A ORIGEM: A fronteira entre o sonho e a realidade
Esta semana fui ao cinema com meus pimpolhos. Minhas filhas assistiram ao novo filme de seu astro predileto, Zac Efron, enquanto eu e meu filho assistimos ao extraordinário “Inception”, com Leonardo DiCaprio (“A Origem”).
Desde Matrix não assisti a um filme tão inovador em seu conceito. Tanto o roteiro (genial, diga-se de passagem), quanto a direção e os efeitos especiais, são de tirar o fôlego de qualquer cinéfilo.
A trama gira em torno de Dom Cobb (Leonardo DiCaprio), que lidera um grupo que invade os sonhos de pessoas poderosas para roubar informações secretas de seus subconscientes. Depois de falhar em uma missão, Cobb tem a chance de se redimir, ao ser contratado para uma missão arrojada e inédita; desta vez, não para roubar idéias e pensamentos, mas para implantá-los. É a esse processo que chamam de Inception, e cuja realização parecia ser impossível.
O filme vale-se de teorias ligadas à psicanálise de Freud, e à psicologia profunda de Carl Jung. Foi Sigmund Freud que chegou à conclusão de que no inconsciente é muito difícil distinguir a fantasia da lembrança. Suas descobertas instigaram Jung, inicialmente seu discípulo, a investigar o mundo dos sonhos e os seus significados. Em uma de suas acertivas, Freud conclui: “O sonho é a estrada real que conduz ao inconsciente”.
No filme, para implantar uma ideia no subconsciente do herdeiro de um império empresarial, Cobb e sua equipe têm que mergulhar nas camadas mais profundas de seu inconsciente. Enquanto viaja na primeira classe de um avião, o empresário é induzido a sonhar. Durante o sonho, situações inusitas acontecem, e ele é induzido a ter outro sonho dentro daquele sonho, e depois, outro sonho mais. Inception se mostra um quebra-cabeça mental extremamente original, experimental e pra lá de engenhoso. Cobb, por sua vez, tem sérios e antigos conflitos e sua ex-esposa Mal, que suicidou-se por confundir realidade e fantasia, é a personificação de seu turbulento passado. Se você pudesse escolher, iria preferir viver em um universo de sonhos ou em seu mundo real? Após perder sua família, ele tenta reencontrá-la não só em suas lembranças, mas principalmente nos induzidos (e perigosos) sonhos. Quando morrem em um sonho, os corpos reais despertam, a não ser que o sonho seja muito profundo, o que poderá levar a mente do ladrão de segredos a uma espécie de limbo, enquanto seu corpo vegeta no mundo real. Há que se prestar muita atenção para não se perder o fio da meada.
Pode-se também classificá-lo como um filme existencialista, que traz como principal dilema, viver na crueza do mundo real, ou se isolar em seu próprio universo fantasioso. Mas qual dos mundos é de fato real? Qual é sonho? Como distingui-los? Estas são questões pertinentes levantadas na película.
Não se trata de questões banais ou meramente fantasiosas. Pode ser aplicada a cada pessoa com conflitos externos, que cria seu próprio universo, no qual dita suas próprias regras. É claro que o filme não se propõe trazer resposta a essas perguntas, mas nos instiga a fazer nossas próprias conjecturas. O filme propõe, por assim dizer, uma busca pelo auto-conhecimento.
Além da abordagem psicanalítica e existencialista do filme, há também uma clara, ferrenha, porém sutil crítica ao capitalismo, e à maneira como as pessoas são manipuladas por este sistema baseado no lucro. O que que a propaganda faz senão uma espécie de “inception”? Todos os dias somos expostos a um bombardeio de anúncios, que tenta nos induzir a sonhar com coisas de que jamais necessitamos. De maneira sutil somos levados a adotar ideologias cujos objetivos inconfessáveis são de nos tornar meros fantoches nas mãos de corporações e governos poderosos.
Não foi igualmente a isso que Jesus foi exposto no episódio que conhecemos como “A tentação no deserto”?
