Estaria a Igreja em estado terminal?
Hermes C. Fernandes
Todos sabemos que Paulo de Tarso, antes de ser convertido era um homem de pavio curto, de temperamento colérico, explosivo. Mas depois daquele fatídico dia no caminho de Damasco, o implacável perseguidor da seita do Caminho tornou-se no seu maior defensor, e teve seu perfil temperamental transformado pelo Espírito. Não era fácil tirá-lo do sério. Paulo buscou viver e encarnar o Evangelho às últimas conseqüência. Porém, houve um episódio em particular que nos faz cogitar se não sobrou qualquer resquício do velho homem que insistia em vir à tona de quando em vez. Não creio que ele fosse um homem rancoroso e a prova disso é que o mesmo Marcos que o abandonou no início de sua jornada, foi requisitado por ele na reta final de seu ministério.
Mas houve outros que parecem tê-lo tirado do sério, entre eles Himeneu, Alexandre e Fileto.Em sua primeira carta a Timóteo, Paulo denuncia alguns que "vieram a naufragar na fé". "Entre esses", prossegue o apóstolo, "encontram-se Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás para que aprendam a não blasfemar" (1 Tm.1:20).
Será que Paulo teve uma recaída? Como alguém que pregava a Graça com tanto afinco poderia chegar ao ponto de entregar outros a Satanás? O que tais homens fizeram de tão sério para merecer um tratamento desses?
Vamos investigar um pouco mais.
Em sua segunda epístola a Timóteo, Paulo recomenda que seu pupilo evite "os falatórios inúteis, porque produzirão maior impiedade. E a palavra desses corrói como câncer; entre os quais estão Himeneu e Fileto. Estes se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição é já passada, e perverteram a fé que tinham alguns" (2 Tm.2:16-18).
Portanto, o naufragar na fé e o blasfemar apontados na primeira epístola são explicados aqui como falatórios inúteis, que produzem maior impiedade. Esses falatórios agiam como câncer, identificado aqui como desvio da verdade e perversão da fé.
A palavra grega traduzida aqui como "câncer" é γάγγραινα (gaggraina), de onde se origina o vocábulo gangrena. As traduções mais antigas trazem grangrena em vez de câncer. A diferença básica entre essas moléstias é que a gangrena ataca os membros do corpo, consumindo seu tecido, enquanto o câncer, geralmente, ataca os órgãos vitais. A gangrena é, por assim dizer, uma moléstia externa, enquanto que o câncer geralmente é interno. Porém ambos têm em comum o fato de devorarem parte do corpo de suas vítimas.
Em casos de gangrena, a solução é a amputação. Embora seja uma decisão difícil de se tomar, o médico sabe que é melhor poupar a vida do paciente do que preservar um membro necrosado.
Em casos de câncer, a situação é similar. Tem-se que eliminar as células cancerígenas antes que façam a mestástase e se espalhem por outras regiões do organismo, infectando novos órgãos. O câncer se dispersa quando células tumorais caem nas correntes sanguínea ou linfática e viajam até outro órgão, onde um segundo tumor se forma.
Uma proteína produzida pelo câncer cola em outras células, as da medula óssea progenitoras das células sanguíneas. Elas são promovidas a «soldados do câncer», migrando até uma região em particular. Lá, os emissários se instalam e começam a produzir uma proteína chamada fibronectina, que age como uma cola para atrair e prender mais células da medula, formando um ninho de proteção e fonte de alimento para as células tumorais - que seguem como generais para um campo de batalha já preparado para recebê-los. Esses ninhos têm ligação com as células cancerígenas para implantá-las. Com isso elas não apenas mudam como se proliferam. Depois disso, tem-se um local completamente formatado para um tumor secundário.
A metástase é o processo mais mortal envolvido no câncer. Não é raro pacientes com tumores sólidos serem operados e tratados inicialmente, para morrer algum tempo depois de um câncer secundário.
É claro que Paulo não tinha idéia de como funcionava o processo de mestástase. Mas inspirado pelo Espírito Santo, deixou-nos relatado esse episódio em que a melhor opção foi “amputar” um membro do corpo, para preservar os demais.
É o corpo que tem que ser preservado. Agora, imagine se um médico dissesse à sua paciente: – Há um nódulo em seu seio esquerdo. Vou remover o direito antes que seja infectado. Isso faria sentido? Nenhuma cirurgia é mais traumática a uma mulher do que a Mastectomia. Mas se não resta alternativa, que se remova o seio canceroso, e não o saudável. É a vida da mulher que deve ser preservada. Ela viveria sem um dos seios, mas um seio saudável não sobreviveria à parte do resto do corpo.
