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Entre formas e re-formas!




O reformador holandês Gisbertus Voetius (1589-1676) foi o autor da expressão: "Ecclesia reformata et semper reformanda est", à época do Sínodo de Dort (1618-1619). Sua ideia principal é de um constante retorno às Escrituras. Essa frase, ao longo da história, foi torcida e retorcida ao gosto dos malabaristas verbais, contudo, o aforismo de Voetius tem um detalhe que passa despercebido, ele não disse "ecclesia reformans", que significa que a igreja reforma a si mesma, mas "ecclesia reformanda", que está na voz passiva, sinalizando que o agente da reforma não é a própria igreja, mas o Espírito de Deus.

Quando as formas se desgastam, as reformas entram em ação, contudo na atualidade parece que reformar já não significa a revolução das antigas formas, mas apenas sua maquiagem. Uma re-forma, um retorno ao antigo abandono. O que percebo é um frenesi reformista. Um desejo secreto que alguns trazem oculto sob a fachada de indignação, de ser "o novo Lutero". Pobres aspirações. Até mesmo a adolescente blogosfera vai se transformando num espaço de teologias doídas. Detectamos problemas da igreja aqui, debatemos com fariseus pós-modernos ali, suportamos a chatice dos saudosistas em cada post novo...

Gosto da proposta caiofabiana de "trocar" reforma por Regeneração. Contudo, não devemos cair no mesmo erro dos que adulteraram o aforismo de Voetius. Tanto reforma quanto regeneração são trabalhos que a igreja não faz sozinha, mas sim sob a orientação segura do Consolador (aliás, só mesmo um consola-a-dor para nos guiar em dias tão dolorosos).

Regenerar é nascer de novo, re-gerar. Buscar uma nova vida para além das instituições asfixiantes. Buscar uma nova vida longe das armadilhas dos caçadores de ilusão. Uma nova vida sem nenhum complexo de Messias, sem nenhuma síndrome de salvador do universo, mas apenas como filhos de Deus, amados, que caminham na terra com fé, amando e espalhando graça. Regenerados para um novo tempo e uma outra história. A religião que já foi chamada de "ópio do povo", hoje autoriza Nietzsche sendo o túmulo do Deus vivo.

Quero regeneração, você não?


***
Alan Brizotti é nosso conluiado neste crime.

O ensaio foi motivado por uma proposta após a leitura do recente artigo de Caio Fábio.
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  1. Sim, regeneração parece ser uma palavra adequada para nosso anseio. Mas reforma também continua sendo, conquanto seu significado de fato tenha sido alterado, ou adulterado. Interessante ressaltar que a verdadeira reforma, tal qual a regeneração, só pode ser promovida pelo Espírito Santo, que em nós habita. Graças a Deus por isso.
    Deus abençoe.

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  2. Uma reflexão muitíssimo boa Alan!

    Na verdade é preciso de um retorno aos valores de outrora do que efetivamente de uma outra reforma. Nem Martinhos, nem Calvinos, nem Zwinglios; não há necessidade de salvadores da pátria, concordo. Apenas a volta ao Evangelho de Jesus. Pura e simplesmente isso...
    A fé, pela graça, gerando arrependimento e salvação!

    Em Cristo.

    Ricardo

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  3. Queria tanto saber o que significa "Ecclesia reformata et semper reformanda est".....

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  4. "a igreja é reformada, mas está sempre se reformando"

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