O caminho estreito e a cabana
http://genizah-virtual.blogspot.com/2009/07/o-caminho-estreito-e-cabana.html
Por Teo Victor
No século XVII surgiu um livro que marcou a jornada espiritual de milhões de pessoas pelo mundo nos séculos seguintes. Trata-se de O Peregrino, de John Bunyan, de longe o livro mais lido do meio cristão após a Bíblia. O nome do personagem principal, Cristão, e a estrada que ele percorre, o Caminho Estreito, deixam claro logo de cara que a obra é uma figura da caminhada cristã.
Trezentos e vinte anos depois, outro livro marcou a vida espiritual e sentimental de muitas pessoas: A Cabana, de Willian P. Young. O drama do personagem principal depois da perda de sua filha pequena o leva a formular grandes e profundas questões, tratadas em um encontro com Deus, com a licença da expressão, incrível.
Não quero comparar o tamanho das obras. Seria desonesto com o jovem A Cabana ser comparado ao universalmente consagrado clássico de três séculos por seu alcance e sucesso. Ambos são obras literárias de tipos diversos, mas que têm em comum o fato de ter conteúdo espiritual sem a ambição de ser um tratado teológico, embora suas experiências sejam ensinadas como uma certa sabedoria aplicada. Contudo, vejo certos paralelos que, segundo o que entendo, merecem ser apontados.
Ao contrário da alegoria atemporal de Bunyan, o livro de Young é mais ligado a seu tempo. Enquanto O Peregrino mostra tendências, formas de pensamento e atitudes humanas aplicáveis facilmente a qualquer época, A Cabana traz em seu texto temas mais recentes, como pedofilia e revisões do entendimento clássico da divindade.
Mack, protagonista do best seller de Young, é alguém com quem boa parte das pessoas envolvidas atualmente em algum grau com Deus e espiritualidade se identificam muito bem. Já Cristão representou a jornada de muitas gerações de crentes, mas parece perder a força alegórica que tinha no século XVII.
Tanto Mack quanto Cristão são solitários, mas de uma solidão completamente diferente. Mack é intimista, introspectivo e cheio de remorso e dor. Cristão é solidário, convicto e arrependido. Mack vacila, mas Cristão tem passo certo em suas escolhas. Mack não compartilha sua dor, Cristão não dispensaria um bom companheiro de viagem.
Mack tinha seus fantasmas a exorcisar. Era dominado por um forte sentimento de perda e culpa. Ele perdeu, e queria ganhar. Cristão exorcisara seus fantasmas, abandonara tudo o que tinha, inclusive a família, núcleo da dor de Mack, e, após passar pelo Monte Calvário, tinha um forte sentimento de ganho e remissão. Ele perdeu, e por isso ganhou.
O Deus que se apresenta a Mack é uma mistura complexa de um ser maternalmente bonachão, um ser dedicado e um ser misterioso e difuso. O Deus que Cristão apenas vislumbra é uma simples mistura de um ser redentor, um ser fortalecedor e um ser galardoador.
Tanto Mack quanto Cristão concluem suas jornadas. Na cabana, mais introspecção, diálogo, passos vacilantes e experiências familiares. No caminho estreito, mais dor, sofrimento, perseguição e firmeza. A jornada de Mack é um tanto temporal, imediata e palpável. A demanda de Cristão, entretanto, é eterna, a longo prazo e inimaginável em suas conclusões.
Mack era um perdido que precisava de um pai, uma mãe e um Deus, de preferência todos ao mesmo tempo. Cristão era um perdido que achou o que precisava: um Deus e uma estrada, e sabia que era isto que o preenchia. Mack queria a restauração de sua casa perdida, a transformação de uma cabana destruída em um lar aconchegante. Cristão era, como o título de sua história, um peregrino em busca do lar.
Revendo todos estes paralelos, entendo que Mack tem necessidades de criança, e Cristão é adulto e maduro. As experiências, histórias e caminhos de ambos inspiram os que têm afinidade com um ou com outro. Algo que pode surpreender é imaginar que o Deus de Mack e o do peregrino podem ser o mesmo Deus. Mesmo quem já acredita nisso pode se espantar ao perceber o quão diferente Deus pode parecer para um ou para outra pessoa.
Uma pergunta que não tentarei responder agora é se Deus é quem se adapta para se revelar a homens diferentes, como o personagem que se apresenta a Mack como Jesus diz, em uma conversa sobre religião, que percorreria qualquer caminho para salvar um homem, ou se é o homem, com sua visão limitada e tosca, que a cada tentativa tem uma visão limitada e pequena sobre Deus.
