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EXPOCRISTÃ 2010: As impressões de um blogueiro cristão marketeiro.


Danilo Fernandes


Neste artigo eu ameacei que ia falar bem da EXPOCRISTÃ 2010. Hoje eu vou cumprir. Não por cabra machismo, pois quem me conhece sabe, que se o pau que dá em Chico também dá em Francisco, também eu não me avexo de mudar de opinião; a quem honra, honra, e dessa forma não se deve nada a ninguém.

Tem muita gente, eu inclusive, que chamou a EXPOCRISTÃ de Expomamon, risos. Principalmente em função do impacto dos primeiros anos onde o perfil dos exibidores era outro, mais voltado para a tranqueira gospel e tal. Mas o fato é que as coisas evoluem. A Expo evoluiu. Nós como universo evangélico (... eu ia falar Igreja, mas vou manter os termos mercadológicos que se aplicam melhor aqui), em nossos diversos segmentos e demandas específicas de conteúdo e suprimentos também.

Quem viveu, lembra que a Bienal do livro começou nos salões do Copacabana Palace, a idéia poderá até parecer suntuosa, mas não era não. Era a fase negra do hotel e os stands estavam mais para flea market do que para ABRAS.

A EXPOCRISTÃ, por sua vez, ainda não é a ABRAS, mas caminha para algo neste nível de organização. Tem potencial humano, mercado e competência para tal. Questão de tempo.

O povo evangélico está lendo mais, ou melhor o brasileiro está lendo mais. Mas não é só isto. Com o crescimento dos evangélicos – seja lá de que forma esteja se dando - podemos antever mais segmentos de consumidores evangélicos se tornando economicamente viáveis, de tal maneira, por exemplo, que a boa música cristã, no meu humilde conceito, encontrará lugar, muito em breve, nas grandes gravadoras entre os Zaqueus e as chuvas torrenciais .

Voltando a EXPOCRISTÃ, do ponto de vista comercial, é uma feira de negócios para quem produz conteúdo cristão (ótimo, bom, regular, “o gosto não se discute” e o péssimo conteúdo, que é aquele que nos faz mal.) e os subsídios necessários para as nossas reuniões, além de mídia, representações de missões e ministérios etc.. O que é vendido e o quanto é vendido de cada tipo de conteúdo é um reflexo de quem somos enquanto perfil deste mercado evangélico. Se você vai a Rua dos Crentes em São Paulo e encontra mais arcas da aliança, livros de auto-ajuda e shoffares do que livros como o último lançamento do Paulo Brabo, ou comentários Bíblicos como os da Vida Nova, ou ainda Bíblias como as da Geográfica; reclame com o papa, ou quem sabe com o patriarca Rene Terra Nova que parece ser a mais alta autoridade eclesiástica gospel atualmente.

Um cenário mais promissor no futuro

Mas para a nossa sorte, a Babilônia não é no Center Norte. O evento tem se mostrado um espelho com um viés positivo, um reflexo que ajuda a nossa média, pois a cada ano, a EXPOCRISTÃ fica melhor na organização e no mix de expositores participantes. Ou seja, na prática, o que se oferece está bem acima da média do que somos como organizadores e da qualidade do conteúdo que a média do nosso povo consome.

Do ano passado para cá, em termos organizacionais o salto foi monumental. Os problemas de cadastramento foram solucionados, a feira ganhou melhores opções de alimentação e serviços de segurança. Havia muita cobertura de imprensa e muita disciplina nos stands que passaram a respeitar limites de convivência.

O mix de expositores melhorou 200%. Ano retrasado tinha muita traquitanada gospel. Ano passado menos, mas ainda muita. Podia-se comprar arcas em tamanho natural em uns três lugares (uma deles do pilantrão do Akiva). Havia umas quatro lojas vendendo óleo para os mais variados tipos de unção e shoffares a dar com os chifres. Podia-se comprar um paletó igual ao Benny Hinn e até uma peruca tipo uma boina, igual ao cabelo daquele frango da sadia na unção de Toronto. Tinha tanto kipá à venda que dava para garantir o Exodo de todos os judeus do bairro de Higienópolis para Teresópolis, risos.

