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Tá Amarrado, Simão!

Tá Amarrado, Simão!

 Por Marcelo Lemos

Uma das facetas mais interessantes da linguagem é sua capacidade de mutação. Observe as palavras. Veja que seus significados não é coisa totalmente fixa. À medida que a sociedade avança, novos significados podem ser dados as palavras e, não poucas vezes, duas gerações podem ser dividas pelo mesmo idioma. Não é jóia tal dinamismo? Claro! Mas não pretendo me alongar sobre este ponto, estou certo de que muitos preferem pensar em outros tipos de jóias, claro.  Porém, este dinamismo da linguagem é algo que me fascina. Eu acrescentaria até, que neste sentido, tudo o que a linguagem faz é imitar a própria vida. Não é esta um sinônimo de transformação, e o viver, de transformar-se?

‘Virge!’ Como podem ver, não tenho muita vocação para filósofo, apesar de adorar a matéria; não obstante, tais divagações me ocorreram ao presenciar um episodio inusitado.

Lá estava eu, escutando displicentemente a conversa entre duas mulheres evangélicas, quando uma delas, sei-lá-porquê, tentou-se ‘benzer’ dizendo: “Cruz Credo!”. Imediatamente, sua interlocutora a repreendeu: “Irmã Fulana? Que coisa é essa de invocar o Credo? Por caso você não sabe que o Credo é coisa dos católicos? Eu, hein?”.

‘Credo!’ Não é que esse tal dinamismo da língua pode ser perigoso, ? Nem o Credo escapou ileso!

Felizmente, com apenas alguns minutos, consegui explicar às duas cristãs, pessoas amigas, que o tal Credo não tem nada de ruim, antes, trata-se de um elemento que tem feito muita falta aos evangélicos brasileiros; além da falta de vergonha. As duas ficaram tão interessadas, que tive até que lhes arranjar um livretinho onde se explica essa coisa de “Credo”; no caso, escolhi o Credo Apostólico. Inconscientemente, devo ter imaginado que a adição do termo “apostólico” facilitaria o interesse das duas abençoadas. Apóstolo tem moral, compreende? Ligue a tv no Canal 21 e confira!

E que diferença faz o Credo! Estou decidido. Quero dedicar algum esforço a fim de divulgar o Credo. Aliás, depois de divulgar o Credo, acho que vou escrever e pregar a respeito das grandes Confissões de Fé. Será que alguém me dará ouvidos? Ou terei, como resposta, apenas: “Credo irmão! Que negócio é esse de ensinar o Credo?”. Pago pra ver.

Para ser mais honesto, a necessidade da Igreja Brasileira é de uma nova Assembléia de Westminister. Todavia, pensando melhor, acho arriscado. Para tanto, precisaríamos reunir algumas centenas de líderes de profunda piedade, erudição teológica e biblicismo. Conseguiríamos tal feito? Talvez seja melhor nem responder. Se alguém ainda se lembra da finada AEVB, sabe do que estou falando. AEVB? Tudo bem, tudo bem... Não precisam forçar tanto a memória, sei que no Brasil não existem elefantes...

Por outro lado, se o alvo fosse organizar uma reunião do CASEMAS, tudo seria mais fácil, não é verdade?

- CASEMAS?

Desculpem! Esta é a sigla não utilizada pelos lobos devoradores que infestam muitas Igrejas. Como entidade religiosa, suas origens retrocedem uns dois mil anos no tempo; como nos indica o significado do seu nome: Conselho de Apóstolos Seguidores do Mago Simão. Parece-lhe familiar?

É evidente, meus amigos, que nada disso tem haver com a superstição de se conjurar a Cruz ou o Credo, como fez aquela irmã! Acontece que não apenas a linguagem sofre mutações, mas igualmente, a imbecilidade humana. Num dia, o camarada acorda agarrado a um ‘pé de coelho’, no outro, apega-se a uma rosa ungida, sal groso, diploma de dizimista, camiseta do apóstolo, ou qualquer outra idiotice do nipe.

Isso mesmo! Não duvidem! Pode até ser que o tal do Credo seja coisa de católico romano; mas, e o uso de amuletos? Ah! Isso sim! Hoje, nada é mais evangélico que usar amuletos!

E você, amigo leitor, está em dia com suas mensalidades do CASEMAS? Cuidado! Não se esqueça da Lei da Semeadura. Até porque, é muito perigoso para um abençoado, membro da noiva incendiada, andar por aí sem a devida cobertura apostólica!

E, por falar nisso, caso algum apostólico resolva conjurar as maldições do Deuteronômio contra este descrente blogueiro, já vou logo adiantando: "Cruz-credo! Tá amarrado, Simão!"


Marcelo Lemos é o "cruz-credo" que edita o blog Olhar Reformado, e é colaborador do Genizah!
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  1. Ministérios inteiros tem se convertido em verdadeiros CASEMAS. Em antros de exploração, pregação e apologia à simonia.

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  2. Muito bom! uma breve aulinha de historia do cristianismo com uma pitada de humor e puxão de "orelha apostólica".

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  3. Valeu pela postagem... Deus o abençoe!!!

    Encontro Jovem - www.damocidade.blogspot.com

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