Sei que é ruim concluir de forma tão abrupta, ainda mais com uma dúvida por resolver, mas pelo menos fica a sugestão de reflexão.
***
Trezentos e vinte anos depois, outro livro marcou a vida espiritual e sentimental de muitas pessoas: A Cabana, de Willian P. Young. O drama do personagem principal depois da perda de sua filha pequena o leva a formular grandes e profundas questões, tratadas em um encontro com Deus, com a licença da expressão, incrível.
Não quero comparar o tamanho das obras. Seria desonesto com o jovem A Cabana ser comparado ao universalmente consagrado clássico de três séculos por seu alcance e sucesso. Ambos são obras literárias de tipos diversos, mas que têm em comum o fato de ter conteúdo espiritual sem a ambição de ser um tratado teológico, embora suas experiências sejam ensinadas como uma certa sabedoria aplicada. Contudo, vejo certos paralelos que, segundo o que entendo, merecem ser apontados.
Ao contrário da alegoria atemporal de Bunyan, o livro de Young é mais ligado a seu tempo. Enquanto O Peregrino mostra tendências, formas de pensamento e atitudes humanas aplicáveis facilmente a qualquer época, A Cabana traz em seu texto temas mais recentes, como pedofilia e revisões do entendimento clássico da divindade.
Mack, protagonista do best seller de Young, é alguém com quem boa parte das pessoas envolvidas atualmente em algum grau com Deus e espiritualidade se identificam muito bem. Já Cristão representou a jornada de muitas gerações de crentes, mas parece perder a força alegórica que tinha no século XVII.
Tanto Mack quanto Cristão são solitários, mas de uma solidão completamente diferente. Mack é intimista, introspectivo e cheio de remorso e dor. Cristão é solidário, convicto e arrependido. Mack vacila, mas Cristão tem passo certo em suas escolhas. Mack não compartilha sua dor, Cristão não dispensaria um bom companheiro de viagem.
Mack tinha seus fantasmas a exorcisar. Era dominado por um forte sentimento de perda e culpa. Ele perdeu, e queria ganhar. Cristão exorcisara seus fantasmas, abandonara tudo o que tinha, inclusive a família, núcleo da dor de Mack, e, após passar pelo Monte Calvário, tinha um forte sentimento de ganho e remissão. Ele perdeu, e por isso ganhou.
O Deus que se apresenta a Mack é uma mistura complexa de um ser maternalmente bonachão, um ser dedicado e um ser misterioso e difuso. O Deus que Cristão apenas vislumbra é uma simples mistura de um ser redentor, um ser fortalecedor e um ser galardoador.
Tanto Mack quanto Cristão concluem suas jornadas. Na cabana, mais introspecção, diálogo, passos vacilantes e experiências familiares. No caminho estreito, mais dor, sofrimento, perseguição e firmeza. A jornada de Mack é um tanto temporal, imediata e palpável. A demanda de Cristão, entretanto, é eterna, a longo prazo e inimaginável em suas conclusões.
Mack era um perdido que precisava de um pai, uma mãe e um Deus, de preferência todos ao mesmo tempo. Cristão era um perdido que achou o que precisava: um Deus e uma estrada, e sabia que era isto que o preenchia. Mack queria a restauração de sua casa perdida, a transformação de uma cabana destruída em um lar aconchegante. Cristão era, como o título de sua história, um peregrino em busca do lar.
Revendo todos estes paralelos, entendo que Mack tem necessidades de criança, e Cristão é adulto e maduro. As experiências, histórias e caminhos de ambos inspiram os que têm afinidade com um ou com outro. Algo que pode surpreender é imaginar que o Deus de Mack e o do peregrino podem ser o mesmo Deus. Mesmo quem já acredita nisso pode se espantar ao perceber o quão diferente Deus pode parecer para um ou para outra pessoa.
Uma pergunta que não tentarei responder agora é se Deus é quem se adapta para se revelar a homens diferentes, como o personagem que se apresenta a Mack como Jesus diz, em uma conversa sobre religião, que percorreria qualquer caminho para salvar um homem, ou se é o homem, com sua visão limitada e tosca, que a cada tentativa tem uma visão limitada e pequena sobre Deus.
