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Alvos para além do nosso alcance


Hermes C. Fernandes


Uns dos mais fantásticos e criativos inventos bélicos são o arco e flechas. Acredita-se que os seres humanos começaram a usá-los há cerca de 20 mil anos.Para confirmar este fato, basta ver as pinturas rupestres mais antigas que mostram os homens primitivos caçando com arco e flecha.

O arco e flecha têm sido desde sempre uma ferramenta fundamental para a sobrevivência da humanidade. Graças a estes o homem se converteu em caçador. A caça com arco era bastante mais segura do que outros métodos utilizados naquela altura porque permitia manter uma certa distância em relação à presa.

Grandes impérios foram construídos e caíram, tendo como arma o arco e flecha. Os primeiros a utilizá-los foram os Egípcios no Ano 3500 a.C. Seus Arcos eram tão altos como eles. As flechas tinham pontas de pedra ou de bronze. Até 1800 a.C., os Sírios introduziram um novo desenho, um arco construído com couro e madeira conseguindo assim um perfil recurvo. Estes Arcos eram muito mais potentes que os utilizados pelos Egípcios e tinham a vantagem de poderem ser disparados de cima de um cavalo. Foi uma peça chave para expandirem o seu Império. A superioridade de manejar esta arma durou vários séculos. Por exemplo, os Romanos, que tinham fama de ter um dos melhores exércitos do mundo, não puderam fazer nada quando confrontados com arqueiros Persas. Os Mongoles conquistaram grande parte da Europa e os Turcos demonstraram a sua valia nas Cruzadas, em parte devido à superioridade dos seus Arcos Recurvos e de uma grande técnica de tiro.

No Século XI, os Normandos desenvolveram um arco grande (conhecido como Longbow) que utilizavam para se defenderem dos Ingleses na batalha de Hastings, no ano 1066 d.C. A partir daí os Ingleses adotaram o Longbow como arma principal.

O valor do Arco como arma de guerra só declinou com o aparecimento das armas de fogo no século XVI. Hoje em dia, é usado na caça por tribos primitivas, e como modalidade esportiva.

Há um interessante episódio bíblico envolvendo este elegante e poderoso instrumento de guerra:

O profeta Eliseu estava enfermo, quando recebeu a inusitada visita de Jeoás, rei de Israel. Antes que o velho profeta partisse, Jeoás queria saber como reagir às ameaças dos Siros. Quase sem forças, Eliseu pediu que o rei providenciasse um arco e flechas.

"Então disse Eliseu ao rei de Israel: Põe a mão sobre o arco. Pegando ele o arco, Eliseu pôs as suas mãos sobre as mãos do rei..." (2 Reis 13:16).

A esta altura, o profeta não tinha muito fôlego para um discurso, então resolveu apelar para um gesto simbólico. Pôr as mãos sobre as mãos do rei signficava que aquela luta seria assumida por Deus. As flechas de Jeoás, seriam as flechas do próprio Deus. Tal gesto deveria ter alimentado a confiança do rei.

Eliseu, então, o orientou: "Abre a janela para o oriente, e ele a abriu. Disse mais Eliseu: Atira! E ele atirou. Prosseguiu Eliseu: A flecha do livramento do Senhor é a flecha do livramento contra os siros! Tu ferirás os siros em Afeque, até os consumir" (v.17). Abrir a janela para o oriente era mirar na direção dos adversários. Toda flecha precisa ser bem direcionada, antes de ser atirada. Não se pode simplesmente atirar à esmo.

A palavra profética foi precisa: Jeoás deveria ferir os siros até os consumir, e o cenário escolhido por Deus era Afeque. Pronto! Jeóas recebera o que viera buscar. A palavra proferida pelos lábios do profeta moribundo era tudo o que ele precisava ouvir. Porém, Eliseu não havia terminado...

"Disse mais: Toma as flechas. E o rei as tomou. Então disse ao rei de Israel: Fere a terra. E ele a feriu três vezes, e cessou..." (v.18).

Ora, atirar sua flecha na direção do Oriente fazia sentido. Mas ferir a terra? Jeoás obedeceu, porque não queria contrariar o profeta. Ele a feriu três vezes, descarregando toda a sua adrenalina. Porém, parou por aí. Ele não entendeu a mensagem. Mirar na terra significava que o livramento viria de cima, e não apenas da força dos seus braços. Era Deus que estava trazendo juízo àquela nação ímpia. Não se tratava apenas de vingança de Israel contra os Siros. Nem de uma descarga de adrenalina. Os braços de Jeoás eram apenas os instrumentos pelos quais Deus queria dar um "chega pra lá" nos Siros.

Quando somos motivados por nossas emoções, assim que elas diminuem, nós fraquejamos. Sentimo-nos desanimados a prosseguir. O que deve nos motivar são os propósitos de Deus. Enquanto não se cumprirem cabalmente, não podemos relaxar nossos braços.