Se a você esta conversa de segmento de mercado, perfil de consumidor parece um tanto mercantilista ou abstrata demais, considere por outro ângulo: Se como eu, tu és um evangélico com boa formação cultural, adepto da sã doutrina, do culto racional e intelectualmente mediano, vais ter muita dificuldade de achar alguma programação cristã que preste na TV. Imagino que tenhas ânsia feroz por lançamentos editoriais de qualidade. Adorarias poder contar com espetáculos bem produzidos dos teus cantores favoritos e, como eu, percebes que a expressão artística criativa cristã de qualidade não encontra o espaço comercial que precisa para se desenvolver. Contudo, para o main stream, que hoje é formado pelos neo pentecostais e uma parte dos pentecostais não faltam opções de conteúdo e produtos. Agora, considere que o crescimento e a profissionalização deste mercado possibilitarão opções economicamente viáveis para um numero maior de segmentos. A tecnologia (WEBTV, PODCASTS, WEB, e outras mídias digitais) permitirão a produção de conteúdo para toda gente e de qualidade! Nós teremos opções de instrução, cultura e lazer cristão de qualidade, tal qual tem hoje quem gosta do xote do Comido de Bicho ou dos trinados do Valadão.

A EXPOCRISTÃ, do ponto de vista humano, reúne quem tomou a decisão de exercer sua atividade profissional como honestidade (editores, artistas, escritores, web designers, técnicos de vídeo, luz e som, vendedores, etc.) em comunhão com seus irmãos em Cristo. Há também os aproveitadores, claro, como em todos os lugares. Entre os que produzem conteúdo e os que produzem suprimentos e apoio às atividades da Igreja, a EXPOCRISTÃ é uma oportunidade de comunhão e de negócios que nos favorece como consumidores.


Jesus viraria o tabuleiro destas pessoas? Biblicamente não.

Jesus virou o tabuleiro dos vendilhões do templo, que nos dia de hoje não são os editores ou os músicos de nossas igrejas, mas aqueles que lucram com o que, como naquela época não se devia lucrar. Se as negociatas e o cambio abusivo sobre os sacrifícios do templo, eram uma gangrena exposta a luz do dia que enfureceu o Senhor, também o enfureceriam os trízimos, as sementes de mil reais e as indulgências modernas. No primeiro caso, a medida do sacrifício já havia sido dada e, hoje, o sacrifício está pago com sangue Santo, ninguém precisa semear dinheiro para colher benção. Deus não é supermercado e o Cerrullo não é o Sam Walton de Deus.

Jesus não reviraria os tabuleiros da Editora Fiel, nem os da Ichtus, ou os da Vida Nova, e tantas outras boas editoras, já quanto aos balcões da Central Gospel, eu já não arriscaria um palpite, risos.

Na verdade, biblicamente, o Senhor se assentaria com estes bons editores, como de fato o fez com os similares de sua época, ainda criança, dando uma escapadinha de casa, para conversar com os doutores da lei, os escribas, os professores, enfim: os produtores conteúdo teológico e copistas dos textos sagrados.

Jesus também não reviraria os tabuleiros dos fabricantes de púlpitos, dos artistas, dos músicos e dos fabricantes de instrumentos e gazofilácios, pois sendo seu pai carnal, provavelmente, único marceneiro de sua pequena cidade, deveria ser também o fornecedor de bancos, cadeiras e mesas para a sinagoga local.

Na verdade, aos que bem servem ao Reino, em qualquer área, o Senhor sempre deu capacidade para realizar todo tipo de obra com esmero inigualável. (Êxodo 35.30-35)


Bons Negócios

Em resumo, a EXPOCRISTÃ está, a cada ano, dando um upgrade no mix de expositores e projetando um target não apenas nas classe C e D, contumaz entre os fieis das grandes neopentecostais, mas também focando as classes A e B e, como isto, contribuíndo para formar um leitor mais maduro, um consumidor cristão mais exigente, nas classes emergentes. Uma contribuição que vai na mesma direção dos blogs apologéticos que formam novos leitores.

Meus clientes, todos com produtos voltados para o público A e B fizeram bons negócios e a traquitanada gospel perdeu espaço este ano. Ao circular nos limites da feira, onde ficavam os stands menores antes império da idolatria gospel, eu vi muitas editoras pequenas, representações de seminários e de missões nacionais e internacionais, o que me animou bastante. Claro, também tinha artigos de decoração de mau gosto (para o meu gosto) e artesanato idem, contudo, lá pelas tantas, ao ver uma peça em um estilo mais rústico que me agradou... Fui conferir de perto e logo percebi que se tratava do trabalho de uma missão que abriga mulheres grávidas e as peças eram o resultado do trabalho delas durante a gestação. Legal, não é mesmo? É sempre bom olhar as coisas com outros olhos menos, digamos, Che Guevarianos. Até porque El comandante não era cristão, risos.


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  1. Danilo,

    Só uma pergunta... Algo que tem me angustiado e corroído a minha alma....