Apesar de o inimigo de nossas almas não poder ler nossa mente, ele tem a habilidade de plantar ideias, de assentar tijolo a tijolo, até que haja construído uma verdadeira fortaleza de racicínios e altivez (2 Co.10:4), contra as quais temos que lutar.
Assim como o corpo possui um mecanismo de defesa, de maneira que quando corpos estranhos o invadem, cria anticorpos para combatê-los, no ambiente psíquico ocorre coisa similar. Esta é a razão porque Cobb e seus comparsas sempre se vêem em apuros durante sua incursão em sonhos alheios.
Usando uma abordagem bíblica, a única maneira de criarmos “anticorpos” às ideias que o mundo tenta implantar em nossas mentes é seguindo à risca a admoestação de Paulo:
“Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai” (Fp.4:8).
Em vez de sujeitar-nos à incersão de ideias e pensamentos malévolos e potencialmente destrutivos, devemos submeter-nos inteiramente à Palavra. Temos que dar uma faxina periódica em nossa mente, uma espécie de varredura como aqueles que fazemos em nosso computador quando acionamos o antivírus. Veja se não é esta a advertência feita por Tiago, irmão de Jesus:
“Pelo que, despojando-vos de toda impureza e de todo vestígio do mal, recebei com mansidão a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar as vossas almas” (Tg.1:21).
Uma vez tendo nossa alma salva (alma = psiquê em grego), limpa das ameaças viróticas, temos que reformatá-la, para que assim experimentaremos qual seja a “boa, perfeita e agradável vontade de Deus” (Rm.12:2).
A partir daí, resta-nos buscar estar próximos de pessoas que despertem o melhor, e não o pior que há em nós (2 Pe.3:1b), e ainda, procurar ‘infectar’ os demais, não com ideias e ideologias, mas com os ideais do Reino de Deus. Não podemos entrar no inconsciente de ninguém, mas podemos instigá-los a sonhar acordados. Aliás, esta é uma das atribuições do Espírito Santo: levar-nos a sonhar (Joel 2:28).
Hermes Fernandes é também culpado do que se faz aqui no Genizah
Todas as vezes que te vejo fazendo critica de filme me sobe um arrepio pela espinha... Não sei pq.... KKKKKKK
ResponderExcluirPor que será?...hum...
ResponderExcluirFazer o quê, né?
Sou cinéfilo assumido.
Fiquei com mais vontade de assistir depois q li sua crítica no blog domingo...tentarei esse fim-de-semana. Mt bom o texto.
ResponderExcluirOlá...vim, te visitar e te oferecer dois selinhos
ResponderExcluir1 - selo comemorativo de + de 300 seguidores
aproveito pra te agradecer por voce ter me proporcionado esta alegria
2 - selo do dia dos pais
com carinho
san
Hermes e Danilo,
ResponderExcluirdepois de "alguns" acontecimentos sinto o mesmo que você, kkkkkkk
Será que essa vai dar pano pra manga? Vai dar novela mexicana? kkkkkkkkkkk
Um forte abraço!
Já estava afinzasso de assistir o filme, depois então dessa ótima critica! Rs
ResponderExcluirMas não esqueça da Ilha do medo [Shutter Island], um filme muito inteligente.
E a reflexão é muito conveniente, constantemente somos disciplinados para que tenhamos insights e nossos sonhos sejam corrompidos, mas se nossos pensamentos estiverem em Cristo, literalmente sonharemos os sonhos de Deus [Joel 2:28].
Abrass, querido!
Misael M.
SENSACIONAL!!!! Não encontrei outra palavra pra definir seu post! Sou um frequentadro assíduo do blog, e jamais me deparei com uma crítica tão propícia e profundo como essa, baseada na ORIGEM. Nos leva verdadeiramente a questionar como estamos encarando nossa realidade. Qual tem sido o resultado do nosso "vestibular do deserto"...Jesus passou em primeiríssimo né, intaum somos capazes de chegar lá!
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