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Justificação pela Fé: Incontáveis guarda-chuvas ou uma só grande tenda?

Arcebispo William Mikler 

Sou da Flórida, nos Estados Unidos, onde chove muito. Quem mora aqui sabe que sempre deve manter um guarda-chuva no seu carro, bolsa, etc.. Vai precisar. Mas o assunto hoje não é chuva. Quero falar sobre a doutrina da justificação pela fé. 

Vou comparar o bom entendimento desta doutrina a uma imensa tenda, e o seu mal entendimento a um guarda chuva. Me acompanhe... 

A justificação pela fé é uma doutrina que precisa ser entendida não como um guarda-chuva pessoal, mas como uma tenda comunitária que pertence à toda cidadania do povo de Cristo. Isto porque, a justificação, na sua definição mais ampla, é o status normal da descendência cristã de Abraão que, por meio da fé em Cristo Jesus, é uma só família. 

São Paulo escreve em Romanos 3:22 que “a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo” [pertence] “para todos [e sobre todos] os que crêem.” Escreveu logo depois, “que o homem é justificado pela fé” (3:27). Falando da promessa (de justificação) dada a Abraão, Paulo indicou que a promessa foi dada a “toda a descendência” (4:16). Quem quer que creia em Cristo Jesus faz parte desta descendência, que é a Igreja de Cristo. A justificação, então, pertence à cidadania comum desfrutada por cada cristão.

Em Gálatas 3:8 Paulo escreveu, “Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Em ti serão benditas todas as nações.” Gálatas 3:28 diz: “E, se sois de Cristo, então sois descendentes de Abraão, e herdeiros conforme a promessa.” 

Portanto, algo que inclui e cobre todos cristãos, de todas as nações, é algo bem mais amplo do que um guarda-chuva. Trata-se, antes, de uma imensa tenda. 

Porém, muitos cristãos hoje em dia insistem em pensar a doutrina da justificação pela fé como algo menor e pessoal. Na mão do crente individualista, a justificação é percebida como seu guarda-chuva,  limitada à sua vida pessoal e ao pequeno espaço ao seu redor, e não como algo que pertença aos  incontáveis irmãos no corpo de Cristo ou à promessa divina, a qual, Deus abençoa todas as nações. 

A justificação é uma tenda gloriosa, enorme e grandíssima. Posso desfrutar de sua cobertura pessoalmente, mas na companhia de todos os meus irmãos e irmãs em Cristo.

Não estou descartando a fé pessoal. Isso é necessário. Mas estou dizendo que o status que a fé cristã dá ao indivíduo que crê — justificação — é um status desfrutado por todos os crentes. A Fé é pessoal e serve como passaporte (ou outra documentação de cidadania no reino) que permite  a entrada na “tenda” que cobre toda a família de Abraão. 

Quando reduzimos a doutrina de justificação ao tamanho de um guarda-chuva pessoal, cremos, porém mantemos divisões entre nós e outros crentes.

Acontece assim: A pessoa segura na sua mão o guarda-chuva da sua denominação (ou não-denominação) — com marca registrada — e diz, “Sou justificado pela fé. Veja o meu guarda-chuva batista! Nesta fé tenho confiança.” (E que seja o “Guarda-chuva presbiteriano, ou pentecostal, ou anglicano, ou católico, ou independente, ou luterano, ou ortodoxo, etc., etc., etc.”). Tudo isto é religião de guarda-chuva. Não é a expressão da verdadeira doutrina de justificação pela fé. 

Precisamos reexaminar a doutrina da justificação pela fé pela perspectiva do seu amplo propósito, especialmente em termos da sua aplicação à eclesiologia.

Jesus tem somente uma igreja. Ele nos chama a participar de um só corpo. Ele levantou somente uma tenda sobre o seu povo, oferece comida de uma única mesa, e pretende que todos nós vivamos na sua sombra gloriosa. Jesus confere um só status a todos os cidadãos do Seu Reino, e nos conclama a unir e trabalhar em conjunto, como irmãos que verdadeiramente somos. 

A doutrina da justificação pela fé nos chama à união, missão comum e comunhão. Mas a religião do guarda-chuva preserva e promove divisões de vários tipos na igreja do Senhor. Não resolve nada. Devemos deixar os guarda-chuvas à porta do Tabernáculo do Senhor. Debaixo desta tenda, resolveremos tudo. Somos família.



O arcebispo William Mikler da CHRISTIAN COMMUNION INTERNATIONAL é responsável pelo Apostolado para as Nações, um programa que envolve missões de evangelismo e ensino em mais de 40 nações do mundo 
É Reitor da Abadia St. Johns.  
O Bispo William Mikler  é agora colaborador do Genizah.