Sei que é ruim concluir de forma tão abrupta, ainda mais com uma dúvida por resolver, mas pelo menos fica a sugestão de reflexão.
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Fonte: Um bicho de Rondônia
Danilo,
ResponderExcluirLi os livros citados. Achei edificantes.
Valem cada linha. Lendo a Cabana... Não conseguia parar de ler....até terminar..
A experiência do Mack, como o próprio autor diz, pode ser uma ficção , ou não.
Contudo, realmente, o autor coloca Mack em situações opostas, divergentes, ora como vítima, ora como réu/vilão, e ora como Juiz, levando-o a repensar todos os seus valores.
Eu indicaria estes livros a qualquer um!
do Irmão em Cristo
Alberto
Isaías 8:20 Å lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles.
ResponderExcluirJeremias 8:8 - Como, pois, dizeis: Nós somos sábios, e a lei do SENHOR está conosco? Eis que em vão tem trabalhado a falsa pena dos escribas.
Para aprender sobre Deus o livro ainda é a bíblia, a maioria destes livros são escritos só para vender, vender, vender, daqui a pouco vem outro, causa polêmica, vende, vende, vende, mas eu fico com minha bíblia, se quero aprender sobre algo ali está escrito.
No ínicio da igreja não tinhamos biblias impressas, as cartas de Paulo eram de muito valor, mas hoje em dia parece que as pessoas preferem ficção do que a Verdade. Imagino na China se eles prefeririam ter uma cópia da bíblia ou ler uma história mentirosa, fábulas. Mas como aqui tem bíblia sobrando e ócio espiritual temos tempo e dinheiro para polemizar sobre livros e mais livros que fazem a gente perder o foco de Cristo e sua palavra...
Anderson
Blog Fimdosdiasnaterra
Pergunta difícil, hein bixo! Danilo, li os dois, a Cabana foi surpreende, mas derrapa em algumas questões, e a principal dela é justamente a que vai de encontro ao seu questionamento...
ResponderExcluirEntendo que Deus tem várias maneiras de se chegar ao homem, que é tosco e mente fechada, mas não sei se chega ao ponto do livro.
Entendo também que a Bíblia é o livro maior, mas o questionamento em questão não coloca isso em dúvida em nenhum momento. A Bíblia é nosso parâmetro, mas todos fazemos das leituras extras um acrescentar em nossa vida...
Bem, a própria Bíblia vai nos orientar a reter o que for bom de todas as coisas...
Difícil responder a questão, mas a minha compreensão é por aí, Deus age de diversas formas para chegar ao homem, mas o homem, bem, o homem é tosco mesmo, e limita Deus ao que quiser... prova disso é que temos no decorrer dos tempos... a divisão das religiões, com várias e confusas formas divinas...
Puxa, complicado... não fica no muro não, dá uma opinião pra nós!!
Abração
Rodrigo Magalhães
www.rodrigocmagalhaes.com
Li sem ver os créditos, hehe... mas não tem problema, mesmo assim gostaria de ver o seu ponto de vista... abração
ResponderExcluirCaminho estreito tem uma estatura literária de três seculos e resiste ao tempo.
ResponderExcluirEu gosto muito da cabana, a despeito da metáfora que pode até não ser a minha, ou a sua. Mas temos ali uma alegoria significativa que desenha o encontro do finito com o infinito, que este Deus pessoal ofereceu de várias formas a homens na Bíblia e oferece na vida de cada um de nós, de formas diferentes. Como avaliar isto se não a luz da Palavra e do coração?
As duas experiencias foram validas e os dois livros sao evangelizadores.
Não conheço o outro livro, só li "A Cabana", mas eu não havia avaliado ele da forma que o autor do texto avaliou.
ResponderExcluirEu não havia percebido no Mack esta postura infantil no fato de precisar de uma mãe, de um pai e de um Deus.
Excelente avaliação do autor do post e a sua também, Danilo. Eu gostei do livro porque eu amo ler obras de ficção.
Sobre toda crítica no meio evangélico ao livro e na realidade aos livros de ficção em geral, fica complicado, imagina quem trabalha com letras, literatura, imprensa, crítica literária em geral, semântica, semiótica, etc.
Sabe o que eu acho incrível, é olhar para a TV todos os dias e me lembrar do que está escrito no livro de Êxodo, capítulo 20:01/05
Recomendo o livro Faith Undone. Todas os meus conhecidos que o leram, o consideraram extremamente útil. Interessantemente, até quem discordou fortemente da abordagem do autor, considerou-o extremamente útil pelas suas abundantes referências.