Há células cancerígenas na igreja cristã de nossos dias. Mas a saída não é remover os membros ou órgãos saudáveis para outro corpo. A saída é denunciar onde está a ‘doença’ e então atacá-la.
Não vou sair por aí dizendo que não sou mais cristão porque as coisas que se fazem em nome do Cristianismo são deploráveis. Prefiro denunciar os tais que usurparam o nome de “cristãos”, e desmascarar os impostores.
Não podemos simplesmente jogar fora dois mil anos de história. Seria insensatez de minha parte acreditar que somente agora no raiar do vigésimo primeiro século, alguns cristãos conscientes resolveram redescobrir o sentido original da mensagem de Jesus. Não! Sempre houve e sempre haverá um remanescente em cada geração. Jesus garantiu que as portas do inferno não prevaleceriam contra a Sua igreja. Duvido muito que Ele tenha Se enganado.
Assim como sempre houve remanescentes, também sempre houve e haverá células cancerígenas ou membros gangrenados. Constatamos isso nos escritos apostólicos ainda do primeiro século da era cristã. Mas como os apóstolos lidaram com isso?
Paulo os entregou a Satanás. Acredito que esta “entrega” seja o equivalente à amputação de um membro gangrenado. É claro que esta deve ser a última opção a ser considerada. Assim como o médico só decide remover o seio canceroso depois que a quimioterapia comprovou-se ineficaz. Mas quem disse que Paulo não lançou mão de outras?
No finalzinho de sua segunda epístola, Paulo diz a Timóteo:
"Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe pague segunda as suas obras. Tu também guarda-te dele; poque resistiu muito às nossas palavras" (2 Tim.4:14-15).
Se a palavra já não tem qualquer efeito sobre a pessoa, o que resta senão “considerá-la como um gentio”?
Gosto da maneira como Paulo “dava nome aos bois”. Muitos nos criticam quando fazemos o mesmo. Não basta falar por alto, deixar subentendido nas entrelinhas. É necessário que o espírito do erro seja nominado. Aqueles cujas palavras estão corroendo o corpo de Cristo têm que ser expostos para que não continuem a se alastrar.
De uma coisa estou certo: a igreja de Jesus jamais será um paciente terminal. Os membros de Cristo jamais terão que ser doados a outro corpo por causa da irreversibilidade de seu estado.
Se Cristo nunca desistiu de Sua igreja, por que desistiríamos nós? Não estou saindo em defesa da igreja enquanto “instituição”, e sim da igreja como organismo vivo. As denominações são para a igreja o que as roupas são para o corpo. Hoje são novas, amanhã envelhecem, hoje estão na moda, amanhã serão consideradas antiquadas. Como tais, devem estar sempre bem apresentáveis, lavadas, passadas, e cheirosas. Porém, não são insubstituíveis. Como bem sinaliza Jesus, o corpo é muito mais do que as vestes. Ainda que as vestes resplandeçam com a glória do Corpo, como aconteceu na Transfiguração, não deixarão de ser apenas roupas. Mas o Corpo tem glória permanente. É por isso que creio na igreja de Cristo, pois deixar de crer nela é o mesmo que desacretidar nas palavras de seu fundador.
Estamos presenciando o ocaso do cristianismo bíblico, é triste, mas é verdade.
ResponderExcluirE, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar. Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim. E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte. II Cor 12:7-10.
ResponderExcluirMeu querido Hernandes. O espírito investigativo que lhe proporcionou tão lúcido comentário nasceu à partir de uma sentença interrogativa: Será que Paulo teve uma recaída? Como alguém que pregava a Graça com tanto afinco poderia chegar ao ponto de entregar outros a Satanás? O que tais homens fizeram de tão sério para merecer um tratamento desses?
Acrescentando: Paulo não só tinha consciência de entregar com lucidez a Satanás Aqueles cujas palavras estão corroendo o corpo de Cristo e que têm que ser expostos para que não continuem a se alastrar, como sabia conviver em seu ministério com um mensageiro de Satanás para lhe esbofetear.