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  1. Imagino o quanto o Inimigo se alegra quando percebe o nível de divisão e partidarismo que há na Igreja nos dias de hoje. Somente pela graça de Cristo para vermos as barreiras cairem, e sua verdadeira Noiva começar a se preparar e clamar por Sua volta.

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  2. Quando leio as cartas de São Paulo, vejo que ele combate a principal heresia da época: a crença de que somente os judeus serão salvos, pois suas obras são obediência aos mandamentos de Deus dados a Moisés, incluindo a circuncisão e todos os outros ritos; os gentios não teriam parte na salvação. Temos que ter cuidado ao ler a bíblia, senão pegamos partes e blocos de versículos sem levar em consideração o contexto geral. Paulo é o Apóstolo dos gentios.

    Do contrário, toda a Paixão de Cristo não passou de uma futilidade sem tamanho, apenas para salvar um seleto grupo predestinado pelo Pai para a salvação, o que é um absurdo para qualquer Cristão que veio das trevas e viu a luz. O próprio Jesus em sua pregação evangélica ensinou tanto a nos esforçarmos, por mais que difícil esteja a situação, a seguir os seus mandamentos, que cumprem e dão o significado correto da Lei e dos Profetas, e que nos revelam que devemos nos esforçar para fazer parte do Reino de Deus. A fé é o primeiro passo para se abrir o caminho para a realização da vontade de Deus. Mas esse caminho não estará completo, se nós não partimos para a realização de obras, que são a realização da vontade de Deus, a obediência aos mandamentos de Cristo. No seu Sermão da Montanha, Cristo mostra que a antiga aliança é ineficaz para a salvação, pois são obras que não modificam o coração do homem. Elas não tornam puro o coração, e não podem vivificar o espírito. Somente quando nos empenhamos na Boa Obra, no cumprimento dos preceitos de Cristo, é que nossa fé é válida. Tanto Francisco de Assis quanto Edir Macedo tem fé em Jesus Cristo. A fé em Jesus não é suficiente. É necessário nos empenharmos em obedecer aos seus mandamentos, que se constituem em obras. Pela lógica calvinista, os sinais de Edir mostram que ele é um homem de Deus, pois crê em Jesus e ainda tem muita riqueza, que é um sinal da presença de Deus na sua vida.

    De nada adianta a fé sem obras. A crença da predestinação é judaicizante e contrária aos ensinamentos de Jesus Cristo. É mais uma doutrina reformada, que busca justificar o lucro, e livrar os cristãos da boa obra que Cristo pregou acerca da distribuição dos bens e da fraternidade. A ortodoxia veio muito antes de qualquer reforma, veio dos Apóstolos, veio do próprio Cristo, e tudo o que contraria a pureza do evangelho, vem do maligno.

    Romanos 9:6-7: “Porque nem todos os que descendem de Israel são verdadeiros israelitas, como nem todos os descendentes de Abraão são filhos de Abraão;”

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  3. Parabéns ao Genizah por tão nobre colaborador o Arcebispo William Mikler, e parabéns aos quase mil anglicanos que aderiram à Igreja Católica nessa Semana Santa, entre eles cinco bispos anglicanos.

    http://www.catholicherald.co.uk/news/2011/04/26/ordinariate-comes-to-life-in-holy-week/

    Anônimo Católico.

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  4. Boa Ilustração.

    Garantias para igreja de Deus, enquanto igreja de Deus e no serviço do Reino de Deus.

    Fora disso, não é sequer um guarda-chuva, é só um boné furado.

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  5. Ótimo artigo e de fundamental importância para o pleno exercício da fé em Cristo Jesus! Pena que para assuntos relevantes como esse encontramos apenas poucos comentários, observações e contribuições... já quando os "ungidos do Senhor" são "tocados" é um chororô geral. Deveríamos estar mais voltados para a reflexão e exercício da Palavra do que para os astros midiáticos "gospi" da atualidade.
    Obrigado a todos por este site que é uma benção!!
    Na Paz de Cristo!
    2gpedrosa (Goiânia)

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  6. Paz seja com todos

    Atualmente congrego na Igreja do Evangelho Quadrangular, participo de congressos com assembleianos, prego o evangelho na universidade ao lado de batistas e uma das últimas perguntas que faço a um cristão é:

    A que igreja você pertence?

    ou

    Qual igreja você frequenta?

    Isso não me importa mais no que diz respeito a confiar no sacrifício de Cristo, no seu Amor e no seu chamado a que sejamos Um com Ele e com o Pai.

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