ResponderExcluirquantas heresias neste livro A CABANA...
ResponderExcluir"Mack tem necessidades de criança e Cristão é adulto e maduro". Eu diria que Mack é humano e Cristão é um ideal do que todo cristão deveria ou desejaria ser. Está certo que este julgamento não faz justiça, afinal, faz uns 15 anos desde que li "O Peregrino", e ainda não acabei de ler "A Cabana", mas as lembranças que tenho da alegoria de Bunyan são bem vívidas em minha mente, embora com poucos detalhes.
ResponderExcluirA única coisa que vejo como certa é que a humanidade, a religiosidade, a inteligência e a experiência humana e nem mesmo a Bíblia não foram, não são nem nunca serão capazes de compreender ou explicar a Deus.
O Frio Deus do livro A Cabana - Negando a infalibilidade da Bíblia
ResponderExcluirOutro problema fundamental com “A Cabana” é a negação da Bíblia como sendo a absoluta e exclusiva autoridade. Observem a citação abaixo:
“No Seminário, a ele (Mack, o personagem principal) foi ensinado que Deus havia cessado completamente qualquer comunicação com os modernos, preferindo que estes sigam somente a Escritura Sagrada, devidamente interpretada, é claro. A voz de Deus ficou reduzida ao papel e até mesmo esse papel precisou ser moderado e decifrado pelas devidas autoridades e pelos intelectuais. Ninguém deseja que Deus fique dentro de uma caixa, nem dentro de um livro, especialmente dentro de uma caixa encadernada em couro com extremidades brilhantes, ou que não sejam brilhantes” (pp. 65-66).
Crer que a Bíblia é a infalível Palavra de Deus e a única autoridade de fé e prática, não significa “colocar Deus dentro de uma caixa”. Significa honrar a Deus, aceitando a Escritura pelo que ela afirma ser e tem comprovado ser. Quando um pai de família viaja e deixa uma declaração escrita de sua vontade para a família, durante sua ausência, a família que verdadeiramente o respeita, submete-se ao seu registro escrito.
O autor de “A Cabana” costuma apontar vidas transformadas como evidência da verdade do livro e da graça de Deus em favor de quem usa o livro.
O que está acontecendo é que as pessoas que não gostam do Cristianismo Bíblico, não querem se sentir culpadas dos seus pecados e rejeitam o Deus “irado” da Escritura estão respondendo entusiasticamente ao ídolo fabricado pelo homem, o qual é apresentado em “A Cabana”.
O que vem a seguir é típico do que tem sido colocado no site MySpace de Young pelos seus leitores.: “Seu livro – A Cabana – é surpreendente! Ele mudou a idéia de muita gente a respeito de quem Deus realmente parece ser. Ele tornou livres alguns amigos meus”.
Milagres não comprovam que uma coisa proceda de Deus. Existe alguém que a Bíblia chama “o deus deste século” (2 Coríntios 4:4), o qual pode operar milagres e responder orações.
“A Cabana” é mais uma pedra fundamental da Torre de Babel, nestes dias de tremenda apostasia da verdadeira fé.
Nos dias de hoje, precisamos continuar firmes na Bíblia, em doce comunhão com Cristo, confessando os nossos pecados e andando na luz (1 João 1:9,7). Precisamos ganhar a próxima geração e educá-la, a fim de que ela não se torne cativa das armadilhas do diabo e do engodo dos falsos mestres.
“The Shack´s Cold God” – David Cloud, 03/03/2009. Traduzido por Mary Schultze
Eu acho engraçado como a religião as teologias e as DEMAIS coisas afetam o homem e limitam sua visão. Sei que Deus se revela a cada um de uma maneira, independente de qual for, Deus é soberano e sabe como interegir com cada um. Mas uma coisa é certa, Deus quer ser íntimo de cada um de nós. E sei também, se Ele quiser Ele vem e aparece sim, da mesma forma que se revelou a Mack no livro a Cabana. Só que muitas vezes somos carnais, maliciosos, e Jesus no ensinou que o reino de Deus é dos pequeninos, dos puros, dos humildes. Assim eu termino dizendo, para cada um, que devemos fechar os nossos olhos e abrir a visão espiritual e assim enxergaremos a Deus de uma forma expetacular!
ResponderExcluirDeus abençoe a cada um.