Por incrível que pareça; aquilo que afirmo não é heresia: Satanás vira servo de Deus,tanto para disciplinar crentes saudáveis como Paulo,como gangrenados como um Himeneu e um Alexandre. A consciência que prevalece em ambos os casos é a soberania da Graça de Cristo. …a minha graça te basta…
Jesus também orou e intercedeu por um outro discípulo que posteriormente iria cair na peneira do inimigo; … Disse também o Senhor: Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos. Lucas 22: 31-32.
Creio que: como Paulo,Pedro, Himeneu e Alexandre; o princípio que impera é o da Graça Disciplinadora para a Salvação!
Parabéns Hermes. Que a Graça de Cristo sempre te encha de sobriedade!
No Poder do Evangelho, onde até Satanás serve para os interesses da Noiva Amada do Senhor, mesmo que para isso se apresente com sua peneira, espinho ou unhas!
Também!...não nos esqueçamos de Jó!...
Bonani
Via de fato é crer que somos igreja e contra isso nem as portas do inferno irá conseguir por fim.
ResponderExcluirNão quero usar o texto como desculpa para emendar um dialogo entre ser igreja e ir a igreja, ou que seja valorizar uma proposta emergente.
O que é claro para mim é que o cristianismo como um todo hoje vive uma crise de identidade, quer seja em sua própria irrelevância ou na sua própria falta de identidade com Cristo.
Se continuarmos assim o que será do cristianismo daqui a cem anos?!?
A igreja institucional é essencial para o evangelho como é primordial existir pessoas que estão fora do aquario.
O que sei e o que é forte em mim é que toda revolução eclesiastica ocorreu como implosão ( de dentro para fora), então pelo menos p/ mim não quero ficar de fora jogando pedra nos vidros.
Quero estar dentro ser ouvido, questionar de frente e reconhecer quando estiver errado.
Se formos mais relevantes, se sairmos do aquario, se buscarmos novas propostas de trabalho e não de movimento carismatico, se encontramos na igreja um ponto de partida para algo melhor poderemos contruir algo além da militancia virtual e todo o seu blá blá.
Uau...!
ResponderExcluirConcordo em gênero, número e grau com cada colocação Hermes!
É legal ver que ainda existem pessoas que assim como o Ap. Paulo, não hesitam em expor as gangrenas, nem em tratá-las e se necessário for, também não hesitam em removê-las. E de fato, quem está 'removido' do corpo de Cristo, está entregue a satanás, é um fato.
muitO edificvante esse discurso, o que se faz em NOME DE DEUS é um absurdo comentava eu hoje com minha esposa sobre as coisas Q acontecem aqui em bh vcs nem imaginam ,imaginem vcs que minha irmã frequenta uma igreja que queriam vender pra ela um CASTIÇAL APOSTOLICO rsss.
ResponderExcluirSem comentário,aprendi muito com este texto,graças a Deus.
ResponderExcluirE o que Himeneu e Alexandre fizeram?
ResponderExcluirAbriram sua própria igreja, sua própria denominação evangélica,
não reconheceram a autoridade do apóstolo, o apóstolo não fez deles seus sucessores, eles quebraram a suceção apostólica,
não aceitaram o entendimento de que a ressurreição ainda era válida, ou seja não aceitaram a tradição que o apóstolo ensinava, a tradição apostólica,
não aceitaram a palavra do apóstolo reúnido com os anciãos e líderes, isto é, o concílio dos bispos,
Quem são Himeneu e Alexandre hoje? É você protestante evangélico, que não aceita a autoridade da igreja enquanto sinal visível da igreja invisível, da parte física do corpo místico de Cristo, feita de homens, de história, com joio no meio, é a visibilidade de Cristo no mundo, é a continuidade do trabalho de Paulo, não de Himeneu e Alexandre, continuidade do trabalho dos apóstolos que fizeram seus sucessores e estes os seus, sucessivamente, até nossos dias, de forma histórica, visível.
e por falar nisso é sucessão e não suceção, isso que dá não revisar o comentário antes de postar e a língua também não ajuda muito.
ResponderExcluirAssisti hj uma pregaçao do Sr Infeliciano na web. Ele antes de pregar ensina a teologia da prosperidade. Medonho. Infelizmente.
ResponderExcluirPrezado Hermes Fernandes, muito equilibrada a forma como você conseguiu separar a Igreja Corpo da Igreja Roupa! As instituições, como você bem disse, realmente precisam ser repensadas o tempo todo para que não venham perder a relevância.
ResponderExcluirSaiba que você também é bem vindo lá no HumbertodeLima.com
Abraço da Paraiba.
