Oh Lord, won't you buy me a Mercedes Benz?
http://genizah-virtual.blogspot.com/2009/10/oh-lord-wont-you-buy-me-mercedes-benz.html
Sergio Giorgini
Assim começa a canção de Janis Joplin composta em outubro de 1970. Nela Janis buscava criticar o materialismo da sociedade americana. De maneira contundente ironizava o egoísmo, a vaidade e a indiferença social das crenças religiosas da América. “Oh Senhor! Não vai comprar para mim uma Mercedes Benz?” indagava com sua voz rouca, cantando à capela, quase uma oração.
E a ironia contundente da canção estava justamente no fato de alguém pedir a Deus em oração de maneira (aparentemente) humilde, sincera e verdadeira, uma ostentação luxuriante, como se isto fosse algo natural (ou melhor, sobrenatural). No contraponto humildade-ostentação, suplica-conquista, necessidade-extravagância surge o constrangimento da situação e neste constrangimento está seu lado cômico e impactante.
Hoje não é mais cômica, muito menos impactante.
A ironia dentro da ironia é que esta mensagem deixou de ser constrangedora nestes nossos dias, em nossas igrejas, em nossas orações depois do surgimento da Teologia da Prosperidade. O que era vício assumiu a forma de virtude. Não uma, ou duas vezes, ouvi pedidos parecidos sendo feitos por sacerdotes cristãos em púlpitos e reuniões. Aliás, coisas do tipo “isto é carro para filho de Deus” ou “isto sim é carro de pastor” são até corriqueiras, comuns, justamente porque não se vê a luxúria, o culto ao ego e a vaidade da alma como sentimentos a serem combatidos.
Não entrarei no mérito de ser ou não correto, ser ou não legítimo, para um cristão possuir um carro de alto luxo. Cada um pode fazer o que bem entende com seu dinheiro. Principalmente se ele é fruto de trabalho honesto, árduo e dedicado.
O mérito a ser discutido e que deixa alguns cristãos incomodados é que a maioria das pessoas que freqüenta cultos não se sentiria constrangida com esta música. Os valores (aqui como qualidade daquilo que se valoriza, que se dá valor) do cristianismo evangélico ocidental se transformaram de tal maneira que abraçaram os valores mundanos. Novamente; aquilo que era vício se tornou virtude e isso transformou completamente o entendimento do que é certo ou errado em relação ao Reino e às palavras de Jesus.
A maioria das pessoas compreende o fato de que é lícito pedir a Deus o suprimento de nossas necessidades básicas ou a ajuda em coisas que são necessárias, importantes. O apóstolo Paulo nos ensinou a “fazer conhecidas de Deus as nossas petições”. O próprio Jesus, na oração modelo, nos ensina a pedir a Deus que supra as nossas necessidades. Note-se que a oração modelo diz “pão nosso para cada dia”, não caviar nem foie gras. Com simplicidade, humildade e sentido de coletividade nós podemos, e devemos, pedir coisas para Ele.
A maioria das pessoas também compreende que usar uma maneira legítima de socorro divino para fins menos nobres (no caso, coisas de nobre) não é muito ortodoxo. Tanto não é que a carta de Tiago nos ensina que tais orações simplesmente não serão atendidas. Este tipo de pedido demonstra o egoísmo, vaidade e soberba de quem o faz e Deus simplesmente não compactua com esta coisas.
A música de Janis quase pode ser confundida com louvor hoje em dia. Quase dá para tocar nas igrejas (Quase?). Porque a igreja incorporou os pensamentos que tentava despertar como incompatíveis com o Reino de Deus, ou seja, valore mundanos. Estes entraram no seio, no âmago da igreja.
Miserável Teologia da Prosperidade, maldito culto ao ego e à personalidade, maldita vaidade da alma. A teologia e o espírito destes dias conseguiram transformar a pobre e perdida Janis, na irmã Joplin...
A resposta para a “oração” dela hoje seria: Aleluia, irmã! Recebaaa!!!
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Fonte: Blog Altar de Pedra
Ironia do destino ou... Audácia de usar a obra de um personagem com vida e comportamento tão avessos ao que se espera de um cristão para denunciar uma prática lamentável no nosso meio. Não fosse o aviso do apóstolo Paulo de que os loucos seriam usados para admoestar os fariseus, os labaredas, os revoltados a pararem de olhar para o fundamentalismo do seu próprio ser (não o da Palavra) e olharem para o Cristo! Cuidado! O Amor de Jesus poderá escadalizá-los mais do que os seios e a voz rouca de Janis! Façam melhor: Nem olhem para Janis e nem para jumentinha de Balaão. Apenas escutem o que elas tem a te dizer!
Belíssimo texto, Sergio.
ResponderExcluirSem contar o prazer de ouvir a voz rouca e peculiar de Janis Joplin. rs
Será que ela imaginaria que sua ironia se tornaria em teologia?
Olha, parabéns ao Sergio Giorgini por escrever esse texto e ao Danilo do Genizah por postar aqui.
ResponderExcluirNunca tinha olhada para essa música nessa ótica, e encaixou como diria Ace Ventura ao estacionar o carro "Como uma luva..."
Fica aí a crítica do Sergio e do Danilo a essa "bênção" que é a Teologia da prosperidade.
Que vocês continuem escrevendo posts maravilhosos como esse...
Deus use vocês cada vez mais...
Bacana o texto........tenho esse post, sobre essa musica no meu blog.....a tempos....nunca publiquei..rsrs......essa musica deveria ser o Louvor de mtasss igrejas nesse País....
ResponderExcluirAbraços
Extraordinário! Queria ter escrito!
ResponderExcluirtexto simples, de fácil entendimento, será que a multidão, que segue estes apóstolos de mamom , não conseguem entender... muito bom!!!
ResponderExcluirtexto simples, de fácil entendimento, será que a multidão, que segue estes apóstolos de mamom , não conseguem entender... muito bom!!!
ResponderExcluirOlá manos, tive a infelicidade de ler, hj o texto abaixo:
ResponderExcluir"Orei, lutei e CONQUISTEI e o Senhor(ou seria, senhor) me ajudou(ou deu uma forcinha?)
Excelente...
ResponderExcluiruau ... EXCELENTE MUITO BOM
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