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EU FUI AO ROCK’N RIO

Fabricio Cunha

Eu fui ao Rock’n Rio pela primeira vez na vida.

Não me pergunte por que demorei tanto… Foi a primeira coisa que veio à minha cabeça quando dei meus primeiros passos na mágica Cidade do Rock.

Lembro-me de todas as edições.

Na primeira, me lembro dos burburinhos. Minha família já era “crente” e a repercussão em minha casa era ruim. Uma concentração densa do mal.

Na segunda , eu já era adolescente. Minha mãe não me deixava assistir. Em casa, só tínhamos uma TV, na sala, que fazia divisa com o temido quarto de minha mãe. Eu acordava de madrugada, horário em que a Globo fazia aquele review do dia, enchia a fresta da porta que separava a sala do quarto com almofadas para não passar claridade da TV e assistia bem baixinho, quase que inaudivelmente.

A terceira edição eu gravei no vídeo cassete e guardei as fitas sei lá onde.

A quarta, assisti pela TV. Arrependido… Arrependidíssimo.

Na quinta, fui!!! E fui dois dias, pra tirar o atraso.


O QUE VI

Muita gente. Gente de todo lugar, com bandeiras dos estados, dos times de futebol. Gente de todas as idades e estilos.

Aquilo era mesmo uma cidade. Uma cidade bonita, organizada, limpa e cara.

Vi uma mistura de gerações como há tempos, não via. Pais com camisetas das bandas mais antigas, acompanhados dos filhos com as camisetas das bandas mais novas.

Morri de vontade de levar minhas crianças nas próximas edições.


O QUE NÃO VI

Para sua surpresa, não vi drogas, brigas, lixo fora da pista (porque quem entra lá, não sai mais), falta de educação, empurra/empurra, bagunças desproporcionais.

Não vi…

E fui dois dias.


AS BANDAS

Muitas. Muito boas.

Mas as inesquecíveis são as mesmas: Mettalica e Bon Jovi.

Mettalica, uma banda de trash metal cordialíssima no tratar e pesadíssima no som. Gosto desde minha adolescência. Fiz um trabalho no ensino médio sobre a sua história. Uma banda que começou de um anúncio de jornal, onde o baterista Lars Ulrich procurava outros jovens para montarem uma banda. Mettalica é célebre. Tem horas e horas de sucessos para se tocar direto.

Bon Jovi é uma banda que gosto há muito tempo, mas que tinha vergonha de dizer que gostava. Têm sucessos que marcaram as vidas de todos os que frequentaram os bailinhos de escola. Eu frequentei.

Prefiro o Mettalica, mas o show que mais curti foi o do Bon Jovi.

Também gostei demais do Frejat, do Ben Harper, do Nickelback.

Meu amigo Pr. Lucinho, reclamou que tinha bandas de todos os estilos, mas nenhuma gospel. Gospel não é um estilo. Gospel é um segmento de mercado bem controverso, composto por muita porcaria e alguma coisa de qualidade. Teríamos bons “representantes” do segmento para se apresentarem no Rock’nRio? Acho que sim. Tanto internacionais (P.O.D., Switchfoot…) quanto nacionais (Oficina G3, Resgate, Palavrantiga, TanLan…).

Mas o “não convite” pode ser um reflexo do quão segmentados estamos, exatamente por sermos “segmento”. O quão longe estamos de onde deveríamos estar: no meio das gentes.


OS “CRENTE”

Na entrada:

-“Você sabe para onde foram Janis Joplin, Jimy Hendrix, Elvis Presley e John Lennon?”

- Não, não sei, por quê?

- Foram para o inferno. O mesmo lugar para onde você irá se passar por essas portas.

- o.O

Todo tempo é tempo de evangelizar, mas assim? Do lado de fora? Condenando ao inferno os do “lado de dentro”.

Não vi “graça” nenhuma.


EU

Realizei um sonho e arrumei um problema. Não há como não ir em todas as próximas edições;
Fiquei feliz e à vontade no meio daquela gente, da minha gente. Gente com a qual me pareço. Gente que parece comigo;

O rock é uma bela companhia para a vida, mas não é fonte de sentido e significado. Ajuda, mas não dá conta. Essa gente toda precisa de sentido. Essa minha gente precisa de significado. São tão vivos, tão bonitos, têm tanta energia. Que encontrem fonte de sentido e significado para suas vidas;

No meio de tanta gente assim, como cumprir o chamado bonito de ser sal e luz? Sendo gente, sendo cordial, inclusivo, agradável, olhando com amor, sem julgamento, sem condenação, pulando junto, cantando junto, cedendo o lugar pra quem come de pé, olhando com olhos de graça pra toda aquela gente que anda como “ovelhas que não têm pastor”;

Levei a Lua comigo. Linda Lua. Minha Lua. Não se pode estar sozinho em algo que vai virar história em sua vida. Deve ter, mais do que para quem, com quem se contar;
Mettalica me aproxima de Deus. Bon Jovi me aproxima de quem sou;

Foi muito louco!!!

Obrigado, Senhor, pelo Rock’nRio…









 
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