O Genizah presta bom serviço à consciência evangelica postando temas como este.
ResponderExcluirNão sou visitante assiduo do blog, mas não resisti em deixar esse meu comentário. Aliás já o fiz no post do "Chapinha Gospel".
Desculpa ai "brothers and sisters." Quero me reportar ao acontecimento da "profetada do irmão Pilão" que aconteceu alguns anos atrás nos "Gideões do Serra" em Camboriou. Vocês se lembram daquele cidadão que profetizou pro "Infeliciano"?
Fiz uma "investigação-forense" no "cabelo de ambos" e descobri que o tal "pastô-pilão" é um tal "cantor gospel" que se chama Moser". O cara na época era calvo , mas hoje se apresenta com uma peruca ridícula que ele comprou na mesma loja que o "Infeliciano" faz seu tratamento "metro-sexual". Dêem uma olhada http://www.youtube.com/watch?v=VRiUxSYi-x4
O momento que eles dois viveram de abraços lá na tribuna dos Gideões fez com que após a reunião eles se tornassem amigos e passassem a ser clientes da mesma loja em São Paulo!
Pergunta pro "Infeliciano" se ele não conhece o "Moser". Eles com certeza se conhecem já do tempo do "Com Muito louvor da Cassiane!" com certeza eles se conhecem muito bem!
Caro e dileto Católico, mas Romano
ResponderExcluirO que tens a dizer sobre as Igrejas Copta, Ortodoxa, Armênia, Síria, e outras que não estão sob o papado romano?
Somos católicos e apostólicos, mas não romanos.
A tradição que seguimos é a do ensino apostólico. Paulo mesmo, em Gálatas 1, diz que se alguém pregar qualquer coisa que não é segundo o Evangelho, seja ele mesmo ou até um aparição do céu (no caso, um anjo), não deveríamos ouvir.
O apóstolo Pedro foi repreendido por Paulo por estar ensinando diferente da doutrina do Evangelho.
A tradição que seguimos é a do Evangelho de Cristo.
Quando os papas, pastores, ou sejam quem for, ensinar, colocar qualquer outro fundamento que não Cristo somente, perdeu-se a legitimidade da tradição.
Pregar sobre penitências e indulgências necessárias a complementação da justiça que recebemos em Cristo é pregar outro Evangelho. Tão repreensível por Paulo como fez diante de Pedro.
João Calvino,
ResponderExcluirA Igreja Católica é constituída atualmente por 23 Igrejas "sui juris", sendo a maior, a mais conhecida e numerosa a Igreja Católica Latina, ao ponto de muitas pessoas confundirem-na com a Igreja Católica, que são duas coisas diferentes. Estas 23 Igrejas professam a mesma doutrina e fé, salvaguardada na sua integridade e totalidade pelo Papa. Mas, elas possuem diferentes particularidades histórico-culturais, uma tradição teológica e litúrgica diferentes e uma estrutura e organização territorial separadas, por isso possuem um certo grau de autonomia, constituída pela possessão de direito próprio.
Atualmente a Igreja Católica mantém conversações avançadas com as Igrejas Ortodoxas e Orientais, reconhecemos mutuamente os Sacramentos da maioria delas, e caminhados rumo à unidade, inclusive com os Anglicanos que você não citou.
1. A doutrina e o uso das indulgências vigentes na Igreja Católica há vários séculos encontram sólido apoio na revelação divina, (1) a qual vindo dos Apóstolos "se desenvolve na Igreja sob a assistência do Espírito Santo", enquanto "a Igreja, no decorrer dos séculos, tende continuamente para a plenitude da verdade divina, até que se cumpram nela as palavras de Deus".INDULGENTIARUM DOCTRINA
8. Essa remissão da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à falta foi chamada propriamente "indulgência" .(37)
Nisso a indulgência apresenta traços comuns com os outros modos ou meios destinados a apagar as conseqüências dos pecados, mas deles também se distingue claramente.
Com efeito, na indulgência, usando de seu poder de administradora da redenção de Cristo Senhor, a Igreja não se contenta com rezar, mas por sua autoridade abre ao fiel convenientemente disposto o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos pela remissão da pena temporal.(38)
O fim intencionado pela autoridade eclesiástica na concessão das indulgências é não apenas ajudar os fiéis a pagarem as penas que devem, mais ainda incitá-los ao exercício das obras de piedade, de penitência e de caridade e, particularmente, das obras que conduzem ao progresso da fé e ao bem geral.(39)INDULGENTIARUM DOCTRINA
Caluniar, difamar, injuriar e maldizer o povo católico e o catolicismo, atribuindo ensinos que não são dele, por essa maledicência o povo evangélico protestante haverá de dar conta no dia do juízo. (Mateus 12:37).
