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A verdadeira "Marcha pra Jesus"


Hermes Fernandes


"Mas graças a Deus, que em Cristo sempre nos conduz em triunfo, e por meio de nós
manifesta em todo lugar o perfume do seu conhecimento"(2 Co.2:14).


Eis um dos versos bíblicos mais mal compreendidos pelos cristãos contemporâneos! Mas o que esperar de uma geração de crentes triunfalista e individualista, que pinça versos das Escrituras a seu bel-prazer, para justificar sua postura hedonista e egoísta? O que esperar de uma geração que sai às ruas numa marcha aparentemente dedicada a Jesus, mas que no fundo pretende ser uma demonstração de cacife político?

De acordo com essa visão distorcida, Paulo estaria dizendo que Cristo nos conduz pelo mundo vitoriosamente. Entretanto, o foco de Paulo não é a nossa vitória como indivíduos, mas a vitória de Cristo sobre seus inimigos. E adivinha que inimigos são esses?

Algumas traduções dizem que Ele "sempre nos faz triunfar". Porém, o texto grego diz que Ele nos conduz em triunfo. Pode até parecer que estamos trocando seis por meia dúzia. Entretanto, "fazer triunfar" e "conduzir em triunfo" têm significados bem distintos, e praticamente inversos.

De fato, a Bíblia nos garante que "somos mais que vencedores", e que "a vitória que vence o mundo é a nossa fé". Porém, esse verso em particular fala de outra coisa.

O que é que Paulo intentava dizer, afinal?

Primeiro, precisamos nos familiarizar com a palavra "triunfo". Trata-se do desfile triunfal que era promovido em Roma para recepcionar os generais romanos e suas tropas, quando chegavam de alguma campanha militar bem-sucedida.

Geralmente, o general ía à frente, em seu carro de guerra, exibindo louros em sua cabeça, seguido pelos soldados que ostentavam bandeiras e estandartes, e pelos prisioneiros de guerra, acorrentados pelos pés, mãos e pescoços.

Que posição Paulo imaginava ocupar na parada triunfal de Cristo? Será que ele se imaginava o general? Ou um dos soldados? Ou será que ele se via como um prisioneiro, um inimigo vencido, e que agora era exibido como troféu ao mundo?

Basta relembrarmos de sua conversão, quando ouviu dos lábios de Cristo: "Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa é recalcitrares contra os aguilhões" (At.26:14). Ora, os inimigos conquistados eram exibidos pelas ruas de Roma, acorrentados com aguilhões em seus pescoços. Qualquer movimento poderia ser fatal, pois esses aguilhões penetrariam no pescoço do prisioneiro, provocando um sangramento que o levaria à morte.

Seria por isso que Paulo usualmente se apresentava como "prisioneiro de Cristo" (Ef.3:1; 4:1; Fm.1; 2 Tm.1:8)?

Paulo se considerava um inimigo conquistado por Cristo. Era exatamente esta a imagem que ele tinha em mente ao declarar que estava sendo conduzido por Cristo em Seu desfile triunfal pelo mundo. Paulo era um exemplo de que Cristo é capaz de fazer a um inimigo Seu.

Em outras palavras, somos inimigos vencidos, e agora, exibidos ao mundo como troféus. Daí Paulo declarar em outra passagem: "Pois tenho para mim que Deus a nós, apóstolos, nos pôs por últimos, como condenados à morte. Somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos e aos homens" (1 Co.4:9). Os cidadãos que assistiam àquele espetáculo cruento sabiam que os últimos eram os condenados à morte.

E por mais paradoxal que pareça, somente os "vencidos por Cristo" podem ser considerados "mais que vencedores" por meio d'Ele.

Cristo nos conquista pelo amor! Não é pelo poder, pela força bruta, nem pela imposição, mas por Sua graça e amor.

E Suas correntes são tão poderosas, que podemos fazer coro com Paulo: "Pois estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor" (Rm.8:38-39).

A verdadeira "marcha pra Jesus" não acontece com data marcada, guiada por trios elétricos, ao som de gritos de guerra, mas acontece todos os dias, pelas ruas, avenidas, corredores de supermercados, shoppings, bancos, onde gente conquistada pelo amor de Jesus são conduzidas como amostras grátis do poder do Evangelho.

Desta marcha eu participo sem o menor recato.

***
Hermes Fernandes é também culpado do que se faz aqui no Genizah

Postar um comentário

  1. Hermes. Marchamos juntos!

    Brilhante.

    Fico aqui imaginado um seguidor de paipostolo de mamom lendo este texto. O cara pira! Te chama de herege e tudo o mais...

    Então o ES abre os olhos do camarada. Pois vai faze-lo ver a verdade um dia! Aqui ou no julgamento...

    O "colírio" que abre os olhos da fé não é vendido na farmácia!

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  2. Hermes, agora faz uma reflexão do texto mais incompreendido pelos "cristãos" contemporâneos:

    O Nº 1 da teologia da prosperidade:

    João 10.10:

    "O ladrão não vem senão a roubar, a matar e a destruir; Eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância."

    Parabéns, belo texto. Obrigado por compartilhar!

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  3. Graça e Paz a todos do Genizah!

    Excelente texto. Realmente, brilhante! Diante do que é pregado hoje em dia por esses "apóstolos", este texto chega em boa hora para expressar a verdade do Evangelho! Parabéns! Um abração em todos!

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  4. boa muito boa a palavra hermer coloquei em meu blog um abraçaõ.

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  5. Hermes!

    Que texto profundo, que maravilha é ser exposto ao mundo como conquista e conquistada por Jesus e o que enlouquece o mundo é que os crente loucos servem a Jesus sem imposiçao. Como podem?? Como podem servir alguem por livre e espontânea vontade?? E com Jesus só vale por AMOR.. estou analisando o que vc escreveu e quer descortinar alguma coisa, se descortinar o entendimento te conto. Um abraço..

    Dilair P.Pockrandt

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  6. Um texto que renova nossa alegria em ser cristãos e nos lembra do que realmente somos. Inimigos vencidos por Cristo.
    Grande abraço.

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  7. Tudo bem, a verdadeira marcha para Jesus é no dia-a-dia, e tal, mas é algum tipo de pecado organizar ou participar do tal evento da Igreja Renascer? (pergunto em tom de dúvida, não de acusação...)

    Abraços, Paz de Cristo.

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