O risco de um pastor sem vocação
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De quem você lembra quando vê esta poltrona? |
Por Zé Luís
Quando comecei a pegar gosto por frequentar igreja evangélica, não demorou muito para eu começar a analisar as pregações e pensar:
“ Consigo pregar melhor que este cidadão... tenho mais cursos, boa dicção, melhor oratória, mais tempo de leitura, absorvo melhor os contextos... e essa minha humildade que me permite ser mais do que qualquer um daqui...”
Não demorou muito para que eu fosse convidado a pregar, não em minha igreja, mas em um imenso templo, onde engasguei após ter me preparado tanto, e gaguejei diante dos olhares daquela multidão de gente paciente. Poucas vezes, cinco minutos se prolongaram tanto.
Mesmo assim, persisti, estudando mais e mais, com um impulso que parecia nascer dentro de minha alma. Havia uma necessidade, uma fome, mas o orgulho de me achar melhor – que parecia me impulsionar - parecia nublar determinados pontos. Era como se tudo que eu dissesse não soasse sincero (o que realmente não era). Parafraseando C.S .Lewis, falar de perdão é super fácil, até que você precise perdoar coisas imperdoáveis. Falar de amor a inimigos , na teoria, é simples: existem milhares de bons textos que nos animam a isso, até que o seu opositor te agride com a truculência possível.
Isso, com o tempo, me levou a uma encruzilhada sobre minha real vocação. Ainda mais quando conheci um candidato a pastor que, ao conhecer minha crise existencial de não viver o que pregava e querer pregá-la, avisou: “Mas nós não podemos viver o que pregamos. Seria como uma enfermeira se compadecer com todos os doentes que trata...”
Parecia que falávamos de uma preparação intelectual (que já tentara e não funcionou) onde arrebanhávamos vidas como em uma linha de produção. Um uniforme que visto ao sentar numa sala, para aconselhar e preparar pregações com este ou aquele objetivo, seja ele aumentar membresia ou aumentar a arrecadação para a reforma do telhado.
Isso é o efeito quando não há vocação: o fardo da ingratidão alheia será insuportável. Certamente, terei de ter outros estimulantes que não são o amor incondicional pelas almas. Tem de haver um preço para que não me veja em prejuízo.
Se não há vocação, a alma não sentirá a dor daqueles que choram, dos depressivos suicidas, das mocinhas grávidas pelo sexo casual, dos que lutam e são derrotados por sua própria sexualidade.
Sem vocação, tudo isso fará parte de um contexto onde o lucro da obra é baseado na expansão da igreja-franquia, e meu rendimento para o Reino (que é reino, com letra minúscula) pode ser medido em uma planilha, com a projeção gráfica, em meses e anos, do "empreendimento" santo.
A longo prazo, ficarei cínico e fingirei que me importo com a dor alheia – por fazer parte do nobre ofício, mas sempre dentro dos horários comerciais.
A patologia que alimenta um viver do Evangelho, a parte do que o Mestre ensinou, não tarda, nos faz ouvir: “lobo em pele de cordeiro”. Certamente, seremos como aqueles que tentam entrar pela janela e não se importam de sentar em uma mórbida e confortável poltrona, feita de vidas alheias.
Aterrorizante, mas em muitos casos é o que acontece. Decoram-se textos (geralmente fora de contextos), inventam-se formulas, campanhas, mandingas, barganhas, etc, todas sem essência, apenas rótulos ocos, sem vida e expressão, que iludem sempre e não satisfazem a alma e muito menos trazem paz ao espírito.
ResponderExcluirMuito bom texto! Parabéns!
ResponderExcluirReparei no final, já na sua assinatura, a pergunta sobre aonde é que na Bíblia apresenta a "carreira pastoral"...
Bem... já li e reli a Bíblia e nunca consegui encontrar esta carreira profissional descrita lá.
Talvez na Bíblia de Dake eu encontre... sei lá...
Agora, que tem muitos pastores de carreira tem! Aqui mesmo! Vemos todos os dias alguns "pastores" que falam palavrão, afirmam querer dinheiro, aceitam enriquecimento financeiro através da carreira pastoral...
Estes devem ter um trono como este da foto ai em cima!
O chamado do IDE é para todos! Todos devemos evangelizar! Agora, pastorear é outra história!
É meus irmãos... A Bíblia tem um nome para aqueles que transformaram vocação em profissão... MERCENÁRIO!
ResponderExcluir"Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. Mas o mercenário, e o que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa as ovelhas. Ora, o mercenário foge, porque é mercenário, e não tem cuidado das ovelhas." (João 10:11-13)
fiquem com Ele
O texto é show.
ResponderExcluirMuito bom.
Fala a verdade de uma maneira muito boa.
Infelizmente é assim e querem que engulamos assim, que é carreira, que tem que aceitar o que eles inventam pra aumentar a arrecadação e por aí vai.
Paz pra geral.
como tudo na vida é nescessario amar aquilo que se faz! a palavra de DEUS diz que a igreja é a noiva de cristo e não tem como se amar a noiva sem ser amigo do noivo! o apostolo PAULO já descrevia em corintios 13:se eu não tiver amor,nada serei!!
ResponderExcluirser servo de DEUS é aceitar que DEUS nos sirva atravez das nossas mãos.porquê se o homem peca é contra ele mesmo que ele peca, se ele faz o bem é a favor dele mesmo que ele faz o bem! então eu pergunto: onde fica a gloria de DEUS nisso tudo?
o que ele ganha se sacrificando por nós? nisto está a maravilha de``SERVI´´ a ELE: QUE NÃO HÁ NADA QUE FAÇAMOS QUE NÃO SEJA ELE MESMO(SENHOR)QUE O FAZ POR NÓS! Ser pastor é a vocação ser corpo de CRISTO E NÃO PARA SER A CABEÇA DA IGREJA.
E AI MEU BROTHER, ESTOU SEGUINDO O SEU BLOG TAMBEM, OBRIGADO POR SEGUIR FILHOS DA PROMESSA!!
ResponderExcluirhttp://ministeriodelouvorfilhosdapromessa.blogspot.com/
DEUS ABENÇOE
Sou privilegiada por ter um pastor que, como todos nós tem seus defeitos, mas que prega realmente o que vive e isso inclui suas falhas, pois reconhecê-las é o princípio básico para não cometê-las novamente e em público é sinal de humildade diante de todos. Concordo 100% com esta postagem e fico muito triste quando vejo o pastorado hoje, como um cabide de emprego. Quando eu era criança escutava a seguinte frase: "quem não conseguiu nada na vida, se tornou polícia (pq o policial era mal remunerado,despreparado intelectualmente...)e hoje a realidade deles é outra,oposta a tudo que foi um dia generalizado a eles. Hoje em dia essa frase voltou para os evangélicos, em especial pastores,líderes,bispos,apóstolos...como se referiu acima, "empresários da fé". Mas Deus vai cobrar de cada um deles, por isso eu evito olhar para os escândalos cometidos por eles e volto meu olhar para os "pastores de ovelhas", que amam,cuidam,estão dentro da vontade de Deus quando no seu propósito de cuidar de nós, separou homens tementes a Ele para cumprir essa missão. A eles,desejo o melhor, toda sabedoria e amor necessários para essa missão!
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