Caro papista,
ResponderExcluirO que disseste está corretíssimo quanto o que deve ser importante, isto é, que "professam a mesma doutrina e fé", como bem colocaste.
As epístolas de Gálatas e Colossenses são um grande prumo para o reconhecimento da doutrina e fé que deve ser professada. Nada deve ser acrescentado, nem retirado, ainda que tenha aparência de revelação vindo dos céus, ou de piedade humana.
Até o mais antigo credo, atribuído aos apóstolos, não fala de perdão dos pecados sob pagamento.
Nenhum apóstolo cobrou um centavo pelo sangue do nosso Senhor.
Nenhuma igreja que dá atenção ao Evangelho cobra sequer o que seja, pelo perdão dos pecados.
Se o papa ou até os pastores neopentecostais dizem ter todo o poder que têm, que libertem todas as almas, seja do purgatório, seja das "maldições hereditárias" e devolvam o dinheiro a quem de direito.
Em nada ponho a minha fé, a não ser no sangue de Jesus. A minha fé e o meu amor estão firmados no Senhor, como já dizia o hino protestante, profundamente evangélico na sua essência.
Que cada igreja retenha o que recebeu do Evangelho, como Jesus disse às sete igrejas. Não acrescentado nada, nem retirando dele nada.
João Calvino,
ResponderExcluirIndulgência se refere a remissão da pena temporal, ou seja, as consequências do pecado, e não o pecado em si.
Não finja que não entendeu, mas claro, o evangélico protestante prefere caluniar, difamar, injuriar, mentir, encher a boca pra falar como se fosse um especialista em catolicismo, só porque a avó ou a tia são católicas.
Caro apostólico romano,
ResponderExcluirPercebo que está nossa conversa aqui está saindo do debate de idéias.
Usar argumentos ad hominem não fica bem, e ainda mais quando começa a envolver a vó ou a tia. Que nível hein?
Eu compreendi bem a questão. Tenho amigos católicos romanos. Recebi faz alguns anos um convite-indulgência para receber alguns dias de indulto no purgatório.
A antiga coleção Barsa também vinha acompanhada de uma Bíblia da Sagrada Família. Nas primeiras páginas, edição da década de 60, havia promessas de indulgências de várias formas. Uma delas era plenária. Outras, de 300 dias a menos no purgatório, se osculando os Evangelhos.
Ora, temos aqui dois problemas: um de ordem física e outro temporal.
Como se contam os dias no purgatório? São de 24h horas? Existe a unidade tempo assim no purgatório?
E onde encontramos isso nas Escrituras? Os pecados não tiveram apenas sua pena paga por Cristo, mas também sua satisfação plenária, igualmente!
Além do mais, quando Deus perdoa, o faz imediatamente! E está tudo consumado já, pelo sangue. Não há o que acrescentar ou retirar.
O que podemos depreender as epístolas apostólicas, seja de Pedro, Paulo ou João, é que "a penitência" em si mesmo é o arrependimento, nada além disso. É o que vemos inclusive no Apocalipse, epístola mais tardia da Igreja! Não ali instrução alguma penitencial que não seja o arrependimento profundo e genuíno.
Será muito mais produtivo e válido debatermos as Escrituras. Aqui sim podemos nos respeitar com dignidade.
E minha geração de família é, desde o séc XV, proto-protestante. Somos de origem da igreja de Huss. Para constar. Mas podia ser o meu próprio pai ou mãe que fossem romanos. Não caberia ainda esse argumento.
O que apenas iria constatar que o ensino católico romano é mal entendido popularmente e a Igreja Romana é omissa em não corrigir, aceitando o a fé simples do povo que paga promessas promessas para adquirir alguma bênção que já recebemos em Cristo, especialmente a alegria que podemos ter de que hoje mesmo, se nos arrependermos e cremos, temos nossos pecados perdoados. Nada mais sendo necessário. Nem pagando indulgências para satisfação, seja de dias ou plenária no purgatório.
Tal qual o ladrão da cruz, o pior pecador pode ouvir da boca de Cristo: "hoje mesmo estarás comigo no Paraíso". Perdão plenário, consumando,aqui e agora, já! Amém!
