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Pulpiteiros: Eles estão entre nós!


Hermes C. Fernandes


É sempre a mesma novela. E do tipo que não vale a pena ver de novo. Chega ano eleitoral, e logo a igreja se vê assediada por candidatos em busca de votos. Geralmente, a crítica de quem não concorda com o engajamento político/partidário da igreja é dirigida aos candidatos e aos pastores. E de fato, chega a ser vergonhoso a maneira como nossos púlpitos têm sido profanados, e os votos das ovelhas negociados.
Mas há algo que passa despercebido por muitos. Quem estaria por trás dos bastidores de toda esta promiscuidade? Teríamos que inventar uma nomenclatura para designar o agente intermediário entre o púlpito e o palanque. Já que existe omarketeiro (profissional de marketing que conduz a campanha política), que tal chamarmos este elemento de “pulpiteiro” ?
De onde surgem os pulpiteiros? Na maioria das vezes de dentro das próprias igrejas. Pode ser um obreiro, ou simplesmente um membro que pareça bem intencionado, que preocupado com o “de$envolvimento” da obra, trata de buscar recursos para incrementá-la.
O papo segue sempre a mesma linha.
- Pastor, nossa igreja precisa crescer, dar uma arrancada. E o senhor sabe… os irmãos aqui são pobres… Precisamos de recursos de fora. Por falar nisso, conheço um político muito boa praça que tem um coração aberto pra obra do Senhor. O que o senhor acha de trazê-lo aqui qualquer hora dessas? Ele até me falou que gostaria de patrocinar a laje do templo. O que o senhor me diz?
Imaginemos que o pastor seja um homem de bem, que não queira se vender. Ele poderia responder mais ou menos assim:
- Meu irmão, não queremos nos envolver com isso. Não acho legal ceder nosso púlpito a candidatos. Sabe como é… questão de princípios.
Daí, nosso pulpiteiro responde:
- Que isso, pastor? Deixa disso. Sabe aquela igreja ali na esquina? Veja como cresceu rapidamente de um tempo pra cá. Eles apoiaram o atual prefeito em sua candidatura, e ganharam um terreno pra construir o novo templo. Não adianta querer ser muito certinho. Além do mais, o irmão Fulano (já chamando o candidato de “irmão”) me confidenciou que gostaria muito de lhe dar um carro novo pra lhe ajudar na evangelização. Disse até que iria com o senhor na agência, e que o senhor poderia escolher o modelo que lhe agradasse. Isso é bênça, pastor! Aproveita. Todos os pastores desta área estão de carro novo, só o senhor com este fusquinha velho. As pessoas comentam… Tá pegando mal…
A partir daqui, a conversa toma outro rumo. Os votos das ovelhas são negociados em troca de instrumentos novos pra igreja, cargo no gabinete do político para o filho do pastor, e às vezes, uma oferta generosa, entregue discretamente no gabinete pastoral.

Ora, se o pastor ganha com isso, imagine quanto ganha o pulpiteiro?

É também ele quem orienta o candidato para não cometer gafes no púlpito. Dá dica de versículos bíblicos, ensina os jargões e trejeitos dos crentes, e até a orar. Não duvido que haja quem ensine candidatos a falar em línguas… Tudo para angariar a confiança e os votos dos irmãozinhos.

Alguns são tão insistentes que quando o pastor se recusa a ceder seu púlpito, chegam quase a implorar para que pelo menos apresente o candidato durante o culto, e que permita a panfletagem do lado de fora da igreja.

Há pulpiteiros que recebem do pastor plenos poderes para falar em seu nome. E aí o perigo redobra. Outros, mesmo não recebendo qualquer procuração, falam e negociam em nome da igreja.

A figura do pulpiteiro nos remete Geazi, o discípulo ganancioso de Eliseu.

Quando o profeta se recusou a receber os presentes de Naamã, Geazi ficou inconformado, e disse:
“Meu senhor poupou a este siro Naamã, não aceitando o que ele trouze. Tão certo como vive o Senhor, hei de correr atrás dele, e obter alguma coisa” (2 Reis 5:20b).

Na concepção de Geazi, Eliseu havia passado um atestado de idiotice, simplesmente por não haver aceitado o que o general estrangeiro lhe oferecera. Assim são vistos os pastores que preferem manter-se distantes das campanhas eleitorais. Muitas vezes são recriminados pelos próprios membros da igreja.

Geazi conseguiu mais do que queria. Além dos bens que recebera de Naamã, foi contaminado com a lepra da qual o general havia sido curado. E de acordo com a palavra do profeta, aquela enfermidade se pegaria a ele e à sua descendência para sempre.

A pior de todas as lepras é a lepra ética. Homens corruptos geram filhos corrompidos.

Naamã não era corrupto. Ele sequer percebeu que estava sendo vítima da avareza de Geazi, que por sua vez, falava em nome do profeta sem o seu consentimento.