Veja a reação de Eliseu:

"O homem de Deus se indignou muito contra ele, e disse: Cinco ou seis vezes deverias tê-la ferido: então terias derrotado os siros até os consumir. Mas agora só três vezes ferirás
os siros" (v.19).

De fato, Jeoás derrotou os Siros por três vezes, e retomou as cidades que haviam conquistado (v.25). Porém, não os consumiu, como poderia ter feito. Sua obra ficou pela metade. Coube a seu filho Jeroboão restabelecer todas as fronteiras de Israel (14:25). E é interessante frisar que Deus escolheu justamente o arco e flecha para derrotar os Siros, porque eram as principais armas nas quais eles se vangloriavam. Suas grandes conquistas eram creditas ao uso de arco e flechas.

Embora vivamos em plena Nova Aliança, e temos aprendido a perdoar nossos inimigos, em vez de enfrentá-los, há preciosas lições a serem aprendidas neste episódio. Não basta estar munido com as melhores armas. Precisamos saber contra quem lutamos, com que lutamos, pelo que lutamos, e até onde temos que chegar.

Se não soubermos contra quem lutamos, corremos o risco de despender nossas energias em vão, contra o adversário errado. Paulo diz aos Efésios que a nossa luta não é contra gente de carne e osso, mas contra adversário espirituais (Ef.6). E com quê lutamos? Ora, se os inimigos são espirituais, devemos enfrentá-los com armas igualmente espirituais. Não podemos depender de nossos próprios recursos, pois são escassos. Temos que aprender a depender dos inesgotáveis recursos disponíveis da espiritualidade.

E pelo quê lutamos? Não lutamos por posição, por interesses pessoais, por território. Lutamos por uma causa: o Reino de Deus e a Sua justiça. E até onde temos que chegar? Até que não haja mais injustiça na terra. Deus não nos escolheu e chamou para amealharmos fortunas, para nos tornarmos ricos. Ele nos chamou para sermos defensores dos pobres e oprimidos. Não para concentrar recursos, mas para distribuí-los.

Ainda que nossa geração venha a falhar, o propósito de Deus não correrá qualquer risco. Outras gerações emergirão para dar prosseguimento ao projeto do Reino.

Hermes Fernandes é um dos mentores da Santa Subversão Reinista no Genizah

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  1. Beleza de texto... Somos soldados de um Reino, e arautos da utopia... não adianta ajudar o pobre, temos que entender que somos os próprios pobres.

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  2. Nobre amigo Danilo,

    Depois dessa poderosa e edificante mensagem sinto-me mais encorajado e fortalecido para PROSSEGUIR PARA O ALVO...

    Abraços,

    No Senhor,

    Robson Silva
    The archer

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  3. Fantástico! Não tinha, sinceramente, entendido essa história ATE AGORA. Obrigado pelo esclarecimento... E vamos em frente! (são esses os textos que me trazem aqui, e o humor "leve" de algumas matérias rsrs...)

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  4. Você continua insistindo nesta idéia absurda, me mostre um texto bíblico que diz que nossa missão é transformar o mundo, pelo que sei, é pregar o evangelho.

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  5. "O Espírito do Senhor Deus está sobre mim (...) Eles se chamarão árvores de justiça, plantação do Senhor, para que ele seja glorificado. REEDIFICARÃO AS RUÍNAS ANTIGAS, e RESTAURARÃO OS LUGARES HÁ MUITO DEVASTADOS; RENOVARÃO AS CIDADES ARRUINADAS, devastadas de geração em geração" (Is.61:1a,3b-4).

    "Os que de ti procederem EDIFICARÃO OS LUGARES ANTIGAMENTE ASSOLADOS; e levantarás os fundamentos de geração em geração" (Is.58:12a).

    "Assim diz o Senhor: No tempo favorável te ouvirei, e no dia da salvação te ajudarei, e te guardarei, e te darei por aliança do povo (JESUS), para RESTAURARES A TERRA, e lhe dares em herança AS HERDADES ASSOLADAS" (Is.49:8).

    "Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu EVANGELHO e a pregação de Jesus Cristo (...) a TODAS AS NAÇÕES para OBEDIÊNCIA DA FÉ" (Rm.16:25a,26b).

    "Todos os confins da terra se lembrarão, e se CONVERTERÃO AO SENHOR; todas as famílias das nações adorarão perante ele, pois o reino é do Senhor, e ele domina entre as nações" (Sl.22:27-28).

    Acho que já é suficiente.

    Você diz que nossa missão é pregar o evangelho. OK. E o que é o Evangelho? Qual é a boa notícia de que o mundo tanto necessita? JESUS ESTÁ REINANDO! Quando se prega o reino de Deus, mudanças acontecem. O mesmo Deus capaz de transformar o indivíduo, é poderoso para transformar toda a sociedade humana.

