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4 Verdades que Aprendi Sobre a Vida



Carlos Moreira

Ficamos porque acreditamos...
Não consigo fazer nada se não estiver apaixonado. Mesmo que possa parecer pieguismo, confesso: só tenho êxito quando realizo coisas que me dão prazer, algo que faça meu coração acelerar.

Por isso a mesmice me apavora, a rotina me enfada, o conforto me desencanta. Tenho medo do fracasso. Sempre tive... É daí que vem essa ânsia de realizar, de construir, mesmo quando o melhor seria ficar parado.  No fundo, é o desespero, lembrando de Nietzsche, de não me tornar nunca aquilo que sou, ser apenas um rosto na multidão, ou, como diz a frase da música do Pink Floyd, “apenas um tijolo a mais na parede”.

Quando eu fico, é porque acredito. Minha obstinação consegue ser obtusa. Sou capaz de perseverar até mesmo no erro. Por vezes, vou de encontro à razão, ao óbvio. Para mim, abandonar algo é uma das coisas mais difíceis da existência, seja um amor, um trabalho, um sonho ou uma amizade.

Fugimos porque nos desiludimos...
Alegoricamente falando, eu sou Hebreu. Sim, sou um ser desalojado, um andarilho da existência, homem de “tendas”... Já dei muitas voltas ao mundo sem sair do meu “cantinho”... Detesto a fixidez, o dogma, a norma, a lei. Fujo daquilo que é hermético, tenho horror à censura, não curto regras nem dominação. Bem disse a Rita Lee: “será que tudo que eu gosto é ilegal, é imoral, ou engorda?”. Desculpe... Não se escandalize...

Mas creia-me, há situações em que é preciso largar, deixar ir, deixar-se levar... Parece covardia, mas não é! Trata-se de virar a página, renovar “aromas”, saber que “é claro que o sol vai voltar amanhã, mas uma vez, eu sei...”. Só a desilusão é capaz de me remover, arrancar as estacas que finquei no chão da vida, me tirar de algo ou de alguém. Sim, quando me desiludo eu fujo, “peço a conta” e vou embora, não meço, sequer, as conseqüências.

Voltamos porque estamos perdidos...
“Caindo em si, disse: vou voltar...”. Foi à decisão do “filho pródigo”. Caiu em si... Caiu para cima e para dentro, teve a ousadia de perceber-se incompleto, a petulância de reconhecer-se como, de fato, era. Sim, nós voltamos quando nos perdemos, sobretudo, quando nos desencontramos de nós mesmos...

Mas isso só os "grandes" podem realizar, porque o caminho de volta é sempre doloroso e solitário. Quem volta sempre tenciona “chegar por cima”, com “ares de festas e luas de prata”. Mas, não raras vezes, ao retornarmos, a única coisa que trazemos na “bagagem” é apenas um punhado de desilusões...   

Morremos porque nos comprometemos...
Fico pensando até onde vai a minha fé, se eu seria capaz de morrer pela causa do Evangelho? Viver por Jesus é fácil. Morrer por Ele...? Nietzsche afirmou certa vez que no ocidente cristão já houve um tempo em que as pessoas estavam dispostas a morrer por Deus, pela pátria e pela família. Contudo, para ele, esse tempo já havia terminado.

Parece mesmo verdade... Ninguém está disposto a morrer por mais nada. Somos uma geração sem referências, sem destino e sem consciência. Já dizia o Raul Seixas em sua canção: “eu não sou besta pra tirar onda de herói...”. Talvez eu seja um dos últimos “tolos”, alguém que ainda se angustia com estas questões... É, talvez eu morresse por Jesus; talvez...  

“Ficamos porque acreditamos. Fugimos porque nos desiludimos. Voltamos porque estamos perdidos. Morremos porque nos comprometemos”.

Este texto não é “religioso”. Nele não tem doutrina, nem apologética, nem tão pouco sistematizações. Não fiz citações bíblicas, não me utilizei da hermenêutica, nem mesmo fiz alusão a algum dos personagens das Escrituras. Por isso, é provável que não lhe sirva para absolutamente nada. Ele é apenas um desabafo. É que eu estou fazendo uma faxina na alma, revirando “entulhos”.

Por isso, digo-lhe de todo o coração: o que afirmei é, para mim, verdade. Sei que sou responsável e culpado por aquilo que escrevo, mas não pelo que você entende...

Carlos Moreira posta aqui no Genizah e também na Nova Cristandade.

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  1. Coisa linda.

    Como somos parecidos Charlito. Grato sempre pela
    sua amizade. Ah! Vamos fazer aquele programinha esta semana?

