscar exatidão científica, ou simplesmente tentar conciliar o texto bíblico com o rigor do método científico.

Aliás, nas Escrituras, os livros poéticos estão dispostos antes dos proféticos. Os Salmos que formam o maior livro da Bíblia é pura poesia.

O que são as parábolas senão poesia?

Já li em algum lugar que os manuscritos mais antigos dos Evangelhos trazem as palavras de Jesus ditas em versos rimados. Não duvido disso. Jesus é o Poeta dos poetas.

A via profética aponta para a ética, enquanto que a via poética para a estética. O profeta fala do que é bom, enquanto o poeta mostra o que é belo.

Será o equilíbrio entre a dimensão profética e a dimensão poética que vai impedir que a igreja caia no fosso do patetismo.

Desta maneira, o mundo olhará para nós com admiração, tanto pelo bem que pregamos, quanto pela beleza com que nos expressamos.


***
Hermes Fernandes é réu confesso no Genizah

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  1. "O profeta é aquele que constata e contesta. Sem constatação não há contestação. Como ele pode denunciar o que não sabe?"

    O pior é que não quer saber, pois muitos vivem hoje mediocremente em seu mundinho limitado esperando que o Senhor volte.

    Não arregaça as mangas para fazer nada, nem para ser luz do mundo ou sal sal terra, quanto mais ser um contestador.

    A idéia que o crente tem sobre o contestador, é a de que todo contestador é um comunista, e de que todo comunista já está condenado antecipadamente ao inferno.

    Pobre mim, que JESUS tenha misericórdia da minha alma comunista.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Amigo Hermes!

    Mandou bem! Mesmo vivendo cá num continente (a Europa) que decidiu há tempos, "riscar" Deus do mapa, já descobri que o povo não tem rejeitado a Deus, nem a igreja, mas aquilo que NÓS DIZEMOS SER DEUS E IGREJA.
    Algo patético mesmo, ridículo... sempre ainda acompanhado de chavões, conceitos e propostas quase sempre abstratos ou completamente idiotas.
    Que Deus nos ajude nesse ministério que você bem sintetizou: Constatar e Contestar! Com (me perdoe) a "unção" de profeta e poeta!

    Abração!

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  4. Caro Hermes,

    Gostei muito de seu texto. Achei oportuno e principalmete com uma proposta, o que falta no na maioria das coisas que tenho visto esses dias.
    Costumo observar muitos pontos de vista para tentar ter uma visão imparcial das coisas.
    Tenho sido crítico muito discreto da conduta das lideranças da igreja que eu frequento, pois penso justamente isso. Apesar de ser uma igreja tradicional, que presa pelo cuidado com a fidelidade às escrituras, tenho sentido que o culto anda morno e que tudo tende a um conjunto de rituais.
    A partir dessa inquietação comecei a observar o universo evangélico (fora da minha igreja)com mais afinco.Alguns irmãos próximos me cobraram uma posição mais clara em expor e defender minhas idéias, porém sempre achei que seria mais um a falar num meio que tem muito gente falando e poucos ouvindo. Enfim, pensei em me expressar atraves de algum meio e quando pensava isso me vieram as palavras de Salomão "-Vaidade, vaidade, tudo é vaidade." Fiquei inquietado quando ví a enxurrada de troca de acusações entre partidários dos vários lideres em conflito. Pensei "Isso tá do jeito que o diabo gosta" e isso me fez pensar em ficar quieto e não por lenha na fogueira morna da minha igreja. Lendo seu artigo começo a repensar isso porém agora com a preocupação maior de como fazê-lo. Tô agora pensando em como contestar lideres irredutíveis com poesia e amor.
    Valeu a dica.
    Obrigado.
    (ufa! vc pensou que eu não acabaria mais, né? rsrs)
    Fique com Deus

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  5. Genizah,pelo amor de Deus,comessem uma campanha de 7 reais,digo de 7 dias,para que o nosso "palhaço-maior",cale a boca e deixe de falar tanta abóbrinha,pois cinceramente nem eu e nem a torcida do timão aguentamos mais o Silas-malavéia,nem ele nem o fala-que-eu-te-ouço-,nem o Marquito heresiano,nem os Hernand$s e nem esses picaretas de plantam que estão aplicando esse tremendo 171 nos evangélicos da república das bananas,digo Brasil.

    um abraço à todos
    ass.mais um bôbo da corte.

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  6. Sugiro que assistam aos 2 vídeos do Youtube - http://www.youtube.com/watch?v=jZ9V7YqINe4
    http://www.youtube.com/watch?v=9_5mG81rs0g& - em complemento ao texto acima.

    Os dois arrebentam!

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