João Calvino,
ResponderExcluirO catolicismo, baseado nas Sagradas Escrituras e na Tradição Apostólica, através do entendimento do Magistério da Igreja, ensina:
O perdão obtido pela confissão não significa a eliminação do mal causado como consequência do pecado já perdoado, necessitando por isso de obter indulgências e praticar as boas obras, a fim de reparar o mal que teria sido cometido pelo pecado.
Nossa vida, comparada a uma tábua, tem nos pregos os pecados, que são retirados no sacramento da Penitência, restando, todavia, os furos, os buracos, que precisam ser tapados por boas obras (mortificação procurada, penitência imposta, e penas da vida).
Isso é um exemplo do catolicismo verdadeiro, não é reducionista como o pensamento protestante, que enlata todos os mistérios espirituais para ser facilmente comercializado, limitam Deus e seus mistérios, para os evangélicos basta recitar as palavras mágicas:
"Eu creio que Jesus Cristo é meu único e suficiente salvador" e frequentar uma igreja evangélica pelo menos uma vez por semana e estará condenado ao céu,
se não fizer isso estará condenado ao inferno, boas obras não salvam ninguém então não as praticam, não são como os espíritas que "querem comprar sua salvação",
se pecam então oram baixinho e fica tudo bem, "Tiago 5:16" só vale para católicos,
se caluniam, injuriam, difamam, fofocam, maldizem, tudo bem, já estão salvos mesmo.
Os evangélicos protestantes pregam a "livre interpretação da Bíbla por qualquer um" desde que não seja por um católico,
os católicos seguem a interpretação das verdades espirituais que é ensinada pelo Magistério da Igreja, temos esse direito, vocês protestantes não tem o direito de dizer em que devemos crer ou não,
acreditamos nas Sagradas Escrituras, com todos os Livros Deuterocanônicos e cremos na Tradição da Igreja, os evangélicos deveriam ter um mínimo de decência e aprender a respeitar a fé do próximo.
Dou minha participação neste tópico por encerrada.
Caro católico,
ResponderExcluirPara quem deveria representar bem a erudição romana, como grandes nomes como Sto Agostinho e Sto Tomás de Aquino, deveria ser menos generalizador.
Muitos evangélicos cometem o que disseste. Não são todos. Assim como existe o catolicismo popular, que não representa oficialmente a fé romana.
Usar a indefinição de sujeito, na 3ª pessoa, não ajuda em nada. Continua numa versão light ad hominem.
Se é para trata da fé cristã, é dela que precisamos tratar. Não vamos aqui ficar tratando dos pastores safados, crentes mal educados, ou de padres pedófilos e fiéis desajustados, não é?
Parece que há um equívoco também quanto a determinadas afirmações sobre o protestantismo, reproduzindo apenas o ensinamento "popular" da fé evangélica.
Seria muito mais proveitoso, repito, debater as Escrituras e buscar nelas o respaldo para a doutrina da penitência e da satisfação pelos pecados.
Claro que teríamos de debater também os métodos. Por exemplo, a forma de Sto Tomás de Aquino é eisegético: parte da razão, da filosofia, para a Escritura. Só isso já daria um bom tema.
A Igreja, deveria ser exegética, da Escritura para fora.
Podemos discordar aqui, mas é aqui que está toda a nossa questão. Não em tias, avós, evangélicos injuriosos, pastores ladrões, mal caráter ou até de padres pedófilos.
Espero que eu tenha sido honroso nas minhas palavras e com sua pessoa. Deus derrame bênçãos com toda multiforme graça de Cristo sobre tua vida!
A igreja institucionalizada já está morreu há muito.
ResponderExcluirDe que igreja mesmo estamos falando?????
ResponderExcluirO que essa pretensa cristandade brasileira tem á ver com jesus , eu lhes digo nada , esse pessoal evangelico pensa que descobriu a roda, todo profeta de internet é um demente em potençial,pois nos os vermezinho das igrejas somos os boçais hipocrítas da religião,acredito que tá na hora de cada um cuidar da sua vida, lembra quando o discipulo disse pra Jesus que viu um homem espulsando o demonio em nome dele pra jesus ordenar que ele parasse porque não andava conosco qual a resposta de Jesus ?
ResponderExcluirQue Deus continue te iluminando, Calvino. Vamos orar para que Deus envie mais trabalhadores pra colheita, trabalhadores que coloquem a Palavra de Deus (Escrituras) acima de qualquer argumento humano.
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