Apedrejando os outros. Algumas observações sobre o PLC 122
http://genizah-virtual.blogspot.com/2011/05/apedrejando-os-outros-algumas.html
William Douglas
Incômodo ou não, os cristãos falam sobre pecado, um dos temas abordados por Jesus. Quando lhe apresentaram uma pecadora que, por conta de suas ações, contrárias à lei mosaica, deveria ser apedrejada, o Messias também falou sobre violência. Grande revolucionário, Cristo impediu o apedrejamento sugerindo que aquele que não tivesse pecado lançasse a primeira pedra. Contudo, em desfecho esquecido pelos mais liberais, após proteger aquela mulher, e com amor, disse: “Vai, e não peques mais”. Eis Jesus: sem pedras, sem acomodações; com amor, mas sem pecado.
Socialmente, existe violência contra os homossexuais, é fato. E um bom cristão não assiste a um apedrejamento, seja de um pecador ou não, sem fazer o que pode para impedi-lo. Por força de suas crenças, os cristãos devem se mobilizar contra a homofobia e a violência. Afinal, evitar pedras é dever cristão.
Anote-se que existem três tipos de apedrejamento: o físico, o verbal e o moral. Explico. Homicídios e lesões corporais são exemplos do primeiro; a fala agressiva, do segundo; e a imposição de ideias à força, do terceiro. No caso da fala e do discurso, temos de ter cuidado, pois o direito de expressar opinião é uma conquista da democracia e compõe o quadro dos direitos humanos. Assim, lamenta-se a fala inflamada, mas ainda assim ela há de ser admitida, posto que sua limitação é censura, tirania, mordaça. Preferia não ver pedras verbais na boca de um cristão, mas às vezes é difícil distinguir onde começa e termina a opinião e onde começa o, sempre lamentável, uso de pedras, mesmo verbais.
É preciso haver liberdade para expressar a opinião. Isso inclui o direito de um religioso dizer que a homossexualidade é pecado, e o direito de um homossexual dizer que o religioso é retrógado. Cada um com sua fé, e todos respeitando, democraticamente, o diferente. Esta é a ideia.
A índole cristã é pacífica, tanto que a violência contra homossexuais não vem partindo de grupos religiosos. É bom dizer isso para não confundir as eventuais pedras verbais de alguns religiosos com as agressões físicas dos skinheads e neonazistas, por exemplo. Claro que ainda prefiro os religiosos com discurso mais amoroso, mas não confundamos os tipos de pedras, e não sou eu quem vai dizer o que o outro pode ou não falar.
Ao lado disso, não nos esqueçamos que pedras, de todos os tipos, estão sendo arremessadas de ambos os lados. O PLC 122, na forma como foi aprovado pela Câmara dos Deputados, tem um conteúdo de apedrejamento moral, ao querer impedir que os religiosos digam que segundo seu ponto de vista a homossexualidade é pecado. Isso pode incomodar a alguns, mas é um direito constitucional. Em suma, no justo interesse de combater a homofobia, parte do movimento gay também tem suas pedras verbais e morais. E lamento por alguns artigos de lei de interesse de todos não serem editados com a urgência necessária a fim de combater a violência não só contra os homossexuais, mas também contra negros, índios e pessoas pobres. Isso tem que ser combatido, e logo.
Como cristão e cidadão, quero combater a homofobia, como também quero que seja respeitado o direito de expressão de quem, por motivo religioso ou filosófico, tem opinião contrária à homossexualidade. Querer que um religioso, cristão, judeu, muçulmano, seja processado por suas crenças, é impedir a manifestação do pensamento e da religião. É querer usar a lei como pedra para acertar os religiosos. Erra quem usa a lei para impedir os direitos dos homossexuais e erra quem quer calar os religiosos usando a lei como veículo da mordaça.
O que mais me incomoda é que esse cabo de força da expressão da opinião impeça a edição de lei que criminaliza as pedras físicas. O resultado é que, sendo interesse de ambos os lados, projetos necessários, contrários à violência, estão demorando mais do que o necessário. Nesse passo, vale dizer: a maioria esmagadora dos cristãos é contra a violência, contra a homofobia, e se alguns segmentos se opõem ao PLC 122 é porque ele erra na mão e inverte a discriminação ao invés de eliminá-la.
Nesse cenário lamentável, o Senador Marcelo Crivella sugeriu à bancada evangélica um novo Projeto de Lei em substituição ao PLC 122. Este substitutivo tem o mérito de atacar a violência sem desrespeitar a Constituição, bem como de mostrar que os cristãos são contra qualquer violência, inclusive a violência contra a manifestação do pensamento. Em suma, finalmente há um projeto moderado, com inteligência e sabedoria para atacar o problema social da violência resolvendo os grandes defeitos do PLC em sua forma original. A proposta feita por Crivella, com o apoio de expressiva parcela dos evangélicos, contrários a qualquer tipo de violência, pode até ser apedrejado pelos radicais dos dois lados, mas, certamente, é o primeiro projeto que segue o caminho do meio, compondo os interesses dos dois lados sem ferir a Constituição.