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  2. Ah ...

    Bem disse a Rita Lee: “será que tudo que eu gosto é ilegal, é imoral, ou engorda?

    Quem disse primeiro foi Roberto Carlos em 69, numa canção de Jovem Guarda... Mas com Rita fica melhor, risos.

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  3. UAU! Carlos Moreira entrou em meu cerebro e em minha vida, ou não sou o "E.T." que julgava ser e tem mais gente assim?

    Como sempre, Carlos Moreira traduzindo com perfeiçao os sentmentos e meandros da alma humana moderna - faço minhas as palavras - CADA UMA delas.

    QUe Deus continue iluminando sua mente e coração pra que siga respingando luz nos dias de mesmice virtual em que vivemos

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  4. Valeu Dan! De fato, somos mesmo parecidos... Com uma diferença: eu sou muito mais bonito...KKKKK! Vamos sim, vamos fazer o programa. Te ligo.

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  5. Muito bom cara!!! Me identifiquei muito... Obrigado... To passando para os amigos.

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  6. Quem disse que o texto não me serviria para nada?
    Nos ajuda a entender tantos processos contraditórios em nós mesmos... Esses tantos e diferentes seres dentro de cada um de nós fascinam e, ao mesmo tempo, assustam.
    Enfim, vou ficar por aqui matutando, faxinando a alma.
    Não deixe de compartilhar os entulhos sempre que for faxinar, já que o que não serve mais para um, sempre pode ter alguma utilidade para outro. :)

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  7. Gostei muito de seu texto, justamente por vir de seu sentimento. Tambem estou cansado de Teologia Mirabolange, de Super- Homem Espiritual que não se abate, que não sofre, que não possua dúvidas, enfim, é bom ler algo sem os " chavões" espirituais...abraço

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  8. Papagaio, mas quantas referências "irreferenciáveis", como diria aquele ex-ministro que jurava ter uma cachorra "que também era um ser humano"! O Paulo Moreira teve que fazer um autêntico "malabarismo", para mostrar "as pedras que clamam"! Começando com Nietzsche e suas "filosofradas", o belíssimo e bem escrito texto escorrega em Pink Floyd, esbarra na "erva venenosa" da Rita Lee e mergulha na fumaceira verde do alucinado Raul Seixas e seus versos criados pelo bruxo Paulo Coelho, de inspiração puramente satânica. Apesar de negar qualquer religiosidade ao bem cuidado e poético texto, mesmo dando ênfase ao fato de haver tomado o devido cuidado de despojá-lo de qualquer citação bíblica ou de personagens bíblicos, todavia, brilhou uma luz nas trevas espessas de Nietzsche e na fumaceira verde de Raul Seixas, escapando uma ligeira citação ao filho pródigo. Pronto meu querido irmão, bastaria essa pequena referência (caso seu tema fosse teológico), ao que de fato interessa na resolução de nossos conflitos internos e nossas tribulações. Nossas rebeldias no aceitar leis, normas e dogmas (sim senhor, DOGMAS!!!), MESMO QUANDO RESPALDADAS PELA SANTA PALAVRA DE DEUS, se resolvem na aceitação humilde dos ditames e propósitos de Deus. Às vezes fazemos como o filho pródigo. Não é que queiramos "soltar a franga" e "cair na gandaia", mas pensamos que podemos nos virar sozinhos, sem regras, sem convenções, sem normas, sem dogmas e sem nenhuma autoridade sobre nós. É quando Satanás oferece seus conselheiros: Nietzsche (e com ele todos os demais pilares da filosofia, humanismo e pensamento puramente humanos e carnais); Pink Floyd (e sua legião de roqueiros satanistas, promíscuos, adeptos do sexo livre e uso de drogas e alucinógenos); Rita Lee (e sua troupe de rebeldes, inimigos da família, da lei e da ordem, usuários daquilo que ela mesmo denomina de 'erva venenosa', além de sua obsessão pelo sexo desenfreado); Paulo Coelho e Raul Seixas (mestre e discípulo, adeptos do "charutinho da Maria Joana", ou "cigarro do capeta", da bruxaria e do total descrédito a Deus e a Jesus Cristo), cujas músicas enaltecem Satan ('nascí há 10000 anos atrás...'; 'ví o dilúvio'...; 'vi Moisés...'; 'ví a travessia do Mar Vermelho...'; 'ví a formação do mundo...'; 'ví a morte de Cristo...', e por aí vai...). O Nietzsche tem lá as suas razões sim, mas por culpa exclusiva da chamada "cristandade", que tem falhado em executar os propósitos de Deus. Pelo fato de os profetas de Deus terem se calado, as pedras clamam. Esta é a razão pela qual as músicas de Pink Floyd, Rita Lee, Cazuza, Roberto Carlos e até mesmo do enfumaçado "maluco beleza", nos soam tão verdadeiras em certos aspectos, especialmente quando criticam e soltam o verbo nos "dogmas" e nas "convenções" puramente humanas e farisaicas. Quanto a isso estou plenamente de acordo com o Paulo Moreira, mas somente nesse aspecto. Por esse prisma é possível entender o desabafo do presente post. Mas é claro que ( pelo menos é isso que espero!!!) ele jamais se firmaria nos conceitos filosóficos e sistemas de vida e crença das pessoas referenciadas acima. Mesmo porque faz questão de ressaltar a não-religiosidade do tema por ele abordado. É pra refletir muito seriamente na seguinte verdade que consigo extrair disso tudo: ou nos levantamos como profetas consagrados e ungidos neste final dos tempos, ou então as pedras clamarão. Mesmo que sejam pedras do inferno!