    Cadê o vídeo do fight com o (in)Feliciano?

    rsrs

    Abraços!!

    nEle

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  2. Caro Danilo,

    Seu texto está redigido de maneira sóbria, sem extremismos e imparcial. Honestamente, mudou meu ponto de vista com relação a Expo cristã, e digo mais, equilibro realmente é a chave para a compreensão, é a base para um fé inteligente e firme.

    Concordo. Estas mesmas Cristo não viraria, diferente das antigas, que mais se focavam em bagulhadas gospel, do que na arte e literatura em si. Claro, não seria irracional ao ponto de dizer que este tipo de movimentação atrai a atenção de Deus e que também a dos homens, afinal, temos muito mais para mostrar ao mundo, do que meramente trizímos, fogueiras santas de Israel, Vales de sal, sacrifícios... Temos artistas, músicos, pintores, escritores, de qualidade e talento singular e que, merecem uma oportunidade de mostrarem aquilo para qual Cristo os reservou.

    FORA DA ORDEM
    http://fdordem.blogspot.com/

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  3. Eu estive na Expo por 4 anos seguidos e concordo com a evolução e com a sua análise. Mostra que você é um cara centrado e não um escanecedor profissional.

    Nem tudo no nosso meio está podre. Há coisa boa e temos de saber olhar e preservar o que é bom.

    Vilma Clarice Borja, SP

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  4. Olá, gostei muito das palavras deste texto. Acho muito legal iniciativas como a expo cristã. Pirncipalmente para mim tão adepto de consumir livros e discos com temáticas cristãs.

    Obvio, como em tudo na vida, vc tem que aprender a garimpar. A analizar e saber reter coisas boas.

    Enfim, legal o equilíbrio do texto!

    :-)

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  5. vou me identificar:
    Márcio Lopes -BH/MG
    Eu não tenho nada contra feiras cristãs,principalmente se for para abençoar os cristãos e não critãos!!!
    Então ,o que vai definir se se trata de Expomamon ou Expocristã, são os objetivos(intenção do coração) .Todavia quem esquadrinha os corações é Deus, mas todavia,contudo,Ele para não nos deixar totalmente desamparados,nos deu a dica: pelos frutos os conhecereis! Logo creio que a pedra de toque é fácil de se identificar: "preços convertidos"!!!(livres de usura !!!)
    Particularmente não acredito muito na intenção abençoadora das gravadoras/editoras gospeles do nosso Brasil.Esta turma está mais para Mamonitas do que para seguidores de Jesus.
    Me lembro que anos atrás(época do vinil)uma determinada igreja pentecostal vendia seus discos pela metade do preço dos discos das gravadoras evangélicas tradicionais de então;hoje infelizmente ela abandonou esta prática e bandeou para os mamonitas!
    Por quê será que as editoras "evangélicas"(???)não fabricam impressões populares de boas obras para abençoar o pobre? Impressões em brochura e em papel jornal ?????????????????????????????
    de forma a abençoar os milhões de pessoas que ganham salário mínimo ??????? e que gostariam de adquirir ,mas não podem!!!
    Por que as gravadoras não lançam CD/ DVD em preços baixos para abençoar os milhões de pobres que ganham salário mínimo?
    Pois é, a pirataria é sub-produto da usura!!!
    O Deus de misericórdoia deixou o exemplo da oferta dos pobres( duas rolinhas),todavia os "santos negociantes evangélicos" cobram um mesmo preço do rico e do pobre!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
    FICA AQUI MEU PROTESTO CONTRA OS MERCADORES DA FÉ, RAÇA DE VÍBORAS,CONFESSIONAIS OU NÃO !!!!!
    -------------ATALAIA ,o retorno ----------------

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  6. Danilo, acho muito bom, aliás, maravilhoso, o Genizah, mas essa fonte [tipo currier] que está sendo usada nos seus posts é uma droga pra ler.

    Obrigado e continuem assim! Apenas procure trocar a fonte!

    Valeu!

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  7. Danilo, só uma pergunta: o aliais foi intencional ou não?

    =o)

    "aliais, o brasileiro está lendo mais"

    e logo vc q pega no pé dos outros com português? vixe, será q revelei o segredo?

    heheheh

    abs, apz.

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  8. CONCORDO COM O ATALAIA!!!

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  9. Marcelo Ikeda Mogi das Cruzes-SP.

    Concordo plenamente com o comentário do Marcio Lopes.Com certeza existem pessoas de boa índole nesse mercado, o tempo mostrará os frutos. Mas a ganância impera, todo mundo quer ganhar em cima do nome de Jesus.

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