Um bom cristão é contra a violência. Alerta sobre o pecado, mas não compactua com apedrejamentos físicos ou morais, e evita os verbais. Considerando que o movimento gay também prega o amor, espera-se que respeite o direito à discordância. Assim, os dois grupos podem se unir para editar uma lei capaz de combater as piores pedras, e que ajam de forma mais serena e respeitosa entre si, como só uma boa democracia, cristianismo ou arco-íris, pode permitir.
* William Douglas é juiz federal/RJ, professor e escritor. É Mestre em Direito e Especialista em Políticas Públicas e Governo.
O autor enviou a colaboração para a publicação no Genizah
Excelente texto! Concordo com o professor.
ResponderExcluirDa forma como vem sendo conduzido, o PCL 122 tende a inverter a situação fazendo com que a intolerância continue, só que do lado oposto.
Do jeito que está daqui a pouco terei que pedir desculpas porque sou hétero.
Creio que a liberdade de expressão e de opinião deve abranger todos os grupos sociais. Cada um tem o direito de discordar, sem violência nem mordaças.
Que bom ver um comentário primando pelo equilíbrio, em meio a esse vespeiro que é o assunto violência e homofobia. Desde a queda no Jardim, somos inclinados ao desequilíbrio, e uma postura dessa como a do juiz William, honra o evangelho em que cremos.
ResponderExcluirRoney Leão
Simplesmente brilhante.
ResponderExcluirParabéns pelo artigo, concordo em absoluto.
O que temos que combater não é a violência "contra homossexuais". Temos que combater A VIOLÊNCIA, seja contra quem for, quando for, por qual razão for. E para esta finalidade já existe o código penal, que penaliza agressões físicas (lesões corporais) e verbais (difamação, calúnia, injúria) e tudo o que ofenda o ser humano.
ResponderExcluirNão temos que lutar para que SÓ os homossexuais sejam protegidos, mas toda a sociedade, em especial aquelas frações mais frágeis, como as crianças, os pobres, os desamparados e os discriminados de maneira geral.
O simples fato de uma lei dessas colocar em risco a liberdade de expressão de outrem já é motivo para que seu texto seja revisado e debatido pela sociedade em geral.
Graça e paz do SENHOR aos irmãos do blog...
ResponderExcluirApreciei o artigo e considerei interessante colocações, embora algumas delas não procedam da ESCRITURA: "evitar pedras é dever dos cristãos"... Quem disse? Na passagem citada pelo irmão vemos alguns judeus (os já conhecidos "escribas e fariseus" trazendo um mulher surpreendida em adultéria. E eles, como sempre, querendo pegar JESUS, perguntam: "A Lei de Moisés mandou que tais mulheres sejam apedrejadas, tu pois que dizes?"... será que é realmente isso que a Lei de Moisés ordena? Vejamos: "Se um homem for encontrado deitado com mulher que tenha marido, >>MORRERÃO AMBOS<<, o homem que se tiver deitado com a mulher, e a mulher. Assim exterminarás o mal de Israel" (Dt: 22.22). Percebemos então que a Lei não estava sendo plenamente executada, mas tendenciosamente deturpada, pois os judeus sabiam que, sob o jugo do império romano, ninguém tinha a autoridade, a não ser o estado, de tirar a vida. Por isso eles queriam que JESUS desse um resposta positica, para acusá-lo.
Então, na verdade, a acusação de JESUS não era contra a correta execução da LEi, mas CONTRA O MAL USO DELA: "Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, de modo nenhum passará da lei um só i ou um só til, até que tudo seja cumprido. Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus. Pois eu vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus." (Mt: 5.17-20)
Se ELE não veio REVOGAR, então um bom cristão também não deveria lutar contra apedrejamentos, mas lutar contra a Aplicação parcial da condenação da Lei Bíblica ou Parlamentar.
Que o SENHOR JESUS nos abençoe!
É uma pena que no Brasil as pessoas não tem preparo intelectual para discutir questões como essa. Nem a liderança Evangélica, que se vendeu para evitar adistribuição do KIT gay nas escolas, nem a liderança do movimento GLBTS, que acha que temos que concordar e calar a boca.
ResponderExcluirNão se discute idéias nem se buscam acordos, mas parte-se para a violência, seja qual tipo for.
Gostaria de fazer algumas colocações sobre o que escreveu o Sr.William Douglas:
ResponderExcluir1) A violência praticada contra os homossexuais nem sempre tem como origem a homofobia. Algumas vezes esta violência é resultado do ambiente promíscuo em que vivem alguns gays.