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  9. Genial!!! Valeu mesmo por ter a coragem de postar este texto, me fez um bem enorme. É como compartilhar um sentimento comum, um reconhecimento de alma com um ser que nem mesmo conheço. Muito doido! E eu que não acreditava em transmissão de pensamentos - kkkkkk! Abraço

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  10. Lição de vida, para levar por toda a vida.

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  11. Carlos, adoro os seus textos. Me identifico muito com eles, porque muitas vezes parece que sempre temos que estar perfeitos,bem, como você pôs no texto, "por cima", que não podemos questionar ou passar por conflitos. Algumas vezes quando leio o que você escreve parece que é tudo que eu tava querendo dizer e não consigo. Agradeço a Deus por isso!!Por que faz com que eu me entenda um pouco mais e não me sinto estranho por pensar que passo por essas coisas sozinho! abraço.

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  12. Ás vezes pensamos, mas temos medo de dizer....Obrigada, corajoso!!
    Joselane

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  13. Rapaz, como é bom ler um texto de alguém humano... Talvez não 'demasiadamente humano' como bem poderia dizer Nietszche mas certamente mais acessível do que os altos níveis espirituais que são ventilados a plenos pulmões pelos líderes religiosos do nosso tempo!

    Tá faltando gente normal no nosso meio... Gente assim que sinta e fale de angústias comuns, que trate dos assuntos com menos ranço hermenêutico.

    Compartilho das mesmas 'verdades' e talvez de algumas outras... Só queria deixar registrado: me identifiquei com as suas palavras.

    Abraço.

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  14. que pena, descobri por um dos comentários que eu roqueiro sou necessariamente um satanista, ir me ei ter com o velho harmonio e as canções da idade média, de onde o comentarista bem sabe que procede a salvação.

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  15. Esse texto...
    Sou eu! O.o'
    Como ele conseguiu?? Pensei que fosse a única louca! Lindo texto, profundo demais, amei! Parabéns Carlos Moreira, pelo texto, parabéns Danilo Fernandes, por postá-lo no Genizah. Palavras que me confortaram, e abriram um pouco mas os olhos, me levaram a pensar...

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  16. Qta verdade nesse texto...eu li e meus olhos enxeram-se de lágrimas...
    Pq temos q ser tão perfeitos sempre?Neh vdd?Somos apenas seres humanos imperfeitos e cheios de erros mesmo...
    Tenho em minha caminhada cristã tido lutas por causa da visão que muitos nada acham de adequada para os padrões evangélicos, kkkk...(rindo pra não chorar pelas decepções)
    Eu qdo iniciei meu Blog que nada tem haver com religião, e vai de encontro ao que muitos acham de errado, pq afirmar que sou adicta do Coda e Mada nada acrescenta em meu ser...Mas não fui bem compreendida,pq poucos desconhecem sobre as patologias que adquirimos no decorrer da vida.
    A busca por Deus é um dos passos importantes pra um Coda/MADA.E nessa batalha sozinha(literalmente só) tenho tido meus momentos intimos com Deus...E uma coisa que me ajudou muito é qdo abro meu coração escrevendo sobre meus sentimentos...e sei que apesar de tudo, Deus me ama e me aceita assim como estou hj, pq Ele tem planos pra mim que nem eu e ngm conhecem...
    Amei o texto afirmo mais uma vez, e é em verdades assim que Deus trabalha em nossos corações...Obrigada pela partilha...Deus o abençõe sempre...

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