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Colateral 2


Hermes Fernandes


Não basta comunicar nossa fé através de um conjunto de doutrinas. É necessário comunicar a nós mesmos. E para que isso seja possível, devemos amar àqueles com quem desejamos compartilhar os valores do Reino de Deus. O mesmo apóstolo escreve aos Tessalonicenses:

“Antes fomos brandos entre vós, como a mãe que acaricia seus próprios filhos. Assim nós, sendo-vos tão afeiçoados, de boa vontade quiséramos comunicar-vos, não somente o evangelho de Deus, mas também as nossas próprias almas, porque nos éreis muito queridos” (1 Ts.2:7-8).

Ninguém vai conquistar corações descrentes tentando impor suas crenças e valores. Temos que conquistar seus corações, antes de tentarmos conquistar suas mentes. Temos que expor nosso amor, antes de propor nossos valores.

Ora, embora Paulo estivesse tratando com um fiel, e não com um descrente, ele preferiu dirigir-se primeiro ao coração de Filemom.

“Pelo que, ainda que tenha em Cristo grande confiança para te mandar o que te convém, prefiro, todavia, solicitar em nome do amor, sendo o que sou, Paulo, o velho e, também agora, prisioneiro de Cristo Jesus” (vv.8-9).

Se com um fiel deve-se falar desta maneira, imagina com descrentes!

Hoje em dia, muitos pastores, além de quererem dominar o rebanho de Deus, querem também impor sua autoridade ao mundo. Bem fariam se dessem ouvidos ao velho Pedro: “Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente, não por torpe ganância, mas de boa vontade; não como dominadores dos que vos foram confiados, mas servindo de exemplo ao rebanho” (1 Pe.5:2-3).

Impetuosidade não nos leva a lugar algum. Tanto Paulo, quanto Pedro, chegaram a esta conclusão depois de velhos.

Em vez de simplesmente “mandar”, “ordenar”, Paulo preferiu “solicitar em nome do amor”.

As pessoas só deixarão determinadas práticas, quando tiverem suas consciências iluminadas pelo amor.

Quem pensa, por exemplo, que proibindo o aborto vai coibir o avanço desta prática nefasta, está equivocado. As clínicas clandestinas agradecem qualquer tentativa de impedir que o aborto seja regularizado no País.

A carta de Paulo não tinha a pretensão de condenar a instituição da escravidão. Pelo menos, não diretamente. Seu objetivo era interceder por um escravo em especial, Onésimo.

“Peço-te por meu filho Onésimo, que gerei em minhas prisões. Outrora ele te foi inútil; mas agora a ti e a mim muito útil. Mando-o de volta a ti, a ele que é o meu coração” (vv.10-12).

Onésimo era escravo de Filemom. Por algum motivo que não é revelado, Onésimo foi preso. Talvez tenha desfalcado seu senhor, ou cometido algum outro crime. Na prisão, conheceu o apóstolo, e acabou se convertendo a Cristo. Após cumprir pena, Onésimo voltaria às ruas. Mas pra onde iria? Um escravo não tinha alternativa, senão a casa de seu amo. Ele trazia marcas em seu corpo que o identificava como escravo, e por isso, estava fadado a ser reconhecido como tal pelo resto de sua vida. Ninguém se atreveria lhe abrir as portas.

Na casa de seu amo, ele teria trabalho, comida e moradia.

Seu dilema agora era saber se seu amo o receberia de volta. Caso não o recebesse, sua única opção seria a mendicância.

Era assim que a sociedade da época era estruturada. Isso não mudaria de uma hora pra outra.
Quando o Brasil, pressionado pela coroa inglesa, promoveu a abolição da escravatura, os escravos alforriados não tiveram pra onde ir, e foi isso que deu origem aos bolsões de miséria, hoje conhecidos como favelas, nas encostas dos morros das grandes cidades.

Imagine como a igreja cristã deveria se portar diante de uma questão social como a poligamia. Em alguns países, a poligamia não apenas é aturada, mas também estimulada. Países onde o número de mulheres é muito maior do que de homens, devido às constantes guerras. Sem a possibilidade da poligamia, muitas mulheres morreriam de fome, pois em algumas dessas sociedades, elas sequer podem trabalhar pela sobrevivência. Não bastaria a igreja se manifestar contrária a este modelo familiar. Se os maridos resolvessem liberar suas várias esposas, pra onde elas iriam? E se os pais não as recebessem de volta?

É claro que tanto a escravidão, quanto a poligamia são práticas condenadas pelas Escrituras. Mas isso não nos dá o direito de simplesmente impor nossos valores de maneira inconseqüente e irresponsável.

Continua...

***
Hermes Fernandes é réu confesso no Genizah

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  1. OLÁ OBRIGADO PELA VISITA E POR SE NOSSO SEGUIDOR QUERI UNIR PARCERIA COM VCS SE PUDER OBRIGADO AGUARDO RESPOSTA

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  2. Hermes, eles preferiram trazer imigrantes lá da Europa, do que valorizar a mão de obra escrava, que já conhecia a terra e sabia lidar com ela, dentro do nosso clima.

    Os senhores de terras, por causa do orgulho feudal, e total desprezo pelo negro, pelo simples fato de ser negro; pagaram muito caro por esta mão de obra vinda do outro continente.

    Não bastou o fato de ter que pagar para eles virem, anos depois, quando estes imigrantes se transformaram operários fizeram a primeira greve por melhores salários no Brasil, em 1917.

    Eles pensaram que seria perfeito trocar mão de obra escrava, por mão de obra barata.

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