Até mesmo outros homossexuais assassinam seus pares.
E o que falar dos homossexuais que praticam violência contra heterossexuais?
2) Homofobia, para a maioria dos militantes gays, é simplesmente não concordar com suas práticas. Um pastor que afirma que o homossexualismo é pecado, na interpretação dos gays, é homofóbico. Homofobia é algo muito maior que simplesmente ser contra. É uma repulsa, uma aversão de tal monta que pode levar a atos de hostilidade física.
3) O homossexual, no que tange à lei, é um cidadão como outro qualquer. Merece ser respeitado e tratado com dignidade. Qualquer violência contra um gay deve ser encarada como violência contra um cidadão. Para punir essa atitude repulsiva já existem leis em nosso país.
4) Muitos em nossa sociedade têm verdadeira repulsa contra evangélicos. Não toleram, não aceitam e até denigrem a imagem dos evangélicos. Seria o caso de lutarmos para aprovarmos leis que punam os que assim agem?
5) Por diversas vezes já foi colocado aqui neste site, mas parece que alguns têm dificuldade em entender, que o que muitos cristãos não aceitam, não é cidadão gay em si, mas sim essa tentativa de instalação de uma ditadura homossexual. Não podemos compactuar com essa tentativa de amordaçar aqueles que por suas convicções de fé, entendem que a prática homossexual é condenada por Deus.
Nenhum dos acusadores da mulher chamada de adúltera pôde arremessar pedras contra ela, pois eles também tinham pecados. Esta situação dava legitimidade para que aquela mulher atirasse pedras naqueles homens? Os homossexuais estão querendo atirar pedra nos cristãos, e muitos ainda se colocam do lado deles.
Curti bastante a opinião deste juiz! Muito sensata e lógica!
ResponderExcluirDeus abençoe a todos nós!
Eficaz.
ResponderExcluirMuito bom o texto, sereno e uma verdadeira aula, obrigado por compartilhá-lo conosco.
A respeito do post do Sr. Willian Douglas acertou no cravo mas tambem bateu na ferradura. Disse ele que existe violencia contra os homossexuais, ferradura, existe violencia é contra toda a sociedade. Fala também de imposição a força de ideias. Ora, não seria isto que estes mesmos homossexuais querem fazer? Calar uma sociedade inteira a força, impedindo o livre pensar e se expressar através de uma lei expecificamente ridícula que constrange uma grande maioria (basta ver pesquisas sérias)? Ninguem demite um bom funcionario por ser gay, demite sim por inapetencia profissional ou má conduta dentro do ambiente do trabalho. Eu duvido que muitos dos que aqui postaram um comentario não possuem um gay ou uma lesbica no seu circulo de amizade, nos seus
ResponderExcluirrelacionamentos comerciais, profissional ou mesmo familiar e por tudo insto penso ser uma discussão tola ser contra ou favor disto ou daquilo. Será que ainda não expressamos claramente que somos contra uma lei especifica para se proteger uma classe que quer privilégios como uma certa classe que já temos no brasil? O querido cita também neonazistas - devemos tambem cirar uma lei para proteger judeus? O Sr. José Ricardo foi direto no ponto. A violencia é maior entre eles mesmos e quando são agredidos quase nunca é por ser ou não gay. Concluindo, O querido Willian sentou no muro, não desceu em nenhum momento e tentou formar uma opinião, mas, para mim não colou.
A paz
Jesus Cristo seja louvado sempre.
Uma opinião muito sensata coisa que falta a muitos cristãos nessas horas, que fazem pessoas assim se afastarem mais da gente
ResponderExcluirpois é pelo jeito, tem muito mais gente defendendo o homosexualismo do que a família verdadeira, vamos criar um projeto de lei contra a familiofobia aí criamos uma barreira ainda maior, claro que cristão verdadeiro é contra a violência, quantas milhões de vezes precisamos colocar nesses blogs, sem a maioria entender ou se ofender, mais a pl 122 tira a liberdade de expressão, vamos usar um termo simples e um pouco repulsivo, se eu falar que tenho repulsa da prática posso ser acusado de discriminação e minha liberdade de expressão ir por água abaixo e pior ir pra cadeia por 2 anos ou mais, aí cristãos sugestionávies leêm artigos assim e batem palmas, dizem oh que legal, que inteligente, que terninho etc...
ResponderExcluirque tristeza no coração, devemos voltar a viver Cristo e não tentar explicar, ser demagogos, falar do que não conhecemos, Deus tenha misericórdia de ver os pequeninos de Jesus crescerem em lares homossexuais, vamos protegê-las irmãos.
grande abraço e paz pra todos
a importante, se pl 122 vigorar muitos dos comentários de pessoas acima são passíveis de julgamento e condenação ... pense nisso.