Pastores, tomem cuidado com os Geazis que rondam nossas igrejas. Talvez estejam usando seu nome para obter vantagens pra si. Não cedam seus púlpitos. Não o profanem, transformando-o em palanque. Não peçam voto pra ninguém. Não indiquem. Se quiserem manifestar sua opinião, façam fora do ambiente do templo. Mas não usem de suas prerrogativas como líderes para influenciar os crentes a votarem em seu candidato predileto. Isso não é ético. E chega mesmo a ser imoral.

Se um pulpiteiro lhe procurar, não ceda à pressão, não tente argumentar com ele, nem lhe dê esperança.

Faça as pazes com o seu travesseiro. Dê aos membros de sua igreja a oportunidade de exercerem sua cidadania livremente.
Hermes Fernandes é também culpado do que se faz aqui no Genizah

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  1. E reparem que as melhores “Marchas para Je$u$” foram em vésperas de eleições, é onde o Hernades e Cia Ltda. arrecada maiores fortunas dos políticos que querem subir no “palanque político da fé”, sem falar que a mesma razão, a motivação que faz o crente ir para esse “frevinho” é a mesma que ele tinha ao ir no carnaval, parada gay, na rave ou no estádio ver o seu time jogar. Ele tem a necessidade existencial de participar de um clube, levantar uma bandeira ideológica, seja a bandeira do partido, do arco-íris ou do seu time. No mínimo ele vai ver o bumbum da meninada e se seu chaveco colar, dali ele vai pro motel dar uma aliviada nas suas pulsões ou dar uma passada na boca de fumo da esquina.
    E para os que vão no coração sincero, coitados, acham que estão seguindo algo genuíno em favor do Evangelho, mas na verdade estão vestindo a camisa e levantando a bandeira de mais uma ideologia.

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  2. Pode parecer retrô mas...

    Tentei escrever vários comentários, mas não consegui de forma alguma expressar o que sinto diante de notícias como esta.

    Em todos os comentários uma palavra se repetia: MORTE. Talvez porque é disso que o evangelho fala, da morte: da morte do homem no pecado, da morte do Deus Vivo, da nossa morte diária para que outros não morram eternamente.

    Diante do peso desta responsabilidade, não entendo como homens, conhecedores destas verdades, conseguem simplesmente ignorá-las agindo como se o Reino não viesse mais e ficam presos a isso, a tão pouco.

    Talvez porque, não A conhecem, não conhecem a Verdade, caso contrário, seriam livres.

    Oremos!

    Forte abraço, em Jesus, a razão de nossa Esperança.
    BLOG - SIGA O MESTRE

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  3. Olá amigos do GENIZAH, estou passando por aqui pra falar pra vocês do TRÓFEU TALENTO BLOG 2010 e dizer ainda que o GENIZAH está concorrendo na categoria "HUMOR" e provavelmente será o vencedor, por isso estou entrando em contato para convidá-los a visitar o meu blog.

    Pra saber mais visite www.mrp1313.blogspot.com
    e saiba como será feita a escolha.

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  4. Valeu, Hermes.
    Foi um dos melhores textos, ultimamente - mas, admiro os outros, tb.
    Vale lembrar que hj, em dia, os políticos já não oferecem cargos para os pastores, como antigamente. Hj, o cargo vai para a esposa, filhos e parentes mais chegados. Sempre há um jeito de "premiar" os líderes e estes "atacam" o povo com versos bíblicos, dizendo que é preciso votar em candidatos crentes que irão defender a igreja. Tudo balela, pois quando chegam "lá", a maioria defende o próprio bolso. Mas, nesta altura, os líderes já embolsaram a sua parte.
    Repito que não são todos, mas a maioria age assim.
    Abração, meu amado,
    Pr Durval.

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  5. Aos nossos irmãos em Cristo quero lembrar: é preciso mais que falar!

    BLOG - SIGA O MESTRE

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  6. Aqui no RS, a igreja evangélica está em grande parte corrompida com este mal. Há pastor que afirma que o partido tal é do diabo....Há pastor que possui filho em cargo de confiança na prefeitura....Muitos pastores permitem que políticos realizem suas campanhas nos púlpitos em troca de apoio à "obra de deus".
    Isso tudo fede.

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  7. E falando em Marcha para "jesus", teve um ano, eu estava lá e foi a ultima vez que fui na tal de marcha, aqui em São paulo, que vi com esses meus dois olhinhos que Deus me deu. O casal de estelionatarios, E$tevão e $onia roubantes, colocarem o Paulo Maluf,no palco e que era pleiteava um cargo a governador de São Paulo naquelas eleições, e o Maluf, no palco disse : "aleluia irmãos".

    Aquilo foi a gota pra mim.

    Nunca mais votei em politico que usa a Igreja como massa de manobra para seus fins politicos tupiniquins.

    Pastor Caleb.

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