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  6. Meu caro Hermes, outra vez você usa textos fora do seu contexto. Eu nunca estudei teologia, não sei hebraico, nem grego, o pouco que aprendi da bíblia, foi através da leitura das várias traduções disponíveis, e isto é suficiente para eu entender que: Isaias 61 1a, se refere a Jesus, compare com Lucas 4, 18a21, no verso 3, diz: E a por sobre os que em “Sião”, este e todo o restante do capítulo se refere ao povo judeu e a sua terra; cap. 58, 12 a, se você ler o verso 1, verá que todo o capítulo se refere a “casa de Jacó” e a sua terra; Cap. 49, 8, é Deus falando a Jesus, e Ele mesmo, Jesus quem restaurará a terra; Rom. 16, 25a26, eu pergunto: As nações obedecem? Sal. 22, 27, 28, este é o reino que eu aguardo e que se cumprirá literalmente.
    Hermes, eu não sei quando surgiu esta doutrina pósmilenista, mas entendo que no início do Cristianismo até fazia sentido, pois se acreditava que o evangelho iria transformar o mundo, mas, séculos se passaram e isto não aconteceu, o mundo é que está transformando o evangelho, e vocês do Genizah, são a maior prova disso, pois estão aí denunciando todo o tipo de heresias que tem invadido o meio evangélico. Você escreveu: “Quando se prega o reino de Deus mudanças acontecem”, mas que mudança houve nesse 2000 anos de pregação do evangelho? Houve sim, mas para pior. Eu também creio que Deus pode transformar o individuo e também toda a sociedade, mas, Ele, e não nós, e no devido tempo.
    Para ver que esta doutrina não faz mais sentido no dias de hoje, nem precisa ler a bíblia, basta ler os jornais.
    (Obs. Para quem não está entendendo, leiam as postagens: “Será que há algum discípulo highlander por aí?” E também: “O reino de Deus já está entre nós”, e também os comentários)

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  7. Samuel,

    De fato, Isaias 61 se refere a Jesus,mas se você ler o restante do capítulo fica claro que está falando das sucessivas gerações de cristãos, árvores de justiça, que receberiam a missão de restaurar a sociedade humana através da proclamação e aplicação dos princípios que regem o Reino de Deus. Sinto em lhe informar que sua leitura está condicionada à cosmovisão dispensacionalista, que acredita que Deus tenham um plano para Israel e outro para a igreja. Não creio assim. Várias profecias dirigidas a Israel se aplicam perfeitamente à igreja neotestamentária. Aliás, Deus só tem um povo, o Israel de Deus, a Igreja de Cristo, formada de judeus e gentios que professem a Jesus como Rei e Senhor. "Sião", que significa "terra do Sol nascente" é uma figura da Igreja, de onde se projeta o Sol da Justiça sobre toda as nações.


    De fato será Jesus quem restaurará a terra, porém, tal restauração começa agora através da agência da igreja.

    Quanto à escatologia baseada nas manchetes dos jornais, creio que devemos viver por fé e não por vista. O que me importa é a boa notícia de que Jesus está reinando, e não a más notícias estampadas nos jornais.

    O pós-milenismo tem sido professado por crentes de todas as eras, inclusive pais da igreja, por reformadores, pelos puritanos, entre eles, Jonathan Edwards, Charles Spurgeon, Agostinho, e outros.

    Creio na vitória do Evangelho na História. A Verdade de Deus prevalecerá, não numa instância atemporal, mas no transcorrer da história.

    Não encaro com pessimismo a história. Creio que devido à influência do cristianismo, muita coisa mudou pra melhor em nossa civilização. Foi graças à sua influência que a escravidão chegou ao fim. Ainda há muito pra ser feito, porém, é necessário que a igreja de Cristo acorde de sua inércia e se engaje na transformação do mundo, em vez de ficar estupefata diante dos fatos, esperando passivamente uma intervenção divina.

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  8. É muita presunção de sua parte achar que o seu ponto de vista é o certo, e todos os outros errados, e ainda nos querer empurrar goela abaixo. Se Jesus depender de nós para transformar o mundo, para que Ele volte, tenha certeza de uma coisa, Ele nunca voltará!

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  9. Perdoe-me se passei a impressão de ser presunçoso. Porém não estou só nesta "presunção". Muitos dos nomes reverenciados por boa parte do povo de Deus também nutriram a mesma esperança. Aliás, até duzentos anos atrás, os cristãos acreditavam que mudariam o mundo. Entre eles, os irmãos Wesley, Charles Spurgeon, Jonathan Edwards, John Owen, João Calvino, e tantos outros. Somente a partir do advento do dispensacionalismo, a igreja retrocedeu, cedendo espaço à secularização.

    Cristo não depende da igreja. É a igreja que depende do poder do Espírito Santo para a execução de sua tarefa na